O roteiro parecia à feição para uma noite de sexta-feira tranquila para  o Vasco: bom público na arquibancada, time embalado em São Januário,  chance de igualar o líder em número de pontos e, do outro lado, um  adversário, em tese, mais frágil. Na prática, porém, foi o Bragantino  que surpreendeu ao jogar como se fosse integrante do G-4 e abriu 2 a 0 -  gols de Geandro e Antônio Flávio -, esbanjando eficiência e qualidade  na marcação. Nos acréscimos, porém, veio o já inesperado empate por 2 a  2, na base da raça e da insistência - através de Lucas Crispim e Douglas  Silva, este aos 48 minutos, e dois passes do uruguaio Maxi Rodríguez -,  em uma mudança de script digna dos melhores filmes de suspense.
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Para completar o drama da história, Joel Santana, depois de tanto  gesticular e sofrer em meio à recuperação de uma cirurgia abdominal,  deixou a sala da presidência antes dos gols cruz-maltinos e, portanto,  não conseguiu comemorá-los. O técnico não comandou a equipe do banco de  reservas por recomendação média. O auxiliar Marcelo Salles ocupou seu  lugar e ajudou nas orientações. A partida marcou também a estreia do  uniforme da nova fornecedora do Vasco.
O resultado coloca o clube carioca provisoriamente em terceiro lugar na  Série B, com 48 pontos, mas pode ser ultrapassado pelo Joinville, que  pega o América-RN neste sábado. Já os paulistam desperdiçam a chance de  reabilitação e ficam em 13º lugar, com 33 pontos.
Na 28ª rodada, o Vasco visita a Portuguesa terça-feira, enquanto o  Bragantino tem o Vila Nova pela frente, em casa, em sua luta para se  afastar da zona de rebaixamento.
Inversão de papéis na Colina
   Aquela equipe ágil, vibrante e compacta das vitórias sobre Ceará e  Joinville - ambos líderes nas respectivas ocasiões - não deu as caras no  primeiro tempo. Desde o começo, o Cruz-Maltino foi surpreendido pela  marcação adiantada do adversário e foi apático na construção das  jogadas. Muitos erros de passe permitiram que o Bragantino fosse  superior e criasse as melhores chances. Até que, aos 21 minutos, Geandro  subiu mais que a defesa e cabeceou no canto esquerdo de Martín Silva  para abrir merecidamente o placar.
Douglas Silva comemora gol de empate do Vasco 
contra o Bragantino (Foto: André Mourão / 
Agência estado)
Em desvantagem, o dono da casa tentou acelerar o ritmo e foi  impulsionado pela torcida, que ignorou a chuva, compareceu em bom número  (11.560 pagantes, com 12.993 presentes e  renda de R$ 189.430,00) e  deixou para vaiar só no intervalo. Mas as dificuldades continuaram  grandes. Para piorar, Douglas sentiu lesão e pediu para sair. Montoya  entrou quase nos acréscimos, mas Joel Santana se convenceu de que teria  que mudar ainda mais para virar a partida.
Vetado do banco, Joel acompanha a partida da sala
 da presidência (Foto: Marcelo Sadio / Vasco.com.br)
Insistência premiada no fim
   Antes de a bola voltar a rolar, uma cena lamentável: o presidente do  Bragantino, Marco Chedid, não foi reconhecido e acabou expulso do  gramado com truculência. Ele chorou ao falar sobre o episódio posteriormente.
Com Lucas Crispim na vaga de Dakson, o panorama foi outro na etapa  final. Mais agressivo, o Vasco esteve perto do empate várias vezes. Mas a  bola não queria entrar. Thalles, Crispim, Edmílson - um atrás do outro -  pararam na trave, no goleiro Matheus Inácio, na má pontaria e incrível  falta de sorte. Acuados, os paulistas torciam para o tempo passar, e o  técnico PC Gusmão trocou três peças em menos de 20 minutos na intenção  de evitar a pressão.
E funcionou. O Vasco perdeu fôlego, tornou a ser a equipe dispersa do  início e não demorou para que o Bragantino repetisse a dose com muita  eficiência: Sandro cruzou da esquerda, e Antônio Flávio desviou de  carrinho: 2 a 0. Recém-operado, Joel se irritou na sala de presidência,  ficou de pé o restante do jogo, mas nada parecia ser capaz de salvar a  noite cruz-maltina. Eis que nos acréscimos, Crispim marcou pela primeira  vez como profissional, acendeu a esperança e, no apagar das luzes,  Douglas Silva se aproveitou de falha do goleiro e fez 2 a 2, de cabeça,  explodindo o caldeirão, então na bronca, de uma vez por todas. Em ambas  as jogadas, o uruguaio Maxi Rodríguez deu a assistência e também saiu  como um dos heróis da batalha que manteve a invencibilidade do novo  técnico.
Rodrigo disputa a bola com Magno Cruz, do 
Bragantino (Foto: Marcelo Sadio / Vasco.com.br)