'Lamentável', avalia Márcio Chagas da Silva após julgamento sobre racismo
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'Lamentável', avalia Márcio Chagas da Silva após julgamento sobre racismo


Árbitro viu pena branda e vai abrir processo para ser ressarcido por prejuízos em seu carro. Haverá novo julgamento, ainda sem data prevista

Por Porto Alegre

Depoimento Marcelo Barisson julgamento Márcio Chagas (Foto: Paula Menezes/GloboEsporte.com)Depoimento Marcelo Barisson julgamento Márcio Chagas (Foto: Paula Menezes/GloboEsporte.com)
 
Márcio Chagas da Silva classificou como “lamentável” o resultado do julgamento sobre o caso de racismo que teve o Esportivo como denunciado. O clube de Bento Gonçalves foi condenado pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) à multa de R$ 30 mil e a perda de cinco mandos de campo.
 
Em casa, na companhia da família, o árbitro atendeu ao telefonema do GloboEsporte.com na manhã desta sexta-feira, e disse que seguirá lutando por seus direitos.

- Foi lamentável. Acredito que tínhamos uma oportunidade de servir de exemplo para a sociedade, dar uma freada nas manifestações, nessas atitudes racistas, mas é um punição que simplesmente não remete à punição alguma - avaliou.

Márcio Chagas relatou ter ouvido ofensas racistas em partida no dia 5 de março, no Estádio Montanha dos Vinhedos, em jogo entre Esportivo e Veranópolis, pelo Gauchão. Depois da partida, ele fotografou seu carro amassado e com bananas sobre ele. O árbitro diz que a depredação ocorreu no estacionamento privativo do time da casa. Como a decisão do TJD não previu ressarcimento sobre os prejuízos, ele vai entrar com processo na justiça comum.


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- Pelo visto vou ter que fazer um orçamento, pagar o conserto e aguardar. Vou falar com os advogados e montar esse processo. Vou atrás dos meus diretos como cidadão. Achei que essa punição fosse prever algo com relação ao conserto do meu carro. Foi provado que aconteceu dentro do clube.

Em razão de um compromisso em Brasília, com a presidente Dilma Rousseff, também na quinta-feira, Márcio Chagas não compareceu ao julgamento em Porto Alegre, que começou por volta das 17h30m e teve quase quatro horas de duração.

Sobre a ausência no TJD, o árbitro acredita que não foi motivo de influência na decisão. Já sobre o encontro com Dilma, que também teve a presença de Tinga, do Cruzeiro, ele entende que foi tomado um passo importante na discussão sobre o assunto.

- Eu já tinha me exposto, relatado, e relataria novamente tudo o que eu venho falando. Meus colegas serviram como testemunhas, eu fui citado, apenas. Como houve carta convidativa da presidência, prevaleveu minha ida a Brasília para que eu participasse da reunião, onde tratamos de fortalecer o combate ao racismo. Sabemos que é um processo lento, difícil, mas como pessoas públicas temos o compromisso de fazer alguma coisa.

Dilma, Tinga e Marcio Chagas Filho (Foto: Divulgação Planalto.gov.br) 
Dilma, Tinga e Marcio Chagas da Silva em 
Brasília (Foto: Divulgação Planalto.gov.br)

A decisão do TJD
Na hora de anunciar seu voto, o relator Paulo Abreu relembrou os casos de racismo contra Tinga, pela Libertadores, e Arouca, no Campeonato Paulista. Votou pela exclusão do Esportivo do campeonato, perda de seis pontos e seis mandos de campo, além de multa de R$ 35 mil.

Já Paulo Nagelstein, o primeiro dos três auditores a se pronunciarem, declarou que não acatava integralmente a pena sugerida. Sua opção foi por multa de R$ 30 mil e perda de cinco mandos de campo.

O auditor Álvaro Marcos Paganotto Filho votou junto ao relator Paulo Abreu quanto à exclusão do Esportivo do campeonato, mais multa de R$ 30 mil e perda de seis pontos.

O empate veio com o presidente da comissão Marcelo de Freitas e Castro. Ele foi favorável ao Esportivo, com pena de multa de R$ 30 mil e perda de mando de cinco jogos.

Assim, pouco depois das 21h30m, ficou definida a pena mais branda, de R$ 30 mil de multa e a perda de mando de cinco partidas. 

Procurador que fez denúncia e Esportivo vão recorrer
Após a decisão, o procurador Alberto Franco, autor da denúncia, disse que vai recorrer. No julgamento, solicitou que áudios de entrevistas de Márcio Chagas, concedidas logo após o ocorrido a rádios de Porto Alegre, fossem reproduzidos. Quando os depoimentos terminaram, Franco começou pronunciamento em que ressaltou que o tribunal precisava dar exemplo à sociedade, de que o racismo não será tolerado. Franco pediu aos integrantes da mesa, composta pelo relator e outros três auditores, a perda de nove pontos e três mandos de campo, além de multa de R$ 30 mil.

- Ele vai entrar com o recurso, vai ter um novo julgamento. Ele mesmo se sentiu ofendido com o que aconteceu - disse o árbitro, que conversou com um colega do procurador após o julgamento.
Por sua vez, o Esportivo também avisou que recorrerá da decisão. Luis Oselame disse que o clube tomará providências internas em reunião do conselho. Ele considera que a pena de cinco jogos fora do estádio é alta.

- Eu não queria ser penalizado, como vou impedir as pessoas de verbalizarem? Claro que a gente vai tomar providências. Vamos recorrer dos cinco mandos de campo, é muito. O Esportivo quer reduzir a pena porque também se sentiu vítima - destacou Oselame, acrescentando que o clube já indicou nomes de três suspeitos à polícia, que segue a investigação do caso em Bento Gonçalves.

Árbitro fotografou bananas em seu carro e anexou imagens à súmula do jogo (Foto: Márcio Chagas da Silva/Arquivo Pessoal)Árbitro fotografou bananas em seu carro e anexou imagens à súmula do jogo (Foto: Márcio Chagas da Silva/Arquivo Pessoal)
 
Relembre
O caso ocorreu no jogo entre Esportivo e Veranópolis. O árbitro Márcio Chagas da Silva relatou ter sido alvo de insultos pesados por parte de torcedores do time mandante, que estavam nas arquibancadas do Estádio Montanha dos Vinhedos, na Serra Gaúcha. Segundo ele, na entrada no gramado, durante o intervalo e após a partida, ouviu ofensas racistas. E, ao ir embora, encontrou bananas em seu carro, no estacionamento. A direção do clube diz que ajuda a polícia na investigação.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/rs/noticia/2014/03/lamentavel-avalia-marcio-chagas-da-silva-apos-julgamento-sobre-racismo.html
 



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