Presidente da delegação não desgruda do tereré (Foto: Gabriel Fricke)
Para eles, nada de luxo, nem fãs ou cobertura da imprensa do país, muito menos apoio financeiro. A seleção só está na competição porque a própria Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) conseguiu ajudá-los a viajar. A estrutura do ginásio cabofriense, pequeno em relação ao Maracanãzinho, por exemplo, impressionou a delegação, formada por 12 jogadores, o presidente e alguns membros da modesta comissão técnica. Entre eles, um preparador físico que é também delegado oficial. O time, inclusive, só teve 15 dias para se preparar. E, após o Sul-Americano, vai se dissolver, já que nenhum dos atletas é profissional e todos precisam trabalhar em outros empregos para viver. Nesta terça-feira, perderam para o Brasil por 3 sets a 0, parciais de 25/7, 25/9 e 25/5, em um jogo que mostrou o grande abismo entre os dois times, mas se mostraram satisfeitos de poder participar.
- Como esportistas é uma grande oportunidade estar aqui, poder jogar no Brasil, um país com uma trajetória e que é uma lenda no voleibol mundial. É uma honra estar nesse ginásio maravilhoso. Estamos em transição, como o Chile e a Colômbia, por exemplo, e acho que podemos fazer frente a eles. A nossa seleção não é fixa, permanente. Depois do torneio, vamos nos dissolver. Seria muito importante termos isso, um time fechado - contou o presidente da delegação, Mirnel Bogarín.
Quase sem apoio financeiro e badalação, Paraguai ainda sofre com falta de estrutura. Na foto do treino, um atleta utiliza a camisa da seleção espanhola de futebol (Foto: Gabriel Fricke)
- Para qualquer treinador, é muito importante dirigir contra o Brasil. Para qualquer jogador é uma alegria, é fundamental ter diante de si a melhor equipe do mundo, com o melhor treinador do mundo. É uma grande oportunidade. Pedi a foto. Tenho uma foto com ele em Cuiabá em 2011, do Sul-Americano. Na ocasião, ele me deu sua camisa e ela tem um local muito especial na minha casa – festejou o técnico Carlos Heyn, parecendo nem ligar para atuação ruim de sua equipe, que só marcou 21 pontos em todo o jogo, sendo 14 em erros do Brasil.
Fã de Bernardinho, Heyn comanda o Paraguai diante do Brasil (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
Gaona é o único que já jogou na Europa (Foto: Gabriel Fricke)
Um deles, Arturo Vazquez, defende o Villarrica Voleibol Club, e é o único atleta da história do vôlei paraguaio vindo de fora da capital Assunção. Somente o oposto Jose Luis Gaona, do Sport 27, teve a oportunidade de passar pelo voleibol europeu. Hoje, usa sua experiência para ajudar os mais novos. Ele fez apenas um ponto contra o Brasil.
- Muitos treinam pela primeira vez na seleção. Queremos mostrar nosso voleibol sofrido, mas aguerrido, de muita força. Tenho a função de guiá-los, conversar e ajudar. Precisamos de uma equipe junta - comentou o jogador de 2,02m.
O preparador físico Edgar Acevedo Giménez que, assim como o presidente da delegação, já foi jogador de vôlei, conta que praticamente não há apoio financeiro do governo do país. Agora, com a eleição de Horacio Cartes à presidência, a expectativa é de que o esporte seja mais valorizado no país e, consequentemente, o vôlei tenha possibilidades de crescer.
- O novo presidente que assume este mês deve dar mais apoio. Ele é ex-atleta e presidente do Libertad (desde 2001). Viemos com a ajuda da CBV. No governo anterior apresentaram muitas coisas, mas elas não foram adiante. Somos amadores e nunca tivemos apoio, mas temos muitos valores, muitos talentos que precisam ser mostrados - disse Edgar.
Paraguai tem 'Alex Escobar de 41 anos' e atleta cheinho que lembra Cabañas
Apesar de não contar com estrutura parecida com a da seleção brasileira, os paraguaios não ficam atrás em alegria e simpatia. Sempre munidos de uma garrafa térmica, uma bomba e uma cuia para beber o tereré - bebida característica do país, similar ao chimarrão - eles se divertiram com as comparações de seu levantador e capitão Roberto Bogado, de 41 anos, do Deportivo Colón, com o jornalista do Globo Esporte, Alex Escobar.
- É parecido, é parecido - brincou o presidente, rindo ao ver a foto de Escobar.
- Não precisa mostrar a foto não. Tem muita gente parecida comigo no Paraguai - afirmou Bogado, se divertindo ao lado do filho, que viajou para Cabo Frio com a delegação.
Logo no terceiro ponto da partida diante do time de Bernardinho, em uma tentativa de saque bizarro, o camisa 8 tomou muita distância, calculou mal o salto e pegou a bola com as pontas dos dedos. Ela foi parar um pouco depois do banco do Paraguai. Visivelmente constrangido, ele segurou a ponta dos pés, acusando uma lesão, e pediu para sair.
Jogadores do Paraguai se divertiram com comparação com jornalista (Foto: Editoria de Arte)
- Ele é uma lenda do futebol no país, um grande jogador, mas não me acho parecido não - comentou Valdez.
- É sim, está cheinho e é meio feio como o Cabañas. Mas é uma grande pessoa, assim como o Cabanãs, que é um ídolo - brincou o preparador físico Edgar.
Cheinho, Valdez lemba um pouco o conterrâneo Salvador Cabañas (Foto: Gabriel Fricke)
Terça-feira, 06/08
Argentina 3 x 0 Chile
Brasil 3 x 0 Paraguai
Quarta-feira, 07/08
17h30 - Chile x Paraguai
20h30 - Brasil x Colômbia
Quinta-feira, 08/08
17h30 - Colômbia x Chile
20h30 - Argentina x Paraguai
Sexta-feira, 09/08
17h30 - Argentina x Colômbia
20h30 - Brasil x Chile
Sábado, 10/08
18h45 - Colômbia x Paraguai
21h45 - Brasil x Argentina
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/08/com-time-de-amadores-paraguai-tem-sosias-de-cabanas-e-de-alex-escobar.html