Quem apenas se atém aos tempos dos dois primeiros dias de treinos da F1, em Jerez de la Frontera, na Espanha, imagina que o modelo SF15T da Ferrari é um supercarro e a Mercedes, que dominou a temporada passada, ficou para trás. Afinal, nesta segunda-feira o novo piloto da equipe italiana, Sebastian Vettel, a exemplo de ontem, estabeleceu o melhor tempo do dia e o campeão do mundo, Lewis Hamilton, com o Mercedes W06 Hybrid, registrou apenas o quarto tempo dentre os oito pilotos que treinaram com seus novos carros. A realidade, no entanto, é outra.
E foi o próprio Vettel que procurou esclarecer, depois de deixar o cockpit do SF15T e completar importantes 89 voltas na pista da Andaluzia, de 4.428 metros de extensão, o que lhe dá 394,0 quilômetros.
- Hoje pudemos andar bem mais, o que foi importante. Estou tendo todo tipo de apoio do time, isso ajuda a me adaptar mais rapidamente. Os tempos que obtivemos não têm a representação que podem sugerir. Mas também é verdade que gostei bastante das reações do carro, não tenho dúvida de que nossa base é muito boa.
Sebastian Vettel elogiou o novo modelo da
Ferrari, mas manteve os pés no chão
(Foto: Getty Images)
- Vamos continuar nosso trabalho, agora, em Maranello. Os dados levantados aqui serão bastante úteis para tornar nosso programa de simulação mais eficiente.
A marca do alemão foi registrada com menos gasolina no tanque, pois vinha virando com tempos sempre piores quando, de repente, depois de deixar os boxes, registrou 1min20s984, à média horária de 196,8 km/h.
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Em geral isso é um indicativo de que os mecânicos reduziram o peso do monoposto retirando combustível, daí Vettel procurar reduzir o impacto de ter sido o mais veloz. Ontem, tinha feito 1min22s620, primeiro também, em condições semelhantes e pneus médios e não os macios da Pirelli, como foi informado.
Foi um início promissor da Ferrari. A opinião é do próprio Vettel.
- Se observarmos como eu comecei a minha preparação, aqui mesmo, no ano passado, e vermos o que já fizemos hoje, em outro time, verdade, diria que estamos bem.
Na RBR, em 2014, Vettel e seu companheiro, Daniel Ricciardo, simplesmente não conseguiram treinar, por causa das imensas dificuldades da Renault com a sua unidade motriz, a exemplo das enfrentadas pela McLaren-Honda este ano.
O comportamento do SF15T visto de dentro da pista, atrás dos guardrails, como é comum nesses testes iniciais de desenvolvimento dos carros, comprova que o novo carro da Ferrari se não é um modelo ultraeficiente, como o da Mercedes, ao menos não apresenta problemas crônicos que exigiriam rever o projeto.
Em 2014, ficou logo claro para os engenheiros italianos que o conjunto turbina-compressor da unidade motriz era uma das responsáveis pela falta de potência se comparada às respostas da unidade da Mercedes. No SF15T, a primeira impressão dos técnicos e de Vettel é de que sua margem de desenvolvimento é grande.
Kimi Raikkonen (centro), não esteve presente
nos primeiros dias de testes em Jerez (Foto:
Divulgação)
E a coisa é ainda mais estranha quando sabemos que o novo diretor geral da Ferrari, Maurizio Arrivabene, um estreante na gestão do time, e na F1 fora a área comercial, também não viajou para Jerez de la Frontera, no primeiro exercício prático de seu grupo, no que seria, para os praticantes da lógica, uma oportunidade de aprendizado para ele, como novo líder do projeto, e para os integrantes conhecerem melhor sua filosofia administrativa no campo de provas.
Um piloto de F1, no caso Raikkonen, tem um contrato estimado de 18 milhões de euros por ano, ou R$ 55 milhões, e não representaria exigir um sacrifício acompanhar os trabalhos de dois dias do grupo, enquanto aguarda sua vez de pilotar, até porque o conhecimento adquirido seria de extrema validade para si e a equipe. Como se vê, a nova gestão da Ferrari, conforme o esperado por muitos, já dá sinais de viver uma realidade que não é a imposta pela F1 para obter sucesso.
FONTE:
http://glo.bo/16ba7Je