Esporte
Brasil na Europa: A fábrica Shakhtar, o clube apaixonado por brasileiros
Maior time da Ucrânia muda política de contratações, abre espaço para jogadores canarinhos e cresce no cenário do futebol europeu: 'Tem que jogar bonito'
Por Thiago AsmarDonetsk, Ucrânia
Foi com a Seleção de 70 o primeiro contato. Pelé, Tostão, Jairzinho, Rivelino e cia encantaram os torcedores, e os rivais também. Na época capitão da Romênia, Mircea Lucescu começou, ali, a admirar e respeitar o futebol brasileiro. Hoje treinador do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, ele procura transmitir ao seu time o estilo brasileiro de se comportar dentro de campo. Lá, é proibido jogar feio. A receita é simples: tem que ter bom futebol.
- Para jogar aqui, é muito importante jogar bonito. Se não, não pode jogar - afirmou Lucescu.O Shakhtar, hoje, é o maior time da Ucrânia e conta com um total de 11 brasileiros: Ismaily, Fernando, Fred, Bernard, Douglas Costa, Alex Teixeira, Ilsinho, Wellington Nem, Luiz Adriano, Eduardo da Silva e Taison. Todos eles têm, e tiveram, papel importante na construção da nova identidade do clube, representada pelo futebol ofensivo e vitorioso.
Clube que carimbou seu crescimento nos anos 2000, com a ajuda do multibilionário ucraniano Rinat Akhmetov, que assumiu a presidência em 1996. Nos últimos 13 anos, foram oito títulos nacionais, sendo os quatro últimos de forma consecutiva. Na Liga dos Campeões, em 2011, o time chegou às quartas de final, mas acabou eliminado pelo Barcelona.
Fernando, Bernard, Taison e Fred. Um
pouquinho de verde no azul e amarelo
da Ucrânia (Foto: Divulgação pessoal)
- Aqui você é até mal acostumado de tão boa que é a estrutura para trabalhar. Você tem uma cozinha no clube que é praticamente 24 horas, você tem as acomodações aqui do centro de treinamento, de hotel cinco estrelas, praticamente. Bar, garçom, para lá e para cá, então você se sente em casa - disse Antônio Carlos Zago, auxiliar técnico do clube.
O Shakhtar passou a ser conhecido mundialmente com histórias, muitas vezes, escritas em português. Em 2002, o primeiro brasileiro, o atacante Brandão, chegava do São Caetano. Depois dele, já foram 24. Entre eles, Fernandinho, eleito o melhor jogador estrangeiro da história do Shakhtar, e Jadson, que virou ídolo da torcida ao fazer o gol do título mais importante do clube, o da Copa da Uefa de 2009.
Todos esses momentos também foram construídos com dinheiro. Muito dinheiro. Só as quatro contratações de brasileiros em 2013 custaram aos cofres do clube R$ 177 milhões. Wellington Nem deixou o Fluminense por R$ 25 milhões, o atacante Fred saiu do internacional por R$ 43 milhões, o volante Fernando trocou o Grêmio pelo Shakhtar por R$ 32 milhões, e o meia Bernard assinou contrato após ser envolvido em negociação de 77 milhões de reais.
- (O presidente) gosta de gastar, né! Ele gosta de gastar, mas a qualidade do time ele vê que é muito boa - afirmou o atacante Taison.
Taison e Wellington Nem fazem parte do elenco
do clube ucraniano (Foto:
Reprodução / Instagram)
A chegada de tantos brasileiros nos últimos anos se deve a Lucescu, comandante da equipe desde 2004. O treinador transformou a admiração pelo futebol brasileiro, adquirida na Copa de 70, em combustível para montar uma equipe quase toda em verde e amarela.
- Eu conhecia o futebol brasileiro, o Brasil, e queria fazer um grupo de jogadores brasileiros que poderia dar espetáculo com muito talento. E eu sabia que os jogadores já confirmados de 27, 28 anos, não queriam jogar no leste europeu. Todos queriam jogar na Espanha, França... Para isso, a única possibilidade era transferir jogadores jovens - contou Lucescu.
Bernard sofre com o frio, mas procura se adaptar à nova rotina (Foto: Divulgação / Site Oficial) Em campo o entrosamento é facilitado, o que ajuda na adaptação dos novos atletas do clube. Bernard olha para um lado, vê Taison, olha para o outro, vê Luiz Adriano, o maior artilheiro estrangeiro do Shakhtar, com 93 gols. Entre os principais destaques do time, Douglas Costa, ex-Grêmio, e Alex Teixeira, ex-Vasco impulsionam o ritmo brasileiro do meio-campo para frente.
O único problema na adaptação é o frio, mas nada que alguns improvisos não deem jeito. Taison deixa o cabelo crescer para esquentar a cabeça. O uso de luvas, cachecóis e tocas (esta última, somente nos treinos) é essencial.
- Foi um pouquinho complicado no início porque que não tinha pego frio. No Brasil, tem o Sul, que é um pouquinho mais frio. Mas, em Belo Horizonte, o frio que faz é 20 graus, 15 graus. Então, chegar aqui e pegar, dentro do jogo, três graus negativos, é bastante complicado - contou Bernard.FONTE:http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2013/12/brasil-na-europa-fabrica-shakhtar-o-clube-apaixonado-por-brasileiros.html
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