Ao olharem a foto de seus primeiros anos, a dúvida aparece.
- Essa da frente sou eu, né?
- Tem certeza? Acho que não.
Monique e Michelle, quando crianças.
Quem é quem? Nem elas sabem...
(Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje, os traços nos rostos das gêmeas Monique e Michelle ainda se revelam praticamente iguais. As diferenças só ficam claras pelas camisas que vestem. A primeira, oposta do Rio de Janeiro. A segunda, ponteira do Praia Clube. Juntas em vários momentos da carreira, as duas entram em quadra em lados diferentes neste domingo, às 9h, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Cada uma ao seu estilo, tentam levar seus times ao título da Superliga. A TV Globo e o SporTV transmitem ao vivo, e o GloboEsporte.com acompanha todos os detalhes em Tempo Real.
Durante a infância, a mãe colocava uma fita no braço de uma das filhas para reconhecer cada uma. As semelhanças não se desfizeram com o tempo. Tanto que, quando jogavam juntas no Rio de Janeiro, conseguiram enganar o mais detalhista dos técnicos.
Gêmeas se enfrentam neste domingo
(Foto: João Gabriel Rodrigues)
– Eu sempre me confundia. Uma vez, precisei ir a um evento de patrocinador. Quando voltei, eles tinham organizado uma brincadeira. E trocaram tudo delas, tênis, pulseiras, brincos. Todo mundo sabia, menos eu. Elas têm formações de atletas muito parecidas. Aos poucos, cada uma foi se especializando em um fundamento. Mas são duas atletas muito eficientes – afirmou Bernardinho.
As duas, que tanto atuaram juntas, também se acostumaram a jogar contra. Por isso, também sabem cada detalhe do jogo da outra. E esperam usar isso em quadra neste domingo.
– Ela tem um ataque muito forte. Ela trabalha muito bem as bolas. Não é só na força. Quando a bola está ruim, ela trabalha e sempre coloca no buraco da quadra. Temos de estar preparadas para isso. Se eu estiver bloqueando, tenho uma facilidade um pouco maior. Espero estar num dia inspirada e fazer bastante bloqueio. Ela marca meu corredor, sabe quando vou dar do lado do dedo. Mas vou tentar ajudar minha equipe – disse Michelle.
+ Estatísticas confirmam boa fase do Praia Clube na Superliga
+ As razões do sucesso do Rio de Janeiro na história da Superliga
+ Ambição, estrutura, paciência: a evolução do Praia até a primeira final
+ As razões do sucesso do Rio de Janeiro na história da Superliga
+ Ambição, estrutura, paciência: a evolução do Praia até a primeira final
– Eu acho que ela passa muito bem. Temos de tentar tirar o saque dela. Ela tem um nível de defesa incrível. Ela passa umas bolas... E ela tem muita raça. Desde novinha, ela demonstrou isso. Já sei os segredos e vou colocar tudo em quadra. Ela sabe do meu lado também, mas vou tentar fazer alguma coisa para surpreender ela – falou Monique.
Juntas, Michelle e Monique já conquistaram título pelo Rio (Foto: Arquivo Pessoal)
Nas arquibancadas, Monique e Michelle terão o apoio dos pais. Só não sabem exatamente para onde vão olhar durante o jogo.
– Ainda precisamos ver um lugar neutro, senão eles vão ter que ficar em uma das torcidas – disse Michelle.
– É bom que eles vão comemorar todos os pontos – brincou Monique.
As duas, porém, sabem que os laços terão de ser cortados assim que pisarem em quadra. Irmãs apenas no fim, com festa apenas de um lado.
- Nós temos que esquecer que somos irmãs. Quando entramos em quadra, viramos adversárias. É isso o que eu estou pensando. Não posso lembrar dela toda hora, não. Uma coisa é certa: o título vai lá para casa. Para ela, seria especial pelo fato de ser um título inédito para o Praia, com um projeto tão bacana. Eu já joguei lá. Mas, no Rio, quero coroar essa temporada e fechar com chave de ouro. Eu quero muito esse título. E sei que ela também. Briga vai ser dura - disse Monique.
O clima competitivo entre as duas começou bem antes da ida para a final. Ao fim dos outros duelos, a provocação também fazia parte da relação.
- Eu ganho os jogos, mas toda vez que ela me bloqueia, ela sai contando para todo mundo. Então, ela é mais competitiva – revelou Monique.
O Rio de Janeiro chega à final depois de fazer a melhor campanha na classificação, com apenas uma derrota em 22 jogos. O Praia ficou em segundo, mas oscilou um pouco mais nos playoffs, precisando das três partidas para fechar as séries contra Sesi-SP, nas quartas, e contra o Minas, nas semifinais.
A equipe carioca, com 12 finais consecutivas, busca seu 11º título da Superliga. O Praia, pelo outro lado, chega à primeira decisão e tenta uma conquista inédita.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2016/04/em-lados-opostos-gemeas-esquecem-lacos-e-tentam-levar-rio-e-praia-titulo.html