O ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves pediu demissão. Mais um a cair, na esteira de Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle, conhecido popularmente como Tráfico).
Alves tem dois pedidos de abertura de inquérito em seu nome, feitos pelo procurador geral da República Rodrigo Janot. A chapa esquentou de fato com a delação de Sérgio Machado, segundo a qual ele teria recebido 1,55 milhão de reais de propina.
Janot pede, no processo, que Henrique Alves seja investigado por envolvimento no chamado “quadrilhão”.
Temer deveria ter se livrado há mais tempo de Alves. O “grande articulador”, como o interino foi vendido, só se mexeu após ele mesmo aparecer via Sérgio Machado.
Na manhã em que o terceiro ministro de sua gestão foi para o buraco — tudo em um mês —, Temer deu uma declaração nonsense. “Se tivesse cometido delito, não teria condições de presidir o país”, falou, como sempre afetando indignação.
Além do caso Chalita, Michel Temer aparece pelo menos quatro vezes na Lava Jato, na boca de mais dois delatores: Delcídio do Amaral e o lobista Júlio Camargo, aquele que confessou pagamento de propina de US$ 5 milhões para Cunha (PMDB-RJ).
É um homem acuado. Eliseu Padilha, da Casa Civil, pediu água. Segundo ele, a Lava Jato precisa “caminhar rumo a uma definição final”. Até faz sentido, mas no quadro atual de desintegração significa, mais do que uma ameaça, um grito de socorro. A água bateu na bunda.
Numa entrevista ao SBT, Temer foi peremptório: “Se houver incriminações (…), os ministros sairão. É jurisprudência firmada na minha administração.”
Se fosse coerente, ele mesmo se daria o cartão vermelho. É o que deveria ter feito antes de embarcar no golpe — e é o que provavelmente passa pela sua cabeça quando vê onde se meteu.