O termômetro aponta quatro graus em Londres. As ruas do bairro de Angel, na região norte da cidade, já estão decoradas com as luzes em alusão ao Natal. Pessoas caminham apressadas sob uma fina garoa, carregando sacolas de compras. Nos restaurantes, lotação máxima, com mesas longas de colegas de trabalho confraternizando em festas de final de ano. Nos alto-falantes, Ivete Sangalo tenta levantar poeira em meio a gritos e gargalhadas. Os olhos dos frequentadores de uma churrascaria rodízio estão focados no rei do salão: um garçom que “desfila” orgulhoso portando um generoso espeto de picanha entre as mesas. De repente a porta se abre e a mistura de sons vai gradativamente reduzindo seu volume. As carnes ficam em segundo plano, quando um homem de boné, roupas de ginástica e tênis brilhantes entra. “Chegou o cara”, comenta o assador. É Lukas Podolski, campeão do mundo com a Alemanha e atacante do Arsenal. O xodó dos brasileiros durante a Copa.
A escolha do lugar foi do jogador. O restaurante é um reduto dos "Gunners". Um detalhe meramente informativo, pois não seria o clube o assunto principal. O rodízio de carnes, por sua vez, já deixava claro que a conversa seria sobre nostalgia. Uma breve volta no tempo, para junho e julho de 2014. Todos os ingredientes do estabelecimento carregavam saudade do Brasil. A música baiana, o feijão mineiro e a carne gaúcha, concediam a oportunidade perfeita para matar a saudade de alguns estados que a seleção da Alemanha visitou enquanto esteve em território brasileiro.
Podolski na praia durante a Copa: xodó dos brasileiros nas redes sociais
(Foto: Reprodução)
- Nós fomos lá para vencer a Copa do Mundo. Estávamos focados nisso, treinando para os jogos. É claro que demos atenção às pessoas de lá. Fomos a uma escola e as crianças foram muito amáveis com a gente. Em todas as cidades, todos os hotéis as pessoas eram amigáveis e queridas. Nos sentimos muito bem no Brasil - relembra.
Podolski assistiu, do banco de reservas alemão, à tragédia do Mineirão e à derrota dos comandados de Luiz Felipe Scolari por 7 a 1. O maior revés da Seleção Brasileira em 100 anos de história deve ficar marcado para sempre na memória do atacante.
- Depois do terceiro gol, percebemos que o Brasil estava irreconhecível em campo e então só administramos. Quando íamos à frente, marcávamos mais gols. É um jogo histórico. Vencemos por 7 a 1 em uma Semifinal de Copa do Mundo. Acho que isso acontece uma vez em cem anos. Foi um jogo especial para nós - comemora.
O auge da passagem da Alemanha e a melhor lembrança do atacante não poderia ser diferente. A final da Copa do Mundo contra a Argentina no Rio de Janeiro, em que os alemães venceram o time de Lionel Messi pelo placar simples na prorrogação.
- O Maracanã e a taça da Copa nas minhas mãos é uma lembrança especial. É um estádio com história e vencemos lá. Quero voltar ao Brasil. Foi uma atmosfera boa, as pessoas eram simpáticas e as cidades são legais. Espero retornar algum dia - projeta o goleador.
Podolski fez a festa da torcida do Flamengo
ao posar para fotos com a taça usando a
camisa do clube Foto: André Durão)
Idolatria em Ronaldo e #hashtagemportuguês
Miroslav Klose se tornou o maior artilheiro em Copas do Mundo justamente contra o Brasil. Apesar de ser colega de Podolski na seleção e jogar na mesma posição, a referência do jogador do Arsenal é bem mais conhecida do povo brasileiro.
- Você não precisa de uma memória sobre o Ronaldo. Ele é a memória. É um jogador mágico, um ídolo, e para mim, o melhor atacante do mundo. Às vezes ele está em Londres e saímos para comer alguma coisa. Ele é um cara legal. Quando eu era criança ele era meu ídolo. Eu o respeito muito. Ele fez muitas pessoas felizes com seus gols e a mim também. Para mim, ele é uma lenda - aponta.
Fã de Ronaldo, Podolski faz questão de exibir fotos com o ídolo (Foto: Reprodução / Instagram)
Brasil? Por enquanto só para férias
O jogador alemão é sonho de muitos torcedores brasileiros. Durante a Copa do Mundo, foi realizada até uma campanha online intitulada "Fica Podolski", que foi alterada para "Volta Podolski" após a conquista dos alemães. Quanto a concretização deste sonho, ainda há uma ponta de esperança. Pequena, é verdade.
- A televisão alemã transmite alguns jogos do Campeonato Brasileiro. Quando eu posso, eu acompanho, mas é difícil ver os jogos. Existem alguns clubes grandes. Não é uma liga ruim. É diferente da Europa. Eu acompanho alguns jogos e jogadores. Muitos deles começam no Brasil e se transferem para cá. É um país grande, com muitos jovens de qualidade. É possível encontrar em qualquer esquina um bom jogador no Brasil - atesta.
Mesmo sem saber muito sobre as equipes brasileiras, Podolski deixa o futuro, mesmo que distante, em aberto.
- Não sei o que pode acontecer no futebol. Sou um jogador do Arsenal neste momento, tenho contrato. O que irá acontecer no futuro a gente nunca sabe. Eu gosto do país, gosto das pessoas, os brasileiros são loucos por futebol e gostam dos alemães. Tenho muitos torcedores no Brasil. Por que não? No futebol, nunca sabemos o que pode acontecer.
FONTE:
http://glo.bo/1AtUqGo