Esporte
Bastidores: demissão de Baptista expõe racha e antecipa eleição no Flu
 
 
Peter Siemsen e  Mário Bittencourt têm relação tumultuada por problemas financeiros e  crise dentro de campo, que determinou a saída do treinador das  Laranjeiras
                                                     Por Edgard Maciel de Sá, Fred Huber, Hector Werlang e Richard Souza
Rio de Janeiro
OBS. DO BLOG:
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DA MATÉRIA ABAIXO)
Lados opostos: Mário Bittencourt e Peter 
Siemsen estão rompidos no Fluminense 
(Foto: Nelson Perez / Fluminense FC)
O  vice-presidente de futebol Mário Bittencourt demite o técnico Eduardo  Baptista, é retirado do cargo em seguida, o diretor executivo Fernando  Simone também acaba afastado por 30 dias e ninguém mais sabe se o  treinador de fato estava fora. A frase é longa e confusa, mas representa  bem o que foi o dia 25 de fevereiro no Fluminense. A dúvida durou de  11h34, quando o GloboEsporte.com publicou a queda de Baptista, até 18h,  momento em que o presidente Peter Siemsen enfim confirmou a demissão.  Com o racha entre os diretores do futebol e o mandatário, ocasionado por  problemas financeiros e agravado pela recente má fase dentro de campo, o clube das Laranjeiras antecipou a disputa eleitoral marcada para a segunda quinzena de novembro.
A  queda de uma só vez dos três principais nomes do futebol, definida por  Peter, é um indício do que irá ser o dia a dia tricolor até a votação.  Mesmo com a saída, Mário tentará ser presidente. Celso Barros, antigo  patrocinador, também promete concorrer. Conselheiros da Flusócio, maior  grupo político, tentam construir uma terceira via. E o futebol fica à  margem da intensa disputa.
- Está caindo tudo nas Laranjeiras hoje (quinta-feira), até os quadros das paredes - resumiu uma pessoa ligada à diretoria.
E  a movimentação promete continuar. Em busca de reposição, o Flu tenta  Levir Culpi. O ex-treinador do Atlético-MG é o preferido de Peter para o  cargo. Nos bastidores das Laranjeiras, há quem diga que os primeiros  contatos começaram há mais de duas semanas. O presidente nega. Cuca,  também com recente passagem pelo Galo, é uma alternativa. E Jorge  Macedo, gerente executivo do Internacional, o alvo para ser o novo responsável pelo futebol tricolor.
Faixas em Brasília
Mário Bittencourt é abraçado por torcedor
 em Brasília horas antes da derrota por 2 a 
1 no Fla-Flu (Foto: Fred Huber)
Letras  garrafais, letras da discórdia. Na passagem mais recente do Fluminense  por Brasília, um pequeno grupo de torcedores exibiu duas faixas na porta  do hotel que hospedou a delegação. Ambas endereçadas ao então vice de  futebol do Tricolor, Mário Bittencourt. “São Mário...obrigado!!!” e  “Mário para presidente”, diziam os textos. O dirigente, dispensado do  cargo nesta quinta-feira, leu ambas e foi cumprimentar os autores. Um  deles estava tão empolgado diante de Mário que, ao abraçá-lo, chegou a  dar leves cabeçadas no então homem forte do principal departamento do  clube. Uma dor de cabeça que não passou.
Peter Siemsen também  estava na capital federal para o Fla-Flu e presenciou a cena. Ele, no  entanto, não compartilha do desejo daqueles torcedores. As faixas foram  assunto nas correntes políticas das Laranjeiras. Houve quem sugerisse a  Peter que Mário impedisse os fãs de exibirem as faixas. O “conselho”  chegou aos ouvidos de Mário, que alegou não ter qualquer contato prévio  com aquela turma. Os dois fizeram lado a lado o trajeto da porta do  hotel até o ônibus, e o mandatário tentou esconder o constrangimento.  Não teve como.
Peter  relacionou a saída de Mário ao desejo do dirigente de disputar a  eleição presidencial do Tricolor, que será realizada em novembro deste  ano 
(veja no vídeo acima). O mandatário justificou a  decisão de exonerar o vice de futebol por este, no seu entendimento,  confundir as atribuições do departamento com ambições políticas. Um  desfecho previsível para uma relação marcada por altos e baixos.
-  Política gera conflitos e debates em ano eleitoral. Com rede social,  cada um faz a sua campanha. Estava cada vez mais claro que existia uma  potencial candidatura e movimentos políticos, mas que não estão de  acordo com o trabalho específico do futebol. Por isso, várias pessoas  que já ocuparam esse cargo saíram antes do fim do mandato. Com a  experiência que tive com outros, achei melhor mudar - disse Peter  durante entrevista na quinta-feira.
Atritos entre Mário e Peter  passaram a ser constantes no ano passado. Houve um momento em que o  presidente chegou a esvaziar o vice de futebol. Foi assim, por exemplo,  na apresentação de Eduardo Baptista. Virou queda de braço. A situação  ainda piorou recentemente com os problemas financeiros do clube. Depois  dos altos gastos no início do ano, os principais deles comandados pelo  próprio Peter (como as contratações de Henrique e Richarlison), o  presidente mandou fechar a torneira. Mais do que isso: pediu para Mário e  para o diretor executivo Fernando Simone cortarem gastos no futebol e  pressionava a dupla por isso. 
O buraco no orçamento é de  cerca de R$ 8 milhões. É preciso tirar jogadores jogadores considerados  caros e pouco efetivos da folha ou então vender algum atleta - Marlon é a  bola da vez. Peter chegou até a eleger dois atletas que deveriam sair. O  orçamento de 2016, aliás, deverá ser o primeiro dos cinco anos de  gestão do presidente a conter uma previsão de venda de jogador, algo  subjetivo.
Queda de braço
Eduardo Baptista: 13 derrotas em 26 jogos e pressão insustentável (Foto: André Durão)
O  presidente, que nunca mostrou-se entusiasta da candidatura de Mário,  tentou se impor em vários momentos, mas esbarrou na resistência do vice  de futebol. Apesar de se colocar como o principal responsável pela  contratação de Eduardo, o presidente perdeu a paciência com o técnico  logo após a primeira derrota da equipe no Campeonato Carioca. Ali, já  queria vê-lo fora das Laranjeiras - por mais que seja adepto da  filosofia de apostar em técnicos baratos como Cristóvão, Ricardo  Drubscky, Enderson Moreira e o próprio Baptista. Bittencourt foi contra.
Em  conversas informais e em entrevistas, Mário sempre ressaltou que a  ideia era apostar no trabalho de longo prazo do treinador. Mas mudou de  ideia após as últimas apresentações. O discurso desmotivado no vestiário  após a derrota para o Botafogo contribuiu ainda mais para selar o  destino no técnico. O vice tentou contato com o mandatário, mas não foi  atendido. Com a informação que deveria ser exonerado do cargo no retorno  ao Rio, decidiu, então, demitir Eduardo Baptista e fazer contato com  Eduardo Uram, empresário do técnico Cuca.
Peter não estava fora  de área ou com o aparelho celular descarregado. O presidente, que já  havia decidido tirar o vice-presidente de futebol e afastar o diretor  executivo, ficou no aguardo da medida que Bittencourt tomaria - ainda  assim ele garante ter trocado mensagens com Mário e marcado uma reunião  para a última quinta. O duelo ganhava um novo episódio ali. A nota  oficial do clube não trazia a confirmação da saída de Eduardo, mas sim a  do vice-presidente. Já Simone, a quem Peter se referiu com carinho na  entrevista, foi afastado por 30 dias e retirado da pasta. Deve ser  realocado para funções adminstrativas.
- Falei com o Mário por  mensagem depois do jogo e combinamos de decidir hoje. O combinado era  esse. Trocamos várias mensagens. Defini que a gente iria conversar  pessoalmente no Rio após o desembarque da equipe. Essa era a forma  adequada de enfrentar um momento difícil. Era como deveria acontecer. Eu  iria comunicar a saída do Mário, do Simone e depois falaria com o  Baptista, que estava em Campinas - disse Peter.
Fernando Simone e Mário Bittencourt: 
dupla deixa o comando do futebol do 
Fluminense (Foto: Richard Souza)
A  possível candidatura de Mário Bittencourt não tem o apoio da Flusócio,  principal grupo político do Fluminense que ajudou a eleger Peter duas  vezes. Na visão de membros do grupo, Mário não se encaixa no perfil  controlável desejado. O posto de candidato da situação está vago. O  vice-presidente de Projetos Especiais, Pedro Antônio Ribeiro da Silva,  também é figura neste jogo de xadrez. Pedro e Mário se estranharam em  vários momentos, e o homem forte do CT tricolor, dono dos cheques que custeiam a obra, é contra a candidatura do advogado. 
As  dificuldades na relação entre Peter e Mário tornaram-se robustas  principalmente por conta dos perfis dos dirigentes. A forma como Peter  conduz o clube, com decisões intempestivas e constantes mudanças de  ideias, encontrou resistência de Bittencourt, conhecido pela gestão  ambiciosa e explosiva, muitas vezes além da conta e considerada por  membros da diretoria e ex-dirigentes como uma estratégia equivocada.  Criou-se o choque. Mas a relação não está acabada. Mário continua sendo o  advogado do Fluminense e quer virar presidente.
FONTE:http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2016/02/bastidores-demissao-de-baptista-expoe-racha-e-antecipa-eleicao-no-flu.html 
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