Delfim Peixoto, vice-presidente
da CBF (Foto: Igor Rodrigues)
Apesar de deixar claro não ter a vontade de se tornar o presidente da entidade máxima do futebol brasileiro, o vice-presidente da região sul afirmou estar preparado para o cargo. Del Nero sofre pressão por renúncia e chegou a ser questionado sobre essa possibilidade em sabatina na Comissão de Esportes da Câmara dos Deputados, mas assegurou que não deixará o cargo. Peixoto mostrou revolta com a tentativa de mudança no modelo de sucessão da CBF:
- Eles quiseram, não sei como, naquela famosa reunião que fizeram, que não fui convidado, mudar para que os vices se reunissem e indicassem quem iria assumir, não seria mais pela idade. Está na cara que eu estava fora, lógico. Não tenho papas na língua. Nessa reunião que propositadamente não fui convidado eles montaram essa mudança de os quatro se reunirem e iriam escolher quem seria o presidente. Seria o Fernando Sarney, o Gustavo Feijó ou o Marcus Vicente. Participaram da reunião, se tramaram não sei, mas participaram. E tiveram outros colegas que também estavam no meio. Nunca imaginei, nunca pensei, nunca quis, nunca argumentei e nunca tive o desejo de ser presidente da CBF, meu compromisso é com o meu estado. Fui duas vezes o deputado mais votado de Santa Catarina – afirmou Peixoto.
Confira a íntegra da entrevista de Delfim Peixoto:
Assembleia Geral
- A assembleia ocorreu normalmente, até foi uma das assembleias, nesses anos todos, mais movimentadas, com muito questionamento. Não houve atritos, mas houve questionamento. Decidiu-se muita coisa pontuais para melhora do funcionamento da casa, modernização. Foi decidido, aprovado, vai ser adotado pelas federações também, um mandato com somente uma reeleição. Teve um problema na mudança do colégio eleitoral, que estava sendo muito falado. Não se decidiu nada, porque houveram pontos divergentes. Vai ser nomeada uma comissão para estudar essa possível mudança.
Permanência na CBF e nome de Marin na sede
- Continuo, fui eleito para isso. Eu falei claramente que não gostei da tirada do nome do Marin da sede, porque eu, na assembleia, indiquei e ela, por unanimidade aprovou. Achei que só a assembleia poderia mudar, é o maior poder. Mas a alegação é por questão de segurança. Se o Marin for absolvido coloca o nome outra vez, uma coisa com a letrinha. Se eu sou o homenageado não aceito mais botar o nome de jeito nenhum. Como advogado tenho que fazer entender aqueles que não sabem que você só pode ser chamado de criminoso, quer o crime de homicídio, estupro, corrupção, seja qual for, depois de uma sentença divulgada.
Relação com Marin
- O Marin não tem sentença, está sendo investigado. Não vou dizer que não sou amigo dele pois o conheço há 40 anos, fomos deputados, ele por São Paulo e eu por Santa Catarina, mas não é por isso que não vou ficar malhando. Na minha carreira de criminalista defendi muita gente que era chamado de criminoso e ficou provado depois que ele era inocente e absolvido, mas depois isso fica para o resto da vida, não sai. Agora, se ficar provado o Marin vou ter uma decepção, mas não é por isso que vou dizer que não fui amigo dele. Amanhã qualquer um de nós pode fazer um mal feito e vamos ter que responder.
Reeleição
- A lei não pode vir para prejudicar, não retroage para prejudicar. Dentro desse critério da legislação aprovaram que ele foi eleito no estatuto que diz que tem quatro anos. O estatuto que vem vai dizer que é um mandato e uma reeleição, então ele poderá ter um mandato e uma reeleição, a partir de 2019 quando termina o mandato. Lá no Congresso estão aprovando a mesma coisa, o governador ou prefeito que está no primeiro mandato foi eleito dentro de uma regra, e a regra do jogo não se muda depois de começar. Já está decidido lá em cima, ficou aprovado, e quem está no primeiro mandato poderá concorrer a outro mandato e uma reeleição.
Critérios de sucessão
- O mais velho é o Marin, ele está suspenso, preso na Suíça. Hoje ,na atual situação, na linha sucessória sou eu. Se ele voltar, volta a ser o primeiro na sucessão. Mas eles quiseram, não sei como, naquela famosa reunião que fizeram, que não fui convidado, foi debatido entre os outros vices, que queriam mudar para que os vices se reunissem e indicassem quem iria assumir, não seria mais pela idade. Tá na cara que eu estava fora, lógico.
"Golpe"
- Disse desde o começo que era golpe. Eu fui para cadeia com 23 anos porque lutei contra um golpe como estudante. Fui torturado, porque briguei contra um golpe. Quando o Ricardo (Teixeira) renunciou eu levantei a tese que era um golpe querer mudar. Não estava defendendo o Marin, mas o artigo do estatuto. Fomos vencedores, o Marin assumiu. Valeu ali, agora aqui não vale?
Mentores do "golpe"
- Não quero praticar injustiça, mas teve um grupo. Vou abrir o jogo. Não tenho papas na língua. Nessa reunião que propositadamente não fui convidado eles montaram essa mudança de os quatro se reunirem e iriam escolher quem seria o presidente. Seria o Sarney, o Feijó ou o Marcos. Participaram da reunião, se tramaram não sei, mas participaram. E tiveram outros colegas que também estavam no meio. Nunca imaginei, nunca pensei, nunca quis, nunca argumentei e nunca tive o desejo de ser presidente da CBF, meu compromisso é com o meu estado. Fui duas vezes o deputado mais votado de Santa Catarina.
Possibilidade de assumir presidência
- Lógico que estou preparado para ser presidente da CBF, de escola de samba, inclusive da presidência da república. Se o Lula foi presidente, porque não posso ser? O negócio foi até ontem. Sou macaco velho, sou político. Vim ontem, trabalhei, sei fazer política, tenho amigos, fechei com 17 (presidentes de federação). Tinha um grupo de quatro reunidos aqui e comunicaram que a direção de que se fosse para voto eu ganharia. Eu não, o estatuto ganharia. Resolveram não botar para não ficar feio.
FONTE:
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