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Entrevista: Jobson revela problemas com álcool e promete mudar
 
 
Jobson continua  com o mesmo jeito moleque. Fora da entrevista, ele brinca, ri, dá  gargalhadas. A personalidade avoada lembra até mesmo Garrincha. Mas os  tempos são outros, e craque-problema não é algo mais em alta no futebol  brasileiro. Assim como o ídolo do passado, o atacante gosta de pescar.  Desde que deixou o Bahia durante o Brasileirão - afastado por problemas  disciplinares -, Jobson passou várias tardes praticando o hobby em  Conceição do Araguaia, no Pará, onde ficou com a família. 
 
- É algo de que gosto e me acalma - garante.
 
E é justamente paz de espírito que Jobson busca em  2012. Aos 23 anos, o atacante sabe que não vai ter uma segunda chance no  Botafogo - já está para uma terceira ou até quarta... Mais uma vez, ele  fala em mudanças. Promete que vai ser uma pessoa diferente. Longe dos  exageros. Distante das polêmicas. Para isso, vem fazendo um tratamento  pago pelo clube carioca. Mas para permanecer no elenco, Jobson precisa  ficar na linha. E ele sabe disso...
 
GLOBOESPORTE.COM: O Oswaldo já falou sobre a  sua importância no time para a próxima temporada e disse que a sua  recuperação só depende de você. Também pensa dessa forma?
JOBSON: Primeiramente, só tenho a  agradecer, com toda a humildade do mundo, por receber essa ajuda.  Querendo ou não, é bom para mim, e fico muito feliz em saber que o  professor (Oswaldo de Oliveira) já conta comigo. Agradeço muito ao  Botafogo, ao presidente, ao Anderson (Barros, gerente), que estão me  ajudando muito. Não tenho nada a reclamar e também estou querendo. Todos  estão de férias, e eu fiquei aqui, cuidando de mim para ser homem de  verdade, aprender a ter compromisso com o meu trabalho, meus  companheiros e o clube. Em 2012, quero mudanças para mim, pois estou  cansado. Chega disso. Estou aqui para me recuperar.
 
Você fala em aprender a ter compromisso com o  grupo. Então, acha que falhou de alguma forma aqui, no Atlético-MG e no  Bahia com seus companheiros de clube?
Com certeza. Queira ou não, todo mundo vem treinar.  No meu caso, aqui, em 2010, ia bem dentro de campo, decidia, mas fora  tinha que lidar com os torcedores e dar uma resposta de comprometimento  com o grupo. Tenho consciência dos erros que cometi. Estou aqui para  aprender com o que já errei. Agora, já conheço bem o Botafogo e 2012 vai  ser um ano de mudanças, com mais comprometimento.
 
Chegou-se a falar em internação para o seu tratamento. Como isso está sendo conduzido?
Internação, não. Acho que a psicologia está sendo  boa. O cara que está cuidando de mim é humano. Gosto muito dele. Nesse  pouco tempo conversando com ele, melhorou muito minha autoestima. Ele  fala a realidade, coisas que têm a ver. Se todas as pessoas que me  julgaram procurassem entender como eu penso, teriam me ajudado, e eu  poderia ser diferente. Todos erram. Claro que eu já errei muito, mas  estou com outro pensamento, muito feliz, voltando para casa, recebendo  uma ajuda que nunca recebi antes. O futebol me deu essa oportunidade e,  graças a Deus, não preciso me internar. Só preciso de carinho, como  estou recebendo aqui.
 
Quando você foi pego no antidoping, sabia que  a substância poderia ser detectada no exame? Alguém já havia conversado  com você sobre isso?
Não quero mais falar sobre isso. Aconteceu em 2009 e  estamos indo agora para 2012. O que me importa são as mudanças que estão  acontecendo na minha vida.
 
Suas saídas de Atlético-MG e Bahia foram conturbadas. O que aconteceu de fato?
No Atlético-MG, todo mundo comentava que eu ganhava  duas vezes mais do que aqui no Botafogo, mas o problema é que eu não  estava feliz. Queria voltar para buscar minha felicidade. Pedi para sair  e voltar pra cá, mas não deu certo. Fui para o Bahia, comecei bem, mas a  minha cabeça ficava ansiosa com o meu julgamento. Tive uns problemas de  pagamento com a diretoria e quis fazer justiça com as próprias mãos, no  sentido de tomar uma atitude. Então, não ia treinar, comecei a fazer  coisas erradas e sei que prejudiquei a mim mesmo. Tenho consciência  disso. Quero mostrar isso ao torcedor, agradecer quem está apoiando.  Procurei um tratamento para me curar, e o Botafogo me forneceu. Estou  feliz, teve esse elogio do Oswaldo. Só tenho que fazer minha parte fora  de campo.
 
Existe a preocupação com uma recaída. Continua tendo problemas com drogas? Acha que é dependente?
Não me considero dependente. Se fosse, se eu usasse  drogas como em 2009, já teria sido banido, pois fiz muitos exames  (antidoping). Acho que está bem claro que não sou dependente.
 
Desde aquele episódio em 2009, garante que nunca mais usou drogas?
Com certeza.
 
Também se fala muito dos seus problemas com o álcool. Eles existem realmente?
O álcool é normal. Qualquer um sai do serviço e bebe.  Comigo é diferente. Eu exagerava. Agora, quero mudanças na minha vida e  vou eliminar muitas coisas para que elas aconteçam.
 
Inclusive o álcool?
Isso mesmo.
 
Entre todos os erros que cometeu, qual não repetiria?
Principalmente, os atrasos e coisas do tipo. Você  precisa ter comprometimento, pois não está sozinho lá dentro. Tem seus  companheiros, os grupos, com pessoas de caráter. A partir do momento em  que você falta ao treino, ou chega atrasado, por mais que a desculpa  seja verdade, de certa maneira, prejudica o grupo. O que falta em mim é  essa consciência, e vou trabalhar muito para melhorar. Se a sombra que  me carrega dentro de campo, carregar fora dele, eu serei um jogador  diferente.
 
Nesse tempo em que ficou parado, quem foi seu grande conselheiro?
É sempre a mãe (Maria de Lourdes), né? Quando eu  parava para pensar, sozinho, na minha casa, no meu quarto, transmitia  essa tristeza para a minha família. Ela já me esperava, sofria muito e  chorava. Fazendo essas coisas, não era apenas eu que sofria arrependido,  mas toda a minha família e as pessoas que gostam de mim.
 
O que ela falou para você?
Minha mãe é evangélica e fala sempre em Deus, de  frequentar a igreja. Sempre que ela fala comigo, chora. Eu disse para  ficar tranquila. Agora acabou essa história de doping. Antes, tinha que  ir ao CAS ainda e aquilo atrapalhava a minha cabeça. Naquele jogo contra  o Fluminense, fui bem e já comecei a chorar. Tinha que enfrentar de  novo aqueles alemães (refere-se aos juízes no tribunal na Suíça).
 
Quando estava no julgamento, temeu pelo fim da carreira?
Até que não. Saí de lá confiante pelo jeito como os  caras saíram. Sabia que queriam me dar uma punição de oito, seis meses,  mas grande não seria, pois os advogados estavam otimistas.
 
O Maurício Assumpção é seu fã e fez um  esforço enorme quando você voltou da suspensão por doping, chegando a se  emocionar numa entrevista, falando do irmão, que morreu de overdose.  Sente-se em dívida com ele?
Estou, sim. Ele já pode esperar a alegria que vou dar  a ele dentro de campo em 2012. Fora de campo, estou trabalhando, me  tratando muito para ter calma, paciência e, torno a repetir,  comprometimento com todo mundo. Estou num clube de tradição e que me dá  mais essa chance. Respeito muito o Maurício, que tem um carinho especial  por mim. Então, se estou em dívida, vou fazer o possível para quitar.
 
Está em dívida com o Maurício, a sua mãe e mais quem?
Com geral (risos).
 
Como fez para manter a forma física nesse tempo em que ficou parado? Dá para voltar rapidamente?
Foram quatro meses sem treinar. Joguei umas  peladinhas na minha cidade, corri na praia, mas não é o mesmo que  treinar. Vou ficar por conta da pré-temporada mesmo.
 
Muitos dizem que, não fossem seus problemas,  você poderia ter feito parte dessa renovação da Seleção Brasileira. Acha  que desperdiçou a chance de pelo menos fazer parte do grupo?
Desperdicei, sim. Então, assim é que a gente vai  aprendendo. Para jogar na Seleção, o futebol mudou muito. Não é mais  aquele jogador polêmico que deve ser convocado. Tem que trabalhar muito  fora de campo a imagem e fazer as coisas certinhas.
 
Qual é o seu grande sonho?
Primeiro, tenho que voltar a jogar e sentir que estou  bem. Depois disso, é ser artilheiro, jogar na Seleção Brasileira, na  Europa. Tenho muitas coisas a realizar e não está tarde. Só depende de  mim.
 
O que pode dizer para que o torcedor tenha certeza de que pode confiar em você nessa volta ao futebol?
Em 2012, "tamo junto". Vou mostrar isso procurando  não errar mais, com mudanças para voltar a ser o mesmo cara dentro de  campo e dar muitas alegrias, arrebentar de novo e jogar muito.
 
Essa é a sua última chance?
Encaro como a última porque é a última que vou agarrar, pois meu pensamento é de mudança.
Fonte: Globoesporte.comFONTE:
 http://www.fogaonet.com/noticia.asp?n=23172&t=entrevista+jobson+revela+problemas+com+alcool+e+promete+mudar  
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