Daiane deixou de ser uma promessa ao vencer o Mundial de Anhaheim, na Califórnia, em 2003. Impressionou o Brasil. E a ginástica. A ponto de o duplo twist carpado ganhar oficialmente o nome de salto Dos Santos. A Olimpíada do ano seguinte virou certeza de medalha dourada. Ao menos para os torcedores, que acabaram decepcionados ao ver a joia brasileira pisar fora do tablado logo no primeiro salto.
Daiane dos Santos está com 30 anos
(Foto: Eduarda Streb/RBS TV)
Hoje, aos 30 anos (faz 31 na segunda-feira), revendo cada detalhe daquela prova em Atenas, Daiane transborda maturidade. E espírito esportivo. Deixa a lição de que a vitória, que parecia tão próxima, tem, na verdade, muita chance de se transformar em dolorida derrota. Derrota em termos, ressalva a ex-ginasta, que celebra uma trajetória sólida no esporte.(Foto: Eduarda Streb/RBS TV)
- Muita gente perguntou, ‘por que tu não chorou’? E que adianta chorar? Gente, eu errei, sou ser humano. As pessoas já me viam como campeã olímpica por eu ser campeã mundial. Mas isso não acontece sempre - explica. - Gente, eu fui a quinta melhor do mundo. É muita coisa. Tenho o elemento mais difícil da FIG (Federação Internacional de Ginástica. É muito coisa. Eu tenho que me lembrar disso. Me orgulhar disso. Não que não ganhei a olimpíada.
Descoberta pela professora Cleusa, numa pracinha de Porto Alegre aos 12 anos, Daiane era considerada "velha" para a modalidade, uma vez que a maioria começava com seis anos. O amigo e ex-ginasta Mosiah Rodrigues conta que muita gente dizia para ela ir tentar a sorte no atletismo. Valeu a pena contrariar esses precários conselhos.
O título mundial, seu auge, abriu portas. Daiane ganhou fama do tamanho do mundo. Em seu quintal, em Porto Alegre, desfilou em carro do Corpo de Bombeiros, pompa só reservada aos sempre bajulados jogadores de futebol. Mas é recebendo o carinho de quem a viu crescer no esporte é que Daiane se desmancha em lágrimas e emoção. Ao revisitar a sua carreira, assistiu, olhos marejados, a depoimentos de seus primeiros técnicos.
- Para mim, ela será sempre medalha de ouro - avisa Mosiah, só orgulho.
Primeiro técnico no Grêmio Náutico União, Kiko promete amizade eterna:
- Me sinto meio pai. Até hoje, ela sabe que mora nos nossos corações. Nunca vou me esquecer dela.
O Brasil também não se esquecerá de Daiane dos Santos. Do que já fez no tablado. E do que pode fazer na busca de novos talentos.
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Daiane dos Santos nos Jogos de 2004, 2012 e no
pódio no Mundial de 2003 (Foto: Editoria de
Arte/Globoesporte.com)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/rs/noticia/2014/02
/dez-anos-depois-daiane-tira-peso-da-queda-em-
atenas-e-se-ve-vitoriosa.html
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