Pegue o Boca Juniors, escale Riquelme e o deixe sob o comando de um  senhor chamado Carlos Bianchi. Uma combinação quase sempre fatal na  Libertadores, principalmente contra times brasileiros. E foi assim  contra o Corinthians de Tite, com uma ajuda considerável da arbitragem  do paraguaio Carlos Amarilla. Dois pênaltis não marcados, dois gols mal  anulados e um empate em 1 a 1 eliminaram o Timão do torneio  sul-americano nesta quarta-feira, no Pacaembu. O atual campeão invicto  caiu nas oitavas de final, mas saiu aplaudido pelo bando de loucos que  reconheceu seu brio em campo - e concentrou sua raiva na arbitragem.
   Os erros foram tão claros que até o diário "Olé" reconheceu a ajuda do árbitro e estampou em seu site a manchete "Una mano Amarilla" ("Uma Mão Amarela"), num trocadilho com o nome do paraguaio. 
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 O Corinthians caiu também porque não foi o de sempre. Especialmente no  primeiro tempo. O Timão frio, calculista e mortal de 2012 deu lugar a  uma equipe nervosa, presa fácil para o futebol elegante de Riquelme,  autor do gol dos argentinos. E que golaço.
   Paulinho, o melhor guerreiro de Tite, deu mais um show de bola. Mas foi  pouco para superar o tradicional e competitivo Boca Juniors, que já  havia vencido em Buenos Aires por 1 a 0, no dia 1º de maio. Clique aqui e veja as notas dos jogadores do Corinthians.
   Como consolo, os jogadores do Timão tiveram uma demonstração de amor de  sua fiel torcida após o apito final. Reconhecendo a luta dos atletas  dentro de campo, o que saiu da arquibancada foram gritos de incentivo e  de apoio para superar a eliminação nas oitavas de final, justamente para  aquele que ano passado foi derrubado pelo Alvinegro na decisão.
   O semestre não está perdido. No próximo domingo, às 16h (de Brasília),  na Vila Belmiro, contra o Santos, o Corinthians pode ser campeão  paulista. Na primeira partida da decisão, venceu por 2 a 1. Com isso,  levanta a taça com um empate. O Peixe precisa de dois gols de diferença  para tirar o título do rival. Ou então por um gol para levar a decisão  para os pênaltis.
   Já o Boca, mal no Campeonato Argentino, prepara-se agora para encarar o Newell’s Old Boys nas quartas de final. O time de Rosário eliminou o Vélez Sarsfield. 
 
Pato passa pelo goleiro e na hora do chute fura de forma bisonha (Foto: Marcos Ribolli) 
À la Riquelme
   Emerson recebe. Emerson toca. Emerson avança. Emerson dribla. O  criativo Corinthians foi monotemático nos primeiros minutos do duelo com  o Boca Juniors. Apostou no jogador que no ano passado fez os dois gols  do título contra o mesmo time argentino. Mas a história desta vez  desenhava-se diferente.
   Por vários motivos. Primeiro porque a experiência do Timão deu lugar ao  nervosismo. Depois, porque o árbitro Carlos Amarilla errou duas vezes  contra o Corinthians logo no início do jogo - não marcou pênalti após  toque de mão de Marín e se equivou ao marcar impedimento de Romarinho,  que fez o gol aos 23. Por fim, porque o Boca foi Boca. 
 
Guerrero para no goleiro Orion (Foto:Marcos Ribolli) 
Mais do que isso, Riquelme foi Riquelme. Fora da primeira partida por  conta de uma lesão muscular, o meia se recuperou em tempo de mostrar que  ainda sabe muito de futebol. É verdade que está longe de ser o mesmo do  auge, mas continua fatal. Chamou a responsabilidade e controlou a  partida com maestria.
   Se quis concluir a gol aos 24 minutos. Ou cruzar para área. Pouco  importa. Riquelme acertou belo chute e ampliou a vantagem do time  argentino. Cássio, adiantado, não alcançou. Lance cruel com o  Corinthians, que na jogada anterior tinha comemorado um gol mal anulado  de Romarinho.
   O fato é que o Timão deixou o nervosismo pesar demais. Paulinho não  conseguia ser o elemento surpresa. Danilo não via por onde ser decisivo.  Emerson estava pilhado demais. E Romarinho, apesar daquele gol, perdeu  incrível chance por puro nervosismo. O atacante, aos 21, adiantou demais  a bola e não conseguiu finalizar. Se o Boca foi mais Boca do que nunca,  o Corinthians deixou de ser o Corinthians de 2012. 
 
Paulinho comemora o gol de empate, no início da segunda etapa (Foto: Marcos Ribolli) 
Só Paulinho não basta Para o Corinthians voltar a ser o Corinthians que encantou a  Libertadores do ano passado, alguma coisa precisava ser alterada. Tite  sabia disso. Tanto que voltou para o segundo tempo com duas alterações.  Sacou o nervoso Romarinho para a entrada de Pato, e colocou Edenílson no  lugar de Alessandro, que já tinha amarelo.
   Mais do que mudanças de peças, o Timão precisava mudar a postura.  Mudou. E empatou. Na base da pressão, assustou com Danilo no primeiro  minuto. Orión defendeu. Mas, aos cinco, o goleiro do Boca não foi  suficiente para segurar a cabeçada de Paulinho, depois de cruzamento de  Emerson Sheik: 1 a 1. 
 
Timão abusou do jogo aéreo (Foto: Marcos Ribolli) A partida que estava sob o controle do Boca na etapa inicial ganhou  contornos emocionantes com o empate corintiano. Cássio falhou duas  vezes, e em uma delas Blandí perdeu gol incrível. Depois, Paulinho fez  outro gol, mas o árbitro anulou. O árbitro marcou um impedimento  inexistente.
 Além de ter de “brigar” contra a arbitragem, o Timão tinha também de  superar a própria falta de sorte. Aos 30, um lance bizarro. Gil deu belo  toque para Guerrero. O peruano ajeitou para Pato, e... O atacante se  atrapalhou todo. Na pequena área, ele errou o chute, sem goleiro, e  depois se enrolou, mandando para fora.
 Não era para ser. A arbitragem também parecia não querer. Aos 36,  Emerson Sheik foi empurrado na área, e mais uma vez Amarilla mandou  seguir. O Corinthians bem que tentou fazer os dois gols que lhe dariam a  classificação, mas não deu certo. Para amenizar a queda precoce, só  mesmo o título do Campeonato Paulista. Ao menos por agora. 
 
Jogadores do Corinthians saúdam a Fiel após o jogo (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)