Time de Conca na China tenta romper fronteiras do Oriente rumo ao Mundial
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Time de Conca na China tenta romper fronteiras do Oriente rumo ao Mundial


Com 'mais de um bilhão' na torcida, Guangzhou quer virar o Manchester United da Ásia, mas tem que levar título mais importante do continente: final é neste sábado

Por Rio de Janeiro

  1. Como virar o Manchester United da Ásia
  2. O fator Marcelo Lippi
  3. o apoio da maior torcida do mundo
O time de Conca quer virar uma espécie de Manchester United da Ásia - e terá que provar isso em campo neste fim de semana. Da segunda divisão chinesa à meta de se tornar uma referência no Oriente, o caminho do Guangzhou Evergrande passa necessariamente pela conquista da Liga dos Campeões do continente. E ela nunca esteve tão perto da equipe liderada pelos sul-americanos Conca (que está perto do adeus), Elkeson e Muriqui, que contarão com um apoio e tanto da bilionária população da China. Neste sábado, o atual tricampeão nacional recebe, às 10h (de Brasília), o FC Seoul na decisão do torneio mais importante entre clubes da Ásia.

O empate em 2 a 2 na Coreia do Sul, pelo jogo de ida, deu uma importante vantagem ao time comandado por Marcello Lippi, campeão mundial à frente da Itália em 2006. Afinal, o Guangzhou pode empatar em casa por 0 a 0 ou 1 a 1 para ficar com o título inédito - um novo 2 a 2 leva a disputa para a prorrogação e, em seguida, pênaltis. Caso contrário, só a vitória servirá para o time chinês levantar o caneco e, de quebra, garantir a vaga no Mundial de Clubes, em dezembro, ao lado de Atlético-MG e Bayern de Munique.

Conca e elkeson Guangzhou Evergrande gol (Foto: Reprodução / Sina.com) 
Liderado pela categoria de Conca e pelos gols de Elkeson, 
Guangzhou pode levar o caneco com empate (Foto: Sina.com)

Como virar o Manchester United da Ásia

Muriqui na China Guangzhou Evergrande torcida Atlético-MG (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)Muriqui é o maior artilheiro da Champions da Ásia, com 13 gols (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
 
A ascensão da equipe é uma história e tanto. Em um intervalo inferior a quatro anos, o time da cidade Guangzhou deixou a segunda divisão chinesa para levar três títulos seguidos na elite. Se o domínio nacional já é um fato incontestável, ainda falta faturar o tão sonhado título da Champions asiática para ganhar respeito entre os rivais de Japão, Coreia do Sul, do Oriente Médio, entre outros. Mais ainda: romper fronteiras em direção à Europa e à América do Sul.
O primeiro passo para este projeto de tornar-se uma referência continental foi dado com a chegada do empresário Xu Jiayin à presidência da equipe em 2010, ainda na segunda divisão. Dono da construtora Evergrande, ele é um dos homens mais ricos da China e logo abriu os cofres. De cara, contratou astros do futebol local, chamou o coreano Lee Jang-Soo para comandar a equipe e buscou no Atlético-MG o atacante Muriqui. O projeto já estava bem definido.
- O Guangzhou está investindo desde 2010. Apesar do pouco tempo, está evoluindo muito bem. O objetivo do dono era ganhar esse título (Champions) em cinco anos. É o título que nos resta para coroar o trabalho. Acho que é um grande passo para se tornar essa referência no continente. Como eu falei, precisamos de mais. Há outros times no Japão e na Coreia. Na China, já somos referência. Agora, com esse título, damos um passo para se tornar referência no continente - disse Muriqui, de 24 anos, que, em duas participações na Champions, fez 13 gols e se tornou o maior artilheiro da história do torneio.

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    da Ásia, Conca elogia Marcelo Lippi
Garantido o acesso à elite, o Guangzhou decidiu ir fundo no projeto de se tornar o Manchester United da Ásia, apelido que ganhou recentemente do jornal inglês "The Guardian". Tal como o rival dos Diabos Vermelhos, o Manchester City, o clube chinês abriu os cofres para investir em jogadores consagrados. Conca, por exemplo, se transferiu em 2011 para ganhar um dos maiores salários do mundo do futebol na China. Só que teve mais.

- Eles estão se reforçando muito dentro de campo. Inclusive, fazendo contratos longos com os jogadores. Fora de campo, eles dão condições de trabalho. Não é só contratar o jogador e colocar para jogar. Por exemplo, temos dois CT’s: um em Guangzhou mesmo e outro a uma hora e meia da cidade, que é onde fizemos parte da pré-temporada - completou Muriqui.

O fator Marcelo Lippi

Além de investir em estrutura e montar uma equipe estrelada por sul-americanos com os principais nomes do futebol local, faltava algo. O coreano Lee Jang-Soo, que vinha arrumando problemas logo com Conca, o astro maior da companhia, foi mandado para a rua no ano passado e, em seu lugar, entrou Marcelo Lippi.

- Aqui tem esse trabalho de transformar o clube em uma referência. Começou trazendo um grande treinador. Um grande clube precisa de um grande treinador. Ele (Lippi) faz todo esse trabalho, e estamos falando de uma equipe muito bem estruturada. Eu acredito que daqui a alguns anos o Guangzhou vai chegar nesse objetivo. Ele (Xu Jiayin) quer torná-lo o maior time da Ásia. Já está perto disso, inclusive - disse o atacante Elkeson, que deixou o Botafogo no início do ano para tentar a sorte na China.

 Marcello Lippi coletiva Guangzhou (Foto: AP) 
Marcello Lippi diz que título pelo Guangzhou tem o mesmo 
peso da Champions League com o Juventus (Foto: AP)
 
O currículo do italiano é invejável. Além de levar o Guangzhou a dois dos três títulos chineses, ele já venceu Copa do Mundo, Liga dos Campeões (com o Juventus, em 1995/96), cinco Campeonatos Italianos... Agora pode se tornar o primeiro treinador do mundo a faturar os dois maiores torneios de clubes da Europa e Ásia, além da Copa do Mundo de 2006.

- Não há diferença entre este título e qualquer outro. Pode ser uma grande satisfação. Se eu tivesse que diferenciar, a única seria a Copa do Mundo de 2006, porque é a mais difícil de se atingir. Estou muito satisfeito com a carreira que tive até agora. No entanto, uma carreira nem sempre é repleta de sucesso, e, ao mesmo tempo, tive muitas decepções também - disse, em entrevista aos jornalistas locais nesta sexta-feira, o treinador italiano, que recebe o nada modesto salário de € 10 milhões (R$ 31 milhões) por ano, 64 vezes mais que seu rival de sábado, Choi Yong-Soo.

Elkeson comemoração Guangzhou Evergrande contra Seoul (Foto: AP)'Encomendado por Lippi', Elkeson é o artilheiro da equipe chinesa nesta temporada (Foto: AP)
 
Lippi, aliás, foi o responsável direto pela contratação de Elkeson, artilheiro da equipe no ano com 34 gols - Muriqui tem 27, e Conca, 25 (o argentino, aliás, está de saída do clube e não seguirá na China após o término de seu contrato, dia 9 de janeiro). Mas, mesmo de longe, o italiano está de olho vivo na reposição.

- Ele acompanha gente de todos os lugares. Na época, tinha um olheiro com o filho dele que gostou muito de mim. Fico feliz por ter o respaldo de um grande treinador assim. Ele gosta muito do jogador brasileiro. Mas acompanha atletas do mundo inteiro. Eles estão sempre observando jogadores do Brasil - completou Elkeson.

o apoio da maior torcida do mundo
No jogo de ida, 12 mil torcedores do Guangzhou pintaram de vermelho as arquibancadas do Seoul World Cup Stadium, na capital da Coreia do Sul. Agora, a promessa é de casa cheia na China, e 50 mil torcedores são esperados na segunda e decisiva partida, algo, aliás, que é corriqueiro nos jogos da equipe.

- O torcedor aqui é muito fanático. Desde que cheguei ao Guangzhou, o menor público foi de 30 mil torcedores. O futebol está crescendo aqui.  E não são apenas os jogos do Guangzhou. São todos os times, em outras cidades também - completou Elkeson.

torcida Guangzhou Evergrande (Foto: Reprodução/Sina.com) 
Elkeson elogia torcida do Guangzhou:  menor público 
foi de 30 mil torcedores(Foto: Reprodução/Sina.com)

Mas nada de torcida arco-íris na terra do tênis de mesa. Ao que parece, o vermelho do Guangzhou vai representar também a mesma cor pela China. Segundo o "The Guardian", uma pesquisa no Weibo, rede social chinesa equivalente ao Twitter, mostrou que 94% da população chinesa, de um país com 1,36 bilhão de habitantes, torcerá para Conca e seus companheiros.

- O país vai parar neste dia. Representa o crescimento do futebol no país, e vemos a movimentação do torcedor. Tive conhecimento pelo meu tradutor que os chineses montaram um vídeo nos desejando boa sorte. Inclusive, torcedores de outras cidades e outras equipes. Com certeza, será o jogo do ano aqui - completou Elkeson.

O apoio pode ter uma justificativa diante da falta de conquistas no futebol do país mais populoso do mundo. Afinal, até hoje a única participação chinesa em uma Copa do Mundo, em 2002, se resumiu a três derrotas, sem um gol marcado nos jogos. Os adversários foram Costa Rica (2 a 0), Brasil (4 a 0) e Turquia (3 a 0).

Na Champions asiática, o panorama não é muito mais animador. Apenas uma equipe do país levou o caneco  para casa: o Liaoning Whowin, em 1989/90, quando a competição ainda levava o nome de Campeonato Asiático de Clubes. Para motivar a equipe, Lippi usou as palavras de outro campeão.

Molina na partida do Seoul  (Foto: AFP)Molina na partida do Seoul (Foto: AFP)
 
- Vou citar Michael Jordan: "Errei mais de 9.000 cestas e perdi quase 300 jogos. Em 26 diferentes finais de partidas, fui encarregado de jogar a bola que venceria o jogo... e falhei. Eu tenho uma história repleta de falhas e fracassos em minha vida. E é exatamente por isso que eu triunfei". Tentei me recuperar dos meus erros e fazer sucesso, então eu espero que nós consigamos conquistar o título amanhã (sábado).

A Coreia do Sul, do outro lado da moeda, é a nação mais tradicional no torneio, com dez conquistas - o Japão aparece em seguida com cinco. Inclusive, o maior vencedor, o tricampeão Pohang Steelers, é justamente coreano. Já o Seoul, que conta com o colombiano Molina, ex-Santos, não foi além de um vice em 2001/02.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2013/11/time-de-conca-na-china-tenta-romper-fronteiras-do-oriente-rumo-ao-mundial.html
 



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