Grupo com Eike vence licitação e vai administrar o Maracanã por 35 anos
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Grupo com Eike vence licitação e vai administrar o Maracanã por 35 anos



Governo do RJ oficializa Odebrecht, IMX e AEG como gestoras do estádio depois da Copa das Confederações. Consórcio perdedor não vai recorrer

Por Felippe Costa e Marcelo Baltar Rio de Janeiro

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O consórcio formado por Odebrecht Participações e Investimentos S.A. (empresa líder, com 90%), IMX Venues e Arena S.A (de propriedade de Eike Batista, com 5%) e AEG Administração de Estádios do Brasil LTDA (também com 5%) será o responsável por administrar o Complexo do Maracanã pelos próximos 35 anos, a partir do final da Copa das Confederações (a decisão do torneio será em 30 de junho). O anúncio foi feito pelo governo do Rio de Janeiro, no Palácio Guanabara, nesta quinta-feira.

Chamado de “Consórcio Maracanã”, o grupo apresentou toda a documentação necessária para o processo de licitação e foi aprovado por unanimidade pela Comissão Especial de Licitação, superando o "Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro" - composto por Construtora OAS S.A., Stadion Amsterdam N.V. e Lagardère Unlimited. O concorrente teria cinco dias para recorrer do resultado da licitação, mas abriu mão da medida, o que gerou comemoração entre os representantes do "Consórcio Maracanã" presentes à sessão.

"O Consórcio Maracanã S.A, liderado pela Odebrecht Participações e Investimentos, que também integra as empresas IMX e AEG, confirma que será responsável pela gestão, operação e manutenção do Complexo do Maracanã pelo período de 35 anos. O Consórcio está comprometido em promover uma gestão de nível internacional e garantir a modernização do complexo para consolidá-lo como polo de entretenimento do Rio de Janeiro e do Brasil. Aguarda a homologação do resultado para se pronunciar oficialmente", diz a nota divulgada pelos vencedores.

12-Maracanã---17-de-abril-2013---Odebrecht (Foto: Divulgação)Consórcio vencedor será responsável pelo Complexo do Maracanã por 35 anos (Foto: Divulgação)

A comissão informou que o processo será encaminhado até sexta para o secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro, Régis Fichtner, para que o resultado seja homologado e publicado no Diário Oficial. Do lado de fora do Palácio Guanabara, ao contrário da primeira sessão, o clima foi de paz, com poucos pessoas reclamando da licitação do estádio, que foi reinaugurado no dia 27 de abril com um evento-teste para a Copa das Confederações. Além da faixa "O Maraca é nosso", os manifestantes usavam máscaras criticando o governador Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes e o empresário Eike Batista.

- É um momento muito importante para o Rio de Janeiro. Esse talvez seja o grande legado da Copa do Mundo para o país. Quase todos os estádios da Copa estão nesse processo de profissionalização. O Rio de Janeiro não poderia ficar para trás. O resultado foi excelente. O Maracanã será gerido por três empresas de altíssimo nível. A AEG tem mais de 80 arenas pelo mundo e é a melhor e maior administradora de estádios do mundo. Odebrecht, uma grande empresa brasileira, e a IMX, que é especializada em grandes eventos. O resultado não poderia ter sido melhor - disse Fichtner, que explicou ainda como será feita a assinatura do contrato:

- É um processo muito rápido. Assim que terminamos a homologação, teremos a assinatura do contrato. Posso dizer que até o final deste mês, antes do amistoso do Brasil contra a Inglaterra (2 de junho), o estádio já estará nas mãos do concessionário (NR: na verdade, o estádio passa a ser controlado pela Fifa a partir do dia 24 deste mês).

Audiência licitação estádio Maracanã (Foto: Felippe Costa)À esquerda, muitos membros do Consórcio Maracanã. À direita, apenas dois do rival (Foto:Felippe Costa)

'Consórcio Maracanã' teve melhores notas e proposta financeira maior

EMPRESA DONA DO LAKERS FAZ PARTE DO 'CONSÓRCIO MARACANÃ'
A empresa americana AEG, que tem sede em Los Angeles, opera mais de 100 arenas em 14 países e é dona de clubes de futebol (Los Angeles Galaxy) e de basquete (Los Angeles Lakers). A AEG ainda gerencia eventos como o Grammy e turnês mundiais de artistas como Paul McCartney, Black Eyed Peas, Bon Jovi e Rolling Stones.

No Brasil, além do Maracanã, a empresa vai ajudar a gerenciar outros três estádios: a Arena Pernambuco, também em parceria com a Odebrecht; a Nova Arena Palmeiras, junto com a W Torre; e a Arena da Baixada, do Atlético-PR.

De acordo com o edital de licitação, a proposta técnica tem 60% do valor da nota, enquanto a econômica vale 40%. No dia 16 de abril, a Comissão Especial de Licitação abriu os envelopes e apresentou os valores das propostas dos dois consórcios. A oferta do “Consórcio Maracanã” (R$ 5,5 milhões anuais, em 33 parcelas, totalizando R$ 181,5 milhões) foi R$ 26,4 milhões superior à do outro concorrente, o "Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro" (R$ 4,7 milhões por ano, também em 33 parcelas, R$ 155,1 milhões no total).

Após sair na frente na disputa, o “Consórcio Maracanã” também teve a melhor avaliação na disputa técnica. Na segunda fase do processo de licitação, o grupo recebeu 98,26 pontos, contra 94,4624 dos concorrentes. Falta agora apenas a habilitação dos documentos, que ocorre nesta quinta, para Odebrecht, IMX e AEG serem confirmadas como novas donas do palco da final da Copa do Mundo de 2014.
No edital está ainda a previsão de quanto o consórcio vencedor terá que gastar com investimento total no Complexo do Maracanã: R$ 594.162.148,71. O concessionário vencedor terá como compromisso a demolição do estádio de Atletismo Célio de Barros e do parque aquático Julio Delamare e a remodelação do Museu do Índio, que será o Museu Olímpico, localizados no complexo do Maracanã. No local, o concessionário terá que construir áreas de entretenimento, museus do futebol e olímpico e um amplo estacionamento. Além disso, terá de erguer centros esportivos de atletismo e natação nas proximidades do estádio.
- Vamos sentar com o consórcio e definir o que é possível ser concluído até a Copa do Mundo. Não teremos uma Copa com obras no Maracanã. Após a Copa das Confederações terão início as obras que serão finalizadas até a Copa - afirmou o secretário da Casa Civil.

Como os clubes de futebol foram proibidos de participar diretamente do processo de licitação, a vencedora terá de negociar com pelo menos dois deles, como manda o edital. Caso a empresa não cumpra as exigências, o governo do Rio de Janeiro pode abrir nova licitação.

Processo é marcado por confusões.

A Comissão Especial de Licitação instituída para cuidar do processo é formada por Luiz Roberto Silveira Leite (presidente) e Angela Leite (primeira-secretária), ambos da Casa Civil, e Sandra Vigné Lo Fiego, representante da unidade de PPP (parceria público-privada) da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).

Protesto privatização estádio Maracanã (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Manifestantes criticam Eduardo Paes, Eike Batista e Sergio Cabral durante sessão (Foto: André Durão)

Confusão ao longo do processo

Antes da apresentação das propostas das empresas, no início de abril, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP/RJ) ingressou com ação civil pública para suspender a licitação. O órgão alegava que diversas obras previstas no edital - como a demolição do parque aquático Júlio Delamare e do estádio de atletismo Célio de Barros - não são necessárias para a realização da Copa do Mundo, assim como os Jogos Olímpicos de 2016.

O MP/RJ também questionava a legalidade da participação da empresa IMX, de Eike, no processo de licitação, uma vez que foi ela a responsável pelo estudo de viabilidade da concessão. Segundo o órgão, todo o processo favorece a IMX, já que a empresa teve acesso a informações privilegiadas e exclusivas. A baixa rentabilidade do negócio para o governo do Rio de Janeiro é outro ponto abordado.

Vale ressaltar que os valores da concessão não vão quitar os gastos com as obras de reforma do estádio, que ultrapassam R$ 1 bilhão. Durante a Copa das Confederações deste ano, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o estádio será exclusivo dos organizadores dos eventos (Fifa e COI).

No ano passado, durante o lançamento do edital, as receitas e despesas do Maracanã foram estimadas pelo governo. Pelo estudo, o estádio vai gerar R$ 154 milhões por ano e terá um gasto de R$ 50 milhões. A previsão é de que os recursos investidos pelo concessionário sejam quitados em 12 anos. Com isso, o novo gestor teria lucro durante 23 anos do contrato, gerando R$ 2,5 bilhões.
Desde o lançamento do edital, em outubro do ano passado, todo o processo de licitação foi marcado por protestos e polêmicas. Na audiência pública para a aprovação do edital, em novembro, estudantes, índios e atletas revoltados com a demolição do Célio de Barros e do Júlio Delamare protestaram no Galpão da Cidadania, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, e impediram a realização do evento. Após quase três horas, o governo do Rio deu como encerrada a audiência, e o edital foi aprovado. Em março, após muito tumulto, foi necessário que o Batalhão de Choque da Polícia Militar entrasse em ação para desocupar o Museu do Índio.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/05/grupo-de-eike-e-habilitado-e-vence-processo-de-licitacao-do-maracana.html



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