Há mais de cinco mil anos o sal já era usado no Egito e na China, mas com uma função diferente da que lhe cabe hoje: ao invés de temperar os alimentos, ele servia para conservá-los da deterioração (já que eles não tinham geladeira) uma vez que possui característica osmótica, ou seja, tem a capacidade de desidratar (retirar água) os alimentos e assim evita que bactérias se proliferem.
Esse método de conservação de comida permaneceu até o início do século XX, quando passou a ser utilizado como tempero.
Ironicamente, se antes ele tinha a função de zelar pela qualidade dos alimentos e, consequentemente, pela saúde dos homens, hoje ele recebe o título de vilão e integra a lista dos condimentos prejudiciais à saúde.
O motivo do rótulo não é à toa: o consumo excessivo de sal aumenta a pressão arterial.
O cardiologista Heno Lopes, do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), explica que este aumento da pressão ocorre por conta da propriedade osmótica do cloreto de sódio, principal componente do tempero, que acaba atraindo moléculas de água para si e levando a retenção de líquidos.
“Quando o sal entra no corpo, ele é absorvido pelo intestino e vai direto para o sangue. Se é consumido em grande quantidade, cai na mesma proporção nos vasos sanguíneos. Como a água do corpo é sugada pelo cloreto, o organismo, na tentativa de manter o equilíbrio e normalizar a falta de água, eleva a pressão arterial para aumentar fluxo de sangue circulando”.
Acontece que os vasos estão acostumados com um determinado volume sanguíneo circulando dentro deles. Quando o sistema sai da normalidade e passa a ser atravessado por muito sangue, os vasos acabam se contraindo para tentar diminuir o fluxo e restabelecer o estado habitual.
De acordo com a nutricionista Camila Leonel, da escola de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a constrição dos vasos de fato diminui a quantidade de sangue circulando pelo organismo, mas a pressão de bombeamento do coração continua aumentada.
“Consequentemente, o órgão não é irrigado adequadamente justamente quando está com seu trabalho intensificado, o que faz com que seu tecido fique mais espesso”.
A sequência de alterações pode levar a uma série de problemas graves: hipertensão arterial, problemas renais, arritmia e infarto.
O problema afeta também os rins.
“Como têm função de filtrar as substâncias do corpo, eles são os responsáveis por expelir o excesso de sal. Se não conseguem retirar o excedente, o cloreto acaba caindo na corrente sanguínea abundantemente”.
Os rins têm papel-chave no círculo vicioso em que o organismo entra a partir do consumo excessivo de sal.
“Por não eliminarem totalmente o excesso do sódio, eles contribuem para o aumento da pressão e simultaneamente sofre com a hipertensão, que influencia o funcionamento de todos os órgãos. Em estado normal, os rins são capazes de filtrar 1.070 litros de sangue, mas com hipertensão os rins começam a reter resíduos do organismo. Com isso, a pessoa desenvolve mais problemas nos rins, que ficam com mais dificuldade para excretar o excesso de cloreto de sódio, reiniciando todo o ciclo”.
Em geral, quando há grande desproporção entre as quantidades de água e sal no organismo, o primeiro sinal evidente é o inchaço nas pernas e nos pés. Entretanto, normalmente um descontrole dessa magnitude acontece em pessoas com predisposição genética a ter problemas renais.
Tais males não significam que o sal deva ser eliminado da dieta.
A sua ausência também tem consequências ruins.
A necessidade diária de sódio para os seres humanos é de 500mg, e a ingestão de sal é considerada saudável até o limite de 2g (aproximadamente 1/2 colher de café) por dia.
O consumo médio do brasileiro, contudo, corresponde ao dobro do recomendado.
“O sódio é um dos 22 minerais considerados essenciais na alimentação e tem papel fundamental na manutenção do equilíbrio e distribuição dos líquidos corporais (dentro e fora das células), além de contribuir para a contração muscular e transmissão dos impulsos nervosos, ritmo cardíaco, permitindo o bom funcionamento do cérebro e o controle adequado das funções vitais do organismo”.
Quando há uma queda rápida dos níveis de sódio (hiponatremia), os principais sintomas são:
diminuição da pressão
confusão mental
letargia
anorexia
convulsões
coma
náuseas
vômitos
câimbras
fraqueza
“Ainda, o sal de cozinha é para nós a principal fonte de iodo. A deficiência dessa substância no corpo pode causar deficiência mental e abortos espontâneos”.
Tipos de sal no mercado
Sal de cozinha
É o mais usado no preparo de alimentos. De acordo com as leis brasileiras, o sal de cozinha deve conter iodo para prevenir o bócio, crescimento anormal da glândula tireoide. Possui 40% de sódio e 60% de cloro. Porém, é importante não errar na mão na hora de temperar os alimentos. Pelo alto teor de sódio em sua composição, pode contribuir para o aumento da pressão arterial caso seja consumido em exagero.
Light
É um produto com teor de sódio reduzido, indicado para hipertensos. Possui 30% de sódio e 70% de cloro. Cuidado: como seu sabor é mais suave, deve-se ficar atento para não salgar muito a comida e anular o benefício de possuir menos sódio. Por conta da alta taxa de cloro, também dá sensação de ardido. É o mais recomendado pelos especialistas.
Marinho
Bastante usado na alimentação funcional, pode ser moído na hora e misturado com ervas frescas. Como não passa pelo sistema de branqueamento, como o sal de cozinha, ele permanece com aproximadamente 84 elementos, dentre eles iodo, enxofre, bromo, magnésio e cálcio, componentes importantes para o metabolismo e, também, para ativar a glândula da tireoide. Depois do sal light, é o tipo mais indicado pelos especialistas, pois é rico em minerais.
Grosso
Produto não refinado, apresentado na forma que sai da salina. Em culinária, é usado em churrascos, assados de forno e peixes curtidos. Possui 40% de sódio e 60% de cloro. Por ser em forma granulada, geralmente é consumido com mais cautela do que o sal refinado, já que pouca quantidade tempera consideravelmente. Deve ser consumido com parcimônia, pois o consumo exagerado pode levar à hipertensão.
Produtos processados campeões de sódio
Macarrão instantâneo com tempero
2721 mg de sódio em 85g
Macarrão instantâneo sem tempero
1198 mg de sódio em 80g
Frango empanado
759 mg de sódio em 130g
Hambúrguer bovino
567 mg de sódio em 80g
Salsicha
551 mg de sódio em 50g
Hambúrguer de frango
525 mg de sódio em 80g
Biscoito de polvilho
270 mg de sódio em 30g
Biscoito cream cracker
230 mg de sódio em 30g
Salgadinho de milho
176,9 mg de sódio em 25g
Requeijão
165 mg de sódio em 30g
Fiquem de olho no que vocês comem para que a manutenção do organismo de vocês seja feita corretamente! Nada de excessos!!
Nunca deixe, por conta própria, de ingerir determinado alimento, consulte sempre uma nutricionista para passar uma dieta equilibrada e condizente com as suas atividades físicas.
Até a próxima!!