Em 1919, a Seleção Brasileira somava apenas cinco anos de existência. E o futebol ainda era um esporte dominado pela elite, branca e carregada de preconceito racial. Mesmo assim quem comandou o Brasil rumo ao título foi um mulato.
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Fruto da união de um alemão com uma ex-escrava, Arthur Friedenreich tornou-se um dos
primeiros exemplos da linhagem mestiça que, ao longo de tantas décadas, marcou a história
vitoriosa da Seleção Brasileira.
- Ele era um tipo diferente. Mulato, cabelo crespo e os olhos azuis, que ele tirou do pai -
descreveu o radialista Luís Mendes.
Arthur Friedenreich (no centro) tenta a jogada pela Seleção Brasileira, no ano de 1919 (Foto: Reprodução)
esse cara jogar de verdade - disse Alexandre da Costa, autor de 'O Tigre do Futebol', biografia
de Friedenreich.
Era um time que despertava
paixões porque jogava um futebol refinado"
paixões porque jogava um futebol refinado"
historiador A. C. Napoleão, sobre o time de 1949
O 0 a 0 manteve-se no placar ao final do tempo regulamentar e também da primeira prorrogação. Somente no segundo período extra de 30 minutos Arthur Friedenreich fez o gol da vitória brasileira. Tão logo acabou o jogo, recebeu dos próprios uruguaios o apelido de El Tigre.
- Durou 150 minutos a final contra o Uruguai, que tinha um grande futebol, tanto que (posteriormente) foi duas vezes campeão olímpico, outras duas vezes campeão do mundo - contou Luís Mendes.
Em 1922, um título esvaziado por desistências
Em 1920, o Uruguai voltou a vencer a disputa e em 1921 a Argentina faturou o seu primeiro
Sul-Americano. O Brasil organizou novamente a competição em 1922, mas ela acabaria esvaziada por dois motivos: primeiro, a ausência nos jogos de Friendenreich, lesionado; segundo, pela desistência de uruguaios e argentinos no meio da competição.
- Uruguai e Argentina foram embora antes porque se consideraram roubados. Tanto que a
final foi contra o Paraguai - salientou Mendes.
A decisão contra os paraguaios terminou com um 3 a 0 para o Brasil, gols de Nego e Formiga
(2). Era a segunda conquista brasileira.
1949 - A consagração de Ademir Menezes
Ademir Menezes, o artilheiro da Seleção em 1949
E naquele ano o Brasil atropelou os adversários. Venceu o Equador por 9 a 1, a Bolívia por 10 a 1, a Colômbia por 5 a 0, o Peru por 7 a 1, teve goleada no Uruguai por 5 a 1... Apesar das vitórias, todos queriam ver o centroavante pernambucano Ademir Menezes, idolatrado pela torcida e que o técnico Flávio Costa, por birra, diziam, quase não usou ao longo da competição.
- E aí o Flavio Costa resolve botar o Ademir. Resultado: ele entra, faz três gols, o Brasil ganha de 7 do Paraguai e a partir desse dia ficou-se sabendo que a Seleção Brasileira sem o Ademir não era a Seleção Brasileira - contou o jornalista e escritor João Máximo.
- Jair Rosa Pinto, Ademir Menezes, Zizinho, Barbosa, Bauer... Era um time que despertava
paixões porque jogava um futebol refinado – lembrou o historiador Antônio Carlos Napoleão.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-america/noticia/2011/06/brasil-campeao-da-america-tres-primeiras-conquistas-da-selecao.html