Há cinco anos, desde sua primeira convocação na equipe adulta, Camila Brait se prepara para a difícil missão de substituir a líbero bicampeã olímpica Fabi. Só agora que enfim o bastão foi oficialmente passado, no entanto, a jogadora de 25 anos nascida no interior de Minas Gerais está percebendo na prática que o peso da companheira de posição na equipe brasileira sempre foi além das habilidades técnicas. Tímida e discreta, a nova titular está penando para soltar a voz e comandar o fundo de quadra como a vibrante veterana sempre fez com autoridade.
- A Fabi sempre foi uma líder, foi uma guerreira dentro de quadra, sempre fez a diferença. Eu tenho um pouco de dificuldade para cobrar, para falar ali o tempo inteiro. Mas eu sei cobrar da minha maneira. Vou tentar fazer o que ela fazia, mas da minha maneira, que é um pouco mais tranquila. O Zé tem me cobrado muito isso de falar, de comandar o fundo de quadra, mas eu tenho melhorado bastante. Ele pede para eu gritar com as meninas, fala: “O fundo é seu!”. Se eu não falar, ele grita: “Vai, Brait! Grita!”. Esse respaldo que ele está me dando está me fazendo ficar mais solta - disse a líbero do Osasco.
Depois de cinco anos como reserva,
Camila Brait assume a posição de
titular na seleção (Foto:
Alexandre Arruda/CBV)
Desde o anúncio da saída de Fabi da seleção, no mês passado, Camila vem recebendo uma atenção especial do técnico José Roberto Guimarães durante os treinos da seleção para o Grand Prix, que começa nesta sexta-feira para o Brasil. O treinador quer que a nova titular comece a assumir outras funções de Fabi nos últimos anos, mas ressalta que a mudança de postura não será de uma hora para outra.
Camila Brait é cobrada para liderar mais o fundo de quadra da seleção (Foto: CBV)
- Uma coisa é você ser a segunda e outra coisa é quando você passa a ser a primeira. Hoje ela está em uma posição que era da Fabi, que ela cumpriu com uma maestria incrível. Fisicamente, no passe, na defesa, tudo bem. Mas o fato do adversário enxergar ali uma presença forte, de respeito, isso ela vai ter que conquistar junto com as companheiras. É um processo de evolução que ela vai ter que passar e, a cada dia, se fortalecer. Mas não adianta querer cobrar uma performance dela como era da Fabi. Eu tenho que dar tempo para ela amadurecer nesse novo posto - explicou o técnico.
O treinador tricampeão olímpico acredita que Camila encontrará a sua maneira de comandar o fundo de quadra da seleção brasileira.
- Tudo na vida é preparação. Eu acredito nisso. Você tem que estar preparado para o momento. A Camila se preparou para esse momento. Só que agora ela tem que dar esse salto, que é o fato da moral que a Fabi tinha. A Fabi era uma presença muito forte junto dessas jogadoras. E cobrava, instigava. A Camila tem a sua maneira. Mas, com a maneira dela, tem que conquistar, da mesma forma que a Fabi conquistou.
Nos últimos anos, Fabi passou sua
experiência para a amiga Camila
Brait (Foto: Divulgação/CBV)
Embora ainda não tenha no currículo a disputa de grandes competições internacionais como titular, Camila Brait acompanha Fabi e cia. desde 2009. Depois de observar de perto o trabalho da bicampeã olímpica e se preparar para a transição ao longo dos últimos cinco anos, a líbero está pronta para seu primeiro grande desafio na nova função: o Grand Prix 2014.
- É sempre uma responsabilidade maior. Você se preparou todos esses anos para poder chegar nesse momento. Acho que é uma responsabilidade maior, mas acho que não pode mudar nada no meu dia a dia. Sempre me dediquei, sempre me esforcei. É continuar fazendo o meu trabalho, que a nossa hora vai chegar – disse Camila.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2014/07/timida-camila-brait-tenta-soltar-voz-para-substituir-libero-fabi-na-selecao.html