Técnico do Shakhtar detona brasucas, reclama do Flu e critica empresários
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Técnico do Shakhtar detona brasucas, reclama do Flu e critica empresários


Mircea Lucescu se mostra irritado após grupo não retornar para a Ucrânia e diz que é "muito difícil trabalhar" com brasileiros: "Profissionalismo deixa a desejar"


Por Kiev, Ucrânia


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Um dos técnicos que mais buscam a contratação de brasileiros, Mircea Lucescu, comandante do Shakhtar Donetsk, perdeu a paciência. Em uma forte entrevista para o site oficial do clube, o treinador deixou claro que ficou irritado com o comportamento de alguns atletas que não retornaram à Ucrânia após as férias e afirmou que os brasucas não têm o profissionalismo desejado para poder trabalhar na Europa.

- É muito difícil trabalhar com eles. Eu gosto muito deles e aprecio demais o futebol brasileiro. Mas o seu profissionalismo deixa a desejar. Quando se assina um contrato, ele precisam entender que esse contrato deve ser respeitado. O Shakhtar subiu para um nível que não pode ter jogadores pouco profissionais. Porque do Shakhtar se exige unicamente que melhore os resultados - afirmou Lucescu, que ainda disse não ter boas referências. - Os treinadores fazem frequentemente críticas dirigidas aos jogadores brasileiros.

 Dizem que é difícil manter mais do que dois na mesma equipe. Não é nada fácil trabalhar com eles. Eles são tão talentosos, quanto confiantes em seus instintos para tomar decisões. E acabam tomando muitas vezes decisões sem pensar. Por isso é que nós, os que convivem com eles, temos a obrigação de ajudá-los a se comportarem profissionalmente.

Mircea Lucescu na coletiva do Shakhtar Donetsk para a Liga dos Campeões (Foto: AP)
Mircea Lucescu: irritação com suposta 
falta de profissionalismo de brasileiros 
(Foto: AP)

Lucescu demonstrou estar decepcionado com a postura de Bernard, que já teria se apresentado ao clube na última temporada com um mês e meio de atraso e ainda não retornou para a Ucrânia após a Copa do Mundo.  O comandante também demonstrou mágoa com a postura de alguns clubes do Brasil, como o Fluminense. De acordo com o treinador, a equipe carioca, além de não ter relatado uma lesão na virilha de Wellington Nem antes de vendê-lo, pressiona pela liberação do jogador sem custos, o que acaba tumultuando o bom ambiente para o atleta no clube. O romeno chega a dizer que o Tricolor carioca "toma por tolo" o clube ucraniano.

É muito difícil trabalhar com eles. Eu gosto muito deles e aprecio demais o futebol brasileiro. Mas o seu profissionalismo deixa a desejar mais. Quando se assina um contrato, ele precisam entender que esse contrato deve ser respeitado
Mircea Lucescu, técnico do Shakhtar Donetsk

- Dizem que o Fluminense quer ficar com ele. Mas foi o Fluminense que nos apresentou o Nem quando ele estava tendo problemas na virilha fazia oito meses e não nos disseram nada sobre isso. E agora querem pegar ele de volta como agente livre. No ano passado nós pagamos um bom dinheiro pelo passe dele e o próprio Nem assinou um bom contrato para si. E acabou não jogando nunca, esteve sempre lesionado. Para falar a verdade, eu nem sei direito o seu nível, suas capacidades. E agora eles querem ele de volta, livre, e exercem pressão sobre o jogador para que ele fique no Fluminense. Desse jeito apenas complicam a situação para ele: a relação com a equipe técnica e os colegas de equipe. A impressão que dá é que nos tomam por tolos. Nos venderam o jogador e agora criam pressão para que, passado um ano, esse mesmo jogador regresse como agente livre! A mim não me surpreende o comportamento de alguns jogadores, quando a própria liderança do seu clube se comporta desse jeito. Enviam jogadores talentosos para a Europa sem se preocuparem com a educação de seu relacionamento profissional. Nem com as obrigações ditadas pelo contrato que eles próprios assinaram. No que diz respeito a isso eu me sinto, evidentemente, muito insatisfeito. Ainda para mais, porque amo demais os brasileiros e dou grande valor ao talento deles. No entanto, eles estão cercados por pessoas que não têm perfil elevado. Por isso eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para manter o nosso grupo. E vou tentar chegar até eles: afinal, todos estes anos que eles passaram no Shakhtar só lhes fizeram bem.

Atualmente, o Shakhtar tem no elenco 12 jogadores brasileiros: Ismaily, Fred, Marlos, Fernando, Alex Teixera, Ilsinho, Douglas Costa, Luiz Adriano, Wellington Nem, Taison, Bernard e Dentinho. Nos últimos anos, atuaram por lá Willian, Fernandinho, Jadson, Eduardo da Silva, Maicon Oliveira, Alan Patrick. Por isso, o treinador do Shakhtar diz na entrevista que "ama demais os brasileiros" e que, na verdade, o grande problema é a má influência que empresários têm sobre os atletas, sendo sua grande missão tentar ajudar os jogadores.

- E eu chamo a atenção dos agentes dos nossos brasileiros que não é correto conspirarem para levar daqui os jogadores. Eles trabalham contra os seus jogadores! Os agentes, infelizmente, pensam em primeiro lugar em seus interesses profissionais e não pensam no fato de os brasileiros não serem só atletas, mas também seres humanos. Apenas seres humanos. Ao fazerem pressão sobre os jogadores, eles afetam as suas vidas e a vida de suas famílias. Afinal de contas, não existe só o talento, mas também os critérios morais pelos quais se avaliam as pessoas - criticou.


Confira outros tópicos da entrevista:

Problemas com brasileiros ao redor da Europa
- Toda a Europa se queixa. Até mesmo o (Daniel) Alves, do Barcelona, disse certa vez que não conseguia fazer como o resto dos brasileiros, sair do clube sempre com algum conflito. "Eu respeito o meu clube, o contrato que assinei, respeito todo mundo em volta", foram as palavras dele. Muitas coisas são simplesmente inexplicáveis. Eles não têm, infelizmente, este tipo de educação: cumprir os seus contratos e executar as funções que lhes são designadas. Mas há exceções. Muito depende dos agentes. Do agente de Luiz Adriano, por exemplo, só posso dizer coisas boas. Mas tem pessoas que não têm princípios de vida e que apenas exploram os seus protegidos. Eu não estou falando apenas e especificamente dos nossos jogadores brasileiros, mas no geral, dos jogadores brasileiros que atuam na Europa. Tivemos alguns problemas com Matuzalém e com Elano. Mas nunca com Fernandinho, Jadson ou Brandão. Sim, nós gostamos muito deles, estamos junto deles, mas, do mesmo jeito que a gente cumpre os contratos assinados com eles, eles devem cumprir as condições debaixo das quais assinaram o seu nome.

Como convencer jogadores a seguir no clube
- Não esquecemos de como eles eram quando chegaram aqui. Douglas e Teixeira tinham 18 e 19 anos. Os outros – o Fernandinho e o Jadson... Onde estão eles agora, a que nível subiram. E garantiram para eles e seus familiares uma vida futura. Eu quero que eles entendam isso muito bem. 

Quero que eles não esqueçam que, além de direitos, eles têm também muitas responsabilidades. Isso é mais para os jogadores mais jovens, que são influenciáveis e que, sem conhecerem a situação, sem compreenderem muitas coisas, agem por instinto. Como treinador, eu fui colocado em uma situação difícil. Muitos dos que nos deixaram estavam praticamente apresentados a outros clubes europeus! Eles são jogadores de alto nível. Têm provavelmente um bom futuro pela frente. Mas aqueles que precisam destes jogadores devem abordar o clube civilizadamente e resolver corretamente todas as questões. A imprensa europeia escreve diariamente sobre um ou outro jogador. Eles são jovens, leem isso... Por isso gostaria que eles se sentissem em um ambiente mais calmo. Mas, pessoalmente, para mim vai ser muito difícil encontrar um consenso com os agentes que se aproveitam da situação e fazem pressão sobre os nossos jogadores.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2014/07/tecnico-do-shakhtar-detona-brasucas-reclama-do-flu-e-critica-empresarios.html



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