Jobson busca rescisão na Arábia, e advogado lamenta situação do client
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Jobson busca rescisão na Arábia, e advogado lamenta situação do client


Rodolpho Cézar, que defende o atleta no caso, classifica condições às quais seu cliente está entregue como "desumanas" e o considera "jogado" e "abandonado"


Por Rio de Janeiro


Abandonado e sob condições desumanas. Este é o estado de Jobson na Arábia Saudita, segundo o advogado do atleta, Rodolpho Cézar. Há quatro meses não recebe salários, e os dirigentes o retiraram do hotel onde morava, o que o obrigou a alugar um apartamento por conta própria. Os carros que ganhou logo no início de sua passagem pelo Al Ittihad foram apreendidos. Tiraram-lhe até mesmo o tradutor e também o passaporte.

Nesta quinta-feira, o escritório de Rodolpho, Brito & Soares, juntamente com o de Marcos Motta (Bichara & Motta), darão entrada no processo de rescisão unilateral do contrato do brasileiro, de 26 anos, com o Ittihad, para trazê-lo de volta ao país.

- O que o Al Ittihad está fazendo com o Jobson é desumano. Ele está sozinho, não tem nenhum parente nem ninguém com ele. Retiraram a moradia e não pagam alimentação. Está há quatro meses sem receber salários. O Jobson cuida da família e atende familiares na cidade dele (Conceição do Araguaia, no Pará). Ele não contava com essa atitude por parte do clube. Era unanimidade com a torcida, na rua até hoje pedem a volta dele. É desumano! 

Ele está abandonado, jogado. Alguns clubes do mundo árabe têm esse grande defeito de, quando ocorre qualquer coisa fora do entendimentos, punem o jogador dessa forma, retendo o passaporte. Na verdade, esse passaporte não era nem para estar com o clube. O passaporte tem que ficar com o atleta - protestou Rodolpho.

Jobson, ‎Al-Ittihad (Foto: Reprodução/Twitter)
Jobson chegou ao ‎Al-Ittihad em agosto 
de 2013, teve sucesso, mas a felicidade 
durou pouco (Foto: 
Reprodução/Twitter)

Jobson começou a ser preterido a partir da mudança de diretoria no Al Ittihad, ocorrida em dezembro passado. Naquela ocasião, foi sugerida uma redução salarial, algo que foi prontamente recusado. Resultado: em 2014, só disputou um jogo. De acordo com a imprensa local, acabou suspenso pelo Comitê Antidoping da Arábia Saudita sob a alegação de que teria se recusado a fazer um exame. Rodolpho Cézar cobra do clube e da federação local a apresentação de documentos referentes ao suposto pedido de exame, mas até hoje não obteve sucesso.

- Solicitamos ao Al Ittihad e à federação saudita os documentos de todo o procedimento sobre o possível exame antidoping divulgado pelo clube. Eu e Marcos Motta não temos qualquer conhecimento sobre o assunto. Cumprimos as normas da Fifa, enviando as respectivas notificações, dando ciência à Fifa. 

O que a gente quer é que o Al Ittihad cumpra o contrato. Que quitem os atrasados e paguem o contrato, porque ele tem vínculo até junho. Quando houve a mudança de diretoria, o Jobson foi afastado sem nenhuma explicação.
Em nenhum momento ele foi notificado, penalizado ou advertido.

Advogado Jobson (Foto: Fred Gomes)
Advogado de Jobson, Rodolpho enxerga 
condições desumanas no futebol árabe 
(Foto: Fred Gomes)

Ainda em relação ao drama vivido por Jobson, Rodolpho narra que seu cliente ficou totalmente desorientado quando recebeu a visita de um árabe que sequer falava inglês. Para o advogado, uma forma de forçá-lo a assinar uma proposta classificada como indecente: o brasileiro abriria mão de todos os recebimentos e teria seu passaporte entregue de volta.

- Ele me contou que enviaram uma pessoa à casa dele, e este começou a falar em árabe. O Jobson não entendeu nada, não conseguia enxergar o que tinha no crachá da pessoa. Isso é uma forma de pressioná-lo a aceitar a proposta do presidente para que abra mão de tudo. Depois de inúmeras tentativas de fazê-lo abrir mão de tudo, aí o presidente tirou todos os benefícios do Jobson. Por parte do atleta não houve qualquer descumprimento. Hoje (quinta-feira) estamos rescindindo o contrato e esperamos que devolvam o passaporte imediatamente para o jogador voltar para o seu país - insistiu.

Além da natural defesa ao ex-botafoguense, Rodolpho se vê na missão de abrir os olhos da Fifa a um problema recorrente nos países árabes.

- A reincidência já está sendo alertada à Fifa. O clube é reincidente no assunto e já adotou desse procedimento com outros atletas.


O Al Ittihad reteve o passaporte do meia Diego Souza em 2012. Marcelinho Carioca é outro que viveu esse problema, entre 2003 e 2004, quando defendeu o também saudita Al Nassr. O advogado Marcos Motta conseguiu liberá-lo.

Resolvida a pendência com o Al Ittihad, Jobson se apresenta ao Botafogo, com quem tem contrato até dezembro de 2015. Se jogará pelo Alvinegro ainda não se sabe, porém Rodolpho o vê com outra cabeça depois do drama.

- O que eu percebo é que essa experiência que o Jobson está tendo fora o engrandece muito. É tudo muito positivo nesse sentido de ele dar valor às oportunidades que ele tem recebido no futebol. O jogador tem se mostrado tranquilo, e mantenho contato com ele pelo menos cinco vezes por dia, passando tranquilidade - encerrou.



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2014/05/jobson-busca-rescisao-na-arabia-e-advogado-lamenta-vida-do-atleta-por-la.html



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