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Sérgio Machado pede a Teori 20 dias para fazer novas denúncias
Depois de derrubar dois ministros do governo Temer e deixar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RJ) e outros influentes políticos em apuros, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado decidiu voltar ao ataque. Num documento enviado ao ministro Teori Zavaski, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) por intermédio de seus advogados, Machado pede prazo de 20 dias para recolher informações e fazer novas denúncias. Teori homologou a delação de Machado mês passado, mas o texto permite a ampliação das denúncias.
Na petição protocolada pelos advogados Fernanda Tórtima, Juarez Tavares e Ademar Borges, Machado diz a Teori que deseja “complementar os anexos apresentados”. Segundo os advogados, uma claúsula do acordo de delação permite que o colaborador apresente novos relatos no prazo de 60 dias. Machado informou, no entanto, que precisava de 20 dias para "finalizar levantamento das informações pertinentes aos fatos complementares que serão trazidos" aos autos.
O movimento de Machado deve aumentar a tensão nos meios políticos. O ex-presidente é autor de uma das mais contundentes delações colhidas no âmbito da Lava-Jato. Em depoimentos da delação, o ex-presidente da Transpetro disse que repassou mais de R$ 100 milhões em propina para Renan, o ex-presidente José Sarney e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), entre outros influentes políticos do PMDB com quem se relacionava bem durante o período em que esteve na presidência da Transpetro, maior empresa de transporte de combustível do país.
A delação de Machado deixou numa saia justa até mesmo o presidente interino Michel Temer. Machado disse que, numa reunião na Base Aérea de Brasília em 2012, o então vice-presidente pediu a ele para intermediar uma doação ilegal de R$ 1,5 milhão para a campanha do ex-deputado Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo. Ele disse que Temer sabia que o dinheiro sairia de contratos de empresas privadas com a Transpetro, ou seja, o esquema ilegal que ele comandou durante longos anos à frente da estatal.
Machado disse ainda que cumpriu o acerto com Temer e providenciou o dinheiro. A doação partiu da Queiroz Galvão,uma das empresas investigadas desde a primeira fase da Lava-Jato. Machado disse ainda que intermediou doações para os deputados Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e para Luiz Sérgio (PT-RJ). As revelações de Machado derrubaram Romero Jucá, do Ministério do Planejamento, e Fabiano Silveira, do Ministério da Transparência. Com base na delação de Machado, o procurador-geral da República até pediu a prisão de Renan, Sarney e Jucá. Mas o pedido foi negado por Teori.