O desabafo foi postado na internet. A esgrimista Élora Pattaro postou um vídeo nas redes sociais, no qual anuncia a sua saída da seleção, que se prepara para a disputa das Olimpíadas do Rio 2016. Primeira atleta brasileira a conquistar uma medalha da modalidade em um Mundial - foi prata no sabre no campeonato cadete de 2003 - ela critica a Confederação (CBE) e fala sobre corrupção no esporte. Clique e confira o depoimento.
Na segunda-feira, o jornalista José Cruz publicou em seu blog, no UOL, que a entidade foi intimada a devolver R$ 825 mil do total de R$ 1,1m milhão ao Ministério do Esporte. O dinheiro seria destinado ao treinamento na Europa, como parte do programa de metas olímpicas. No entanto, durante dois anos, a CBE não conseguiu executar o projeto.
- Eu estou, pelo menos eu estava, na equipe que se prepara para as Olimpíadas de 2016. Não estou mais, estou saindo da equipe porque cheguei a um ponto em que me vi sem ajuda, sem patrocínio. A Confederação cortou minhas competições, acho que em grande parte porque eu me uni ao movimento de atletas de esgrima para pedir um pouco mais de transparência, porque a gente não estava entendendo como a verba estava sendo investida. E, infelizmente, eles não quiseram nos dizer como está sendo usado esse dinheiro.
Em outro trecho do depoimento de pouco mais de cinco minutos, a esgrimista de 29 anos fala sobre corrupção.
- E é muito terrível a nossa situação como atletas no Brasil. Apesar de eu estar falando essas coisas pela esgrima, não é uma coisa exclusiva da esgrima. Acontece em maior ou menor grau em todos os esportes. O atleta se vê numa posição muito humilhante na verdade, porque a corrupção chega na gente, não tem como evitar. A gente acha que são só os grande escândalos no Brasil, mas isso afeta todas as camadas. E eu estou na esgrima desde criança, o que pude observar nos últimos anos eu vi muita gente deixando se corromper. Técnicos envolvidos nisso e chega ao grande cúmulo de corromper o próprio atleta. Ele tem que abaixar a cabeça, não pode dizer as coisas e fica sempre nessa situação humilhante. Precisa ficar quieto.
Integrante da equipe olímpica nos Jogos de Atenas 2004, Élora diz que está fazendo a sua parte, que não quer ser conivente com essa situação.
- O atleta apesar de muito forte, é muito frágil. É muito fácil acabar com a carreira de um atleta da noite para o dia. A gente não tem poder, está acostumado a seguir regras, a jogar conforme as regras do jogo. É para isso que a gente foi condicionado. É revoltante que tenham pessoas explorando isso, ainda mais em contexto de Olimpíadas (...). Apesar de eu não ser uma atleta top, que iria ganhar medalha, eu não quero representar o meu país dessa forma. Amo o Brasil, mas a grande verdade é que eu tenho vergonha de competir pelo Brasil, sabendo dessas coisas. Tenho vergonha dessas pessoas que são coniventes e concordam com o que está acontecendo.
O GloboEsporte.com tentou contato com a Confederação, mas a entidade ainda não se pronunciou sobre o assunto.
FONTE:
http://glo.bo/1E48FHq
Élora Pattaro critica CBE em vídeo postado
na internet (Foto: Reprodução / Youtube)
Na segunda-feira, o jornalista José Cruz publicou em seu blog, no UOL, que a entidade foi intimada a devolver R$ 825 mil do total de R$ 1,1m milhão ao Ministério do Esporte. O dinheiro seria destinado ao treinamento na Europa, como parte do programa de metas olímpicas. No entanto, durante dois anos, a CBE não conseguiu executar o projeto.
- Eu estou, pelo menos eu estava, na equipe que se prepara para as Olimpíadas de 2016. Não estou mais, estou saindo da equipe porque cheguei a um ponto em que me vi sem ajuda, sem patrocínio. A Confederação cortou minhas competições, acho que em grande parte porque eu me uni ao movimento de atletas de esgrima para pedir um pouco mais de transparência, porque a gente não estava entendendo como a verba estava sendo investida. E, infelizmente, eles não quiseram nos dizer como está sendo usado esse dinheiro.
Em outro trecho do depoimento de pouco mais de cinco minutos, a esgrimista de 29 anos fala sobre corrupção.
- E é muito terrível a nossa situação como atletas no Brasil. Apesar de eu estar falando essas coisas pela esgrima, não é uma coisa exclusiva da esgrima. Acontece em maior ou menor grau em todos os esportes. O atleta se vê numa posição muito humilhante na verdade, porque a corrupção chega na gente, não tem como evitar. A gente acha que são só os grande escândalos no Brasil, mas isso afeta todas as camadas. E eu estou na esgrima desde criança, o que pude observar nos últimos anos eu vi muita gente deixando se corromper. Técnicos envolvidos nisso e chega ao grande cúmulo de corromper o próprio atleta. Ele tem que abaixar a cabeça, não pode dizer as coisas e fica sempre nessa situação humilhante. Precisa ficar quieto.
Integrante da equipe olímpica nos Jogos de Atenas 2004, Élora diz que está fazendo a sua parte, que não quer ser conivente com essa situação.
- O atleta apesar de muito forte, é muito frágil. É muito fácil acabar com a carreira de um atleta da noite para o dia. A gente não tem poder, está acostumado a seguir regras, a jogar conforme as regras do jogo. É para isso que a gente foi condicionado. É revoltante que tenham pessoas explorando isso, ainda mais em contexto de Olimpíadas (...). Apesar de eu não ser uma atleta top, que iria ganhar medalha, eu não quero representar o meu país dessa forma. Amo o Brasil, mas a grande verdade é que eu tenho vergonha de competir pelo Brasil, sabendo dessas coisas. Tenho vergonha dessas pessoas que são coniventes e concordam com o que está acontecendo.
O GloboEsporte.com tentou contato com a Confederação, mas a entidade ainda não se pronunciou sobre o assunto.
FONTE:
http://glo.bo/1E48FHq