O Cruzeiro estrearia na Taça Libertadores enfrentando dois adversários: os 3.200 metros de Huancayo e o Real Garcilaso. Dentro de campo, a Raposa abriu o placar com Bruno Rodrigo, mas acabou permitindo a virada nos 3.200 metros acima do nível do mar em Huancayo, no Peru, e viu o adversário festejar o 2 a 1, com gols de Britez e Rodriguez. Fora de campo, no entanto, um terceiro rival apareceu para manchar não apenas o triunfo da equipe anfitriã, mas principalmente o futebol. Torcedores peruanos protagonizaram cenas lamentáveis de racismo ao imitarem macaco nas arquibancadas a cada toque na bola do volante Tinga.
A derrota deixa o atual campeão brasileiro na lanterna do Grupo 5, que conta ainda com Universidad de Chile e Defensor, do Uruguai – as duas equipe fecham a primeira rodada nesta quinta-feira, no estádio Nacional de Chile, em Santiago. O Cruzeiro só volta a campo pela Libertadores no dia 25 de fevereiro, quando recebe a equipe chilena no Mineirão, às 17h30m (de Brasília). No próximo domingo, a Raposa defende a liderança do Campeonato Mineiro contra o Tombense, às 16h, fora de casa. Quarta-feira que vem, dia 19, o Real Garcilaso encara o Defensor no Centenário, em Montevidéu.
Cruzeiro domina e vira na frente Altitude e campo grande (110x70), mas com gramado irregular e molhado. A combinação fez o Cruzeiro claramente evitar correria no começo de jogo. Fez bem, mas ainda assim, logo aos três minutos, teve uma chance de gol. Egídio cruzou da esquerda, e Ricardo Goulart quase marcou de cabeça. Do outro lado, o Real Garcilaso apostava nas ligações diretas e encontrava a zaga brasileira bem posicionada. O baixinho Ramua, meia mais habilidoso do time, dava trabalho sempre que acionado.
Tinga, que entrou no segundo tempo, foi alvo de
gestos racistas da torcida peruana (Foto: AP)
O Cruzeiro conseguia chegar em bolas aéreas. Por duas vezes, Ceará levou perigo em cruzamentos, e o time celeste ensaiou o gol na jogada de escanteio pela direita. Na primeira, o Garcilaso conseguiu encaixar contra-ataque e só parou dentro da área dos visitantes. No segundo, aos 19 minutos, a jogada foi inapelável. Dagoberto cobrou da direita, Bruno Rodrigo saiu de trás da barreira azul e apareceu livre no meio da área para cabecear com precisão, no ângulo: 1 a 0. A Raposa mostrava maturidade, tocava a bola e não se expunha, mas também não pressionava o adversário.
Atrás do placar, os donos da casa até tentavam buscar o gol, mas faltava qualidade. O meia Ramua era o único mais atrevido. Tentou duas vezes de fora da área, sem muito perigo. O terceiro chute do camisa 10 peruano, esse já dentro da área, exigiu de Fábio uma boa defesa. O troco veio no finzinho, com uma conclusão na trave de Dagoberto. Sem grandes sustos, também sem muito esforço, o Cruzeiro levou a vantagem para o vestiário.
Virada peruana e atitude lamentável da torcida local O Real Garcilaso quase empatou com menos de um minuto de bola rolando na etapa final. A zaga do Cruzeiro falhou, e Ferreira saiu na cara do gol para tocar na saída de Fábio, mas Dedé salvou quase em cima da linha. Em cima, o Garcilaso chegou ao primeiro gol dando o troco na mesma moeda. Aos seis, após escanteio da esquerda, a bola foi desviada no primeiro poste e sobrou livre para Britez mandar para as redes – o zagueiro havia entrado no primeiro tempo.
I magem da desolação em noite de derrota e t
ristes manifestações de racismo (Foto: AP)
O Cruzeiro tentou sair mais para o jogo, mas sentiu o gol. Aos 16, a bola parada do time peruano fez efeito novamente. Ramua cobrou falta da esquerda, o goleiro Fábio saiu em falso, Huerta tocou para o meio da área, e a bola sobrou limpa para Rodriguez decretar a virada. Foi o suficiente para Marcelo Oliveira fazer mudanças: Tinga, Willian e Henrique foram a campo, e o Cruzeiro, em busca do empate. Mas não chegou realmente perto.
O Garcilaso, que marcava bem, recuou todo, e a Raposa, em noite pouco inspirada, só conseguiu ameaçar num chute de Lucas Silva de fora da área. E o fim de jogo teve ainda a mancha do racismo. Tinga, que entrou no segundo tempo, ouvia ruídos que remetiam a macacos toda vez que pegava na bola. Em campo, ninguém deu sinal de se incomodar com a absurda e lamentável atitude de torcedores peruanos.