Bloqueio brasileiro para o ataque paraguaio (Foto: Alexandre Arruda / CBV)
O contraste era nítido e visível até mesmo na qualidade dos uniformes e no tamanho das comissões técnicas. O abismo das realidades do vôlei brasileiro para o paraguaio é tão grande que o próprio comandante Carlos Heyn humildemente pediu ao técnico Bernardinho para tirar uma foto com ele antes da estreia das seleções no Campeonato Sul-Americano, no ginásio Alfredo Barreto, em Cabo Frio, na Região dos Lagos, como se fosse um fã.A diferença nas estaturas também mostrava o que seria o jogo. Enquanto a média do Brasil é de 1,99m, a do Paraguai é de apenas 1,88m. O jogador paraguaio mais alto é Jose Gaona, com 2,02m, único da equipe que já jogou na Europa. No Brasil, há cinco atletas com mais altura que o rival: Sidão (2,03m), Leandro Vissotto (2,12m), Mauricio Souza (2,09m), Renan Buiatti (2,12m) e Lucão (2,10m). Tudo isso fez com que o compromisso desta terça-feira parecesse um jogo-treino para a seleção canarinha, que venceu por 3 sets a 0, parciais de 25/7, 25/9 e 25/5. E um detalhe curioso é que o visitante marcou somente 21, sendo que 14 vieram de erros brasileiros. O maior pontuador paraguaio foi Jose Ortiz, com apenas três pontos marcados. Pelo Brasil, Lipe fez 12.
- Sabemos que não é uma equipe profissional. Entendemos a dificuldade. Mas é bacana ver a paixão deles pelo voleibol. Eles jogam por amor, gostam disso e tem outras profissões. Poder vir ao Brasil e jogar com uma torcida como essa, uma seleção qualificada, você vê nos olhos dos caras que estão felizes de trocar um rali legal, bolas longas. Eu acho que isso é um ensinamento para nós para vermos como é o voleibol de verdade, né? Apesar da diferença técnica, a torcida apoiou os paraguaios porque viu o esforço deles e isso é o mais bonito, isso é o mais importante - relatou o levantador Bruninho no final da partida.
Brasil não precisou suar muito a camisa contra o Paraguai (Foto: Alexandre Arruda / CBV)
A próxima partida do Brasil, que já venceu 28 das 29 edições do Sul-Americano realizadas, acontece na quarta-feira, contra a Colômbia, às 20h30m (de Brasília), no mesmo local. Já o Paraguai encara os chilenos, no mesmo dia, mas às 17h30m. Com a ausência da Venezuela, que não conseguiu voo para Cabo Frio, o torneio teve sua forma de disputa modificada. A competição não terá mais final e todos os times se enfrentam.O jogo
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O duelo começou com o Brasil marcando pontos muito fáceis, em recepções erradas do Paraguai e problemas de organização do ataque. Havia um grande espaço vazio no lado da quadra paraguaio, evidenciando uma falha de posicionamento e tática dos adversários, que são todos amadores e têm outras profissões fora do esporte. Atrapalhados, eles achavam graça dos próprios erros. E um companheiro tentava orientar o outro mostrando a forma correta após cada falha.- Sul-Americano: com apoio da torcida
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Logo no terceiro ponto da partida, em uma tentativa de saque bizarro, o capitão Roberto Bogado tomou muita distância, calculou mal o salto e pegou a bola com as pontas dos dedos. Ela foi parar um pouco depois do banco do Paraguai. O jogador, que é parecido com o jornalista Alex Escobar, do Globo Esporte, e com o número 8 visivelmente colado nas costas, ficou visivelmente constrangido, segurou a ponta dos pés e pediu para sair. O detalhe é que Bogado tem 41 anos, enquanto o mais velho do Brasil, William Arjona, tem 34.
Vôlei Comemoração do Brasil após um ponto na vitória sobre o Paraguai (Foto: Alexandre Arruda / CBV)
Grande parte dos pontos paraguaios aconteceu em erros do Brasil, como saques para fora. Em outra jogada esquisita, o camisa 13, Sergio Rojas, tentou dar um levantamento de costas, mas acabou fazendo dois toques, deixando os companheiros visivelmente irritados. Enquanto isso, o time de Bernardinho não precisou se esforçar demais para fechar o primeiro set em 25/7.Um fato curioso é que, diferente de Bruninho, os levantadores paraguaios não indicavam jogadas aos companheiros. No segundo set, entrou o camisa 7, Rodrigo Robles, de apenas 1,75m. Para mostrar o contraste, o jogador mais baixo do Brasil é William Arjona, de 1,85m. Para contornar o problema, o técnico Carlos Heyn poderia ter feito uma inversão com um atleta mais alto.
Em um determinado momento que os paraguaios conseguiram pontuar em uma jogada de ataque, até mesmo a torcida brasileira aplaudiu. A partir daí, foi assim em todas as poucas ocasiões em que o Paraguai marcava sem ser em falha do Brasil. Mas os visitantes já pareciam bastante cabisbaixos naquele momento e facilitaram ainda mais a vida do Brasil errando saques e jogadas simples. Aliás, dos nove pontos dos visitantes, cinco aconteceram em falhas brasileiras. Sidão, Lucarelli e Wallace mandaram seus saques para fora.
Com 17 a 6 no placar, a torcida no ginásio iniciou uma “ola”, puxada pelos animadores. Bernardinho resolveu tirar Lucão e dar chance a Mauricio Souza, de 25 anos. Pouco depois, os paraguaios ensaiaram um bom rali, com o camisa 10, Arturo Vasquez, único atleta da história do país vindo de fora da capital Assunção, dando uma bonita cortada. Mas os brasileiros revidaram com uma pancada que deixou o líbero Justo Saucedo no chão, praticamente sem reação.
Lipe faz recepção de um dos poucos ataques efetivos do Paraguai (Foto: Alexandre Arruda / CBV)
Até mesmo as comissões técnicas tinham diferenças gritantes. Bernardinho contava com três profissionais munidos de notebooks acompanhando estatísticas e ajudando na parte tática. O técnico Carlos Heyn tinha ao seu lado um preparador físico, Edgar Acevedo, e um assistente, Julio Bogado, fazendo anotações em seus bloquinhos. E no mesmo ritmo do primeiro, o Brasil fechou o set em 25/9.No terceiro set, a torcida brasileira, disposta a animar os rivais, chegou a gritar "Paraguai, Paraguai, Paraguai" e bater palmas. As arquibancadas vibraram com uma boa jogada de Gaona, que conseguiu dar uma cortada forte pela direita. A bola parou no bloqueio do Brasil e ia para o chão, quando o único jogador com mais de dois metros de altura do Paraguai chegou a tempo e escorou com os pés. O ginásio veio abaixo, mas o camisa 14, Jose Ortiz, desperdiçou errando uma manchete simples.
Com 11 a 3 para o Brasil no placar, o técnico Carlos Heyn colocou o visivelmente cheinho número 4, Agustin Valdez, que tentou alguns ataques pela esquerda. Mas os próprios paraguaios riam diante de suas limitações. Eles até brincavam quando erravam jogadas de mais dificuldade. Em um saque para o lado de Arturo Vazquez, o técnico Bernardinho precisou até agachar para não tomar uma bolada. E, novamente, em mais um set com ritmo de jogo-treino, o Brasil fechou em 25 a 5.
Confira a tabela completa e os resultados do Campeonato Sul-Americano:
Terça-feira, 06/08
Argentina 3 x 0 Chile
Brasil 3 x 0 Paraguai
Quarta-feira, 07/08
17h30 - Chile x Paraguai
20h30 - Brasil x Colômbia
Quinta-feira, 08/08
17h30 - Colômbia x Chile
20h30 - Argentina x Paraguai
Sexta-feira, 09/08
17h30 - Argentina x Colômbia
20h30 - Brasil x Chile
Sábado, 10/08
18h45 - Colômbia x Paraguai
21h45 - Brasil x Argentina
Observação: O torcedor que já adquiriu seu ingresso para o jogo entre Brasil e Chile previsto para esta terça-feira e se sentir prejudicado pode procurar representantes da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) ou da T4F, responsável pela venda dos ingressos, na bilheteria do ginásio de jogo, para ressarcimento.
F ONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/08/sem-suar-brasil-vence-esforcado-e-atrapalhado-paraguai-na-estreia.html