Bruninho pode estar longe de ser considerado um veterano, mas também faz tempo que deixou de ser uma das promessas da seleção brasileira de vôlei. Aos 29 anos, o levantador campeão do mundo em 2010 e dono de duas medalhas de prata nos Jogos de Pequim e Londres é um dos três pilares da renovada equipe que disputa o Sul-Americano masculino de Maceió. Ao lado do quase quarentão Serginho, de 39, e do central Lucão, o capitão brasileiro assume a responsabilidade de liderar o jovem time que encerra a primeira fase da competição na capital alagoana nesta sexta-feira, contra a Venezuela, às 18h15, no ginásio do Sesi, e afirma que muitas vezes se sente como uma espécie de psicólogo.
- É quase isso – afirmou Bruninho.
Bruninho durante jogo da seleção brasileira
contra o Chile, em Maceió (Foto:
Alexandre Arruda/CBV)
Se aquela geração tão vitoriosa na qual o levantador chegou a fazer parte se acostumou à pressão de ser sempre a favorita, a que tenta recolocar o Brasil no caminho das conquistas precisa de tempo e muito papo.
- É diferente, essa equipe jogadores como o Kadu, por exemplo, que está pela primeira vez está com a seleção adulta e outros que estão fazendo essa transição. Aquela geração na qual tive orgulho de participei um pouco, a pressão que era colocada e as brigas entre nós eram muito maiores. Nós nos xingávamos mesmo dentro de quadra e um cobrava o outro o tempo todo, com os mais jovens temos que ter mais paciência. Já basta ter um técnico que cobra bastante. Temos que tentar equilibrar essa pressão, que eu nem sei se é tão boa, e ao mesmo tentar deixá-los mais tranquilos e sem ter essa responsabilidade porque sabemos que não é fácil – explicou.
Assim como não foi a partida diante do Chile, na quinta-feira, pela segunda rodada do Sul-Americano. Apesar da vitória por 3 a 1, Bruninho reconhece que o Brasil errou demais e não entrou com a mesma postura apresentada na estreia contra a jovem equipe peruana. O levantador até reconhece os méritos do adversário, mas não exime a equipe de um relaxamento dentro de quadra pra lá de exagerado.
Bruninho recebe orientações do pai, o técnico
Bernardinho, durante jogo contra o Chile
(Foto: Alexandre Arruda/CBV)
Talvez por isso o técnico Bernardinho tenha se irritado tanto durante o jogo e deixado a quadra sem dar entrevistas. Bruninho não poupa o gênio do pai, mas admite que desta vez o treinador da seleção tinha razões de sobra para não gostar do que viu. Embora a vitória tenha vindo mesmo depois de sair atrás no placar, o levantador espera que os erros sejam corrigidos e o susto no primeiro set sirva de lição.
- Sabíamos que enfrentaríamos um adversário melhor, tanto que eles têm jogadores rodados, que já jogaram na Itália, e estão se qualificando. Mas de certa forma fomos surpreendidos. Soberba não, porque nosso time tem os pés no chão, mas não podemos de maneira alguma baixar nossa concentração em relação a qualquer adversário. Temos que mudar nossa atitude. Existiu um certo relaxamento, e isso não pode acontecer. Nem estamos em condições de entrar em quadra contra qualquer equipe e achar que vamos atropelar todo mundo pela camisa ou pelo que fizemos no passado. Tivemos um exemplo que se dermos mole vamos perder sets, ir para o tie-break ou quem sabe até perder um jogo. A Venezuela é um time mais experiente, um país que já esteve nas Olimpíadas há pouco tempo, por isso temos que ter ainda mais cuidado. Se estudamos a equipe do Chile, vamos ter que estudar ainda mais a Venezuela, senão podemos sofrer como contra o Chile.
Sabemos que temos um grupo diferente e pouco tempo para treinar, mas isso não pode servir de desculpa. Temos que mudar nossa atitude – alertou o capitão.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2015/10/psicologo-bruninho-pede-postura-diferente-do-brasil-contra-venezuela.html