Timão e Galo lideram rankings em turno com queda de público
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Timão e Galo lideram rankings em turno com queda de público



Paulistas apresentam melhor média, e mineiros têm maior taxa de ocupação. Público pagante caiu 9% em relação ao campeonato de 2011

Por Mariana Kneipp Rio de Janeiro

Os espaços começaram a aparecer, e os gritos ficaram mais baixos. As estatísticas comprovam: os torcedores estão indo menos aos estádios. Em comparação com o primeiro turno do Brasileiro de 2011, o deste ano teve uma queda de 9% em média de público pagante: de 12.960 para 11.796 ou, em números brutos, de 2.462.577 para 2.229.401 pessoas - sem contabilizar o jogo Flamengo x Atlético-MG, válido pela 14ª rodada e que foi adiado para 26 de setembro. Mais de 230 mil deixaram de acompanhar seus times de perto. Da dificuldade de acesso às arenas ao alto preço dos ingressos, os clubes tentam entender o que está acontecendo para encontrar uma solução. O mais rápido possível.

Clique e confira o infográfico com o ranking detalhado por público e taxa de ocupação


Infográfico de públicos do Brasileirão (Foto: Reprodução)Infográfico mostra média geral e de cada time quanto a público pagante e taxa de ocupação

Dois deles, porém, caminharam em direção contrária à da maioria em 2012. O Corinthians, mesmo estando na 12ª posição no Brasileiro, aproveitou a empolgação do título da Libertadores e foi o primeiro do ranking de média de público pagante (24.968). Levando-se em consideração o percentual de ocupação do estádio de acordo com a capacidade, o Timão aparece em segundo, com 62%. Neste quesito, o líder Atlético-MG é o clube que mais se destaca, preenchendo 80% do Independência, nova casa dos times mineiros, depois da transferência dos jogos da Arena do Jacaré e enquanto o Mineirão está fechado para obras para a Copa do Mundo de 2014.

A mudança de local foi fundamental, segundo o secretário geral do Independência, Vitor Hugo.
Compare os públicos do primeiro turno
Rodada 2011 2012
1ª rodada 96.830 100.569
2ª rodada 115.684 98.783
3ª rodada 125.421 101.548
4ª rodada 123.263 79.477
5ª rodada 121.244 102.162
6ª rodada 117.583 104.045
7ª rodada 99.164 134.113
8ª rodada 118.695 151.652
9ª rodada 144.683 136.251
10ª rodada 117.207 96.239
11ª rodada 147.245 146.414
12ª rodada 151.000 134.107
13ª rodada 122.594 142.897
14ª rodada 122.519 117.841
15ª rodada 150.560 106.348
16ª rodada 153.371 106.345
17ª rodada 80.753 106.754
18ª rodada 156.261 119.790
19ª rodada 198.500 144.066
Média 12.960 11.796
 - Ainda não temos um estudo oficial, mas, com certeza, os números deste ano são bem maiores em relação a 2011, até pela questão do deslocamento. O Independência é em Belo Horizonte, já a Arena do Jacaré é em Sete Lagoas (a cerca de 70km da capital), e isso desgastava as torcidas. A campanha dos times mineiros também pode ser considerada. Não conseguimos estabelecer uma correlação direta, mas certamente o torcedor do Atlético está extasiado. E o Cruzeiro também está indo muito bem. A expectativa é que essa média se mantenha até o fim do campeonato - afirmou Vitor Hugo, que descartou um aumento no valor dos ingressos, mas citou a intenção de ampliação do estádio a longo prazo.

Enquanto Minas Gerais vive um bom momento de sua relação com a torcida, o Rio de Janeiro já viu dias melhores. O primeiro carioca a aparecer no ranking de média de público é o Botafogo, em 11° lugar, com pouco menos de 10 mil pagantes. O Vasco aparece em seguida em 12°. Flamengo e Fluminense vêm atrás, em 13º e 15º, respectivamente. Em ocupação do estádio, o Vasco supera seus rivais: tem 35% contra 23% de Fla e 22% de Flu e Bota. A dupla Fla-Flu fez um jogo cada no estádio Raulino de Oliveira (em Volta Redonda), que tem capacidade para 20.100 torcedores, menos da metade do Engenhão (45.217).

Responsável pela administração do Engenhão e diretor executivo do Botafogo, Sergio Landau acredita que a evasão dos torcedores se deve principalmente aos horários dos jogos e à cultura do carioca de assistir às partidas em bares. O dirigente, porém, admite que as obras para facilitar o acesso à arena também diminuem o público.

- Os horários têm criado bastante dificuldade, não são convenientes. Quarta-feira, às 22h? Ninguém vai. Domingo, às 18h30m? Também não. É uma situação perversa. Fora o hábito de ver jogos em bares, agora tem televisão em quase todos. Com essas alternativas, fica mais difícil. Também estamos com obras para melhorar os acessos e saídas, que causam transtornos e atrapalham para trazer o público. Mas vamos fazer melhorias para o estádio, que têm que ser feitas, para o próximo ano. Agora, estamos soprando o pneu com o carro em movimento, não tem jeito - afirmou Landau.

Um viaduto que visa a melhorar o trânsito de quem vai de carro ao estádio está "80% concluído", segundo o diretor. O foco, porém, está no acesso por transporte público. Uma parceria com a Supervia, rede responsável pelos trens da cidade do Rio de Janeiro, está sendo desenvolvida para trazer melhorias na chegada e saída de torcedores ao Engenhão.

Engenhão Vazio, Botafogo x Figueirense (Foto: André Casado / Globoesporte.com)Engenhão não enche para Botafogo x Figueirense
(Foto: André Casado / Globoesporte.com)

Principal reforço do Botafogo para o campeonato, Seedorf chegou a fazer um apelo à torcida.
- A quem tiver condições, peço que não espere o resultado para apoiar o time e ir ao estádio. É preciso apoiar especialmente quando as situações são mais complicadas, que não é o caso do Botafogo, no momento, pois estamos lutando pelos primeiros lugares - disse o holandês.

Assim como os cariocas, os times paulistas também não estão com uma média alta, com exceção de Corinthians (1° lugar) e São Paulo (5° lugar). Dos cinco últimos colocados do ranking, quatro são de São Paulo. O Palmeiras, que priorizou a Copa do Brasil, está em 16° lugar. Já o Santos, que dividiu Neymar com a seleção brasileira, fica em 17°. A Ponte Preta está em 18°, e a Portuguesa segura a lanterna.

Preço médio dos ingressos cresce 125% em sete anos

Além de problemas de acesso ao estádio, o valor dos ingressos também é citado por torcedores na hora de justificar a ausência nos jogos. De acordo com estudo realizado pela empresa de consultoria BDO, houve uma evolução constante no preço médio nos últimos anos. Com base em números finais da edição de 2011 da Série A do Brasileirão, o aumento em relação a 2010 foi de 4%. Em comparação com 2005, houve um crescimento de 125%. No primeiro turno de 2012, os valores de ingressos para arquibancada variaram entre R$ 10 (Morumbi-SP) e R$ 95 (Couto Pereira-PR). A estatística não conta ações pontuais, como promoções.

A percepção de que menos torcedores estavam comparecendo aos jogos ligou o alerta nos clubes. A partir da 14ª rodada, o São Paulo criou um setor popular no Morumbi (assista ao vídeo acima). A arquibancada amarela, que tem capacidade para nove mil torcedores, passou a custar R$ 10, com meia-entrada a R$ 5. A promoção vale até o fim do Brasileirão.
- Queríamos atender a dois objetivos: que viessem aqueles que não poderiam vir antes, e que os que já vinham viessem mais vezes. A iniciativa foi feita para atender ao orçamento dos torcedores, dar mais visibilidade a um setor menor. Por que deixar o estádio vazio se podemos rentabilizar? O que pudermos fazer para promover mais o espetáculo, o que estiver ao nosso alcance, vamos fazer. E a resposta está sendo muito positiva, com uma ocupação média de 60% do setor - disse o vice-presidente de marketing do São Paulo, Julio Casares.

Em Pernambuco, o governo é um dos responsáveis por Náutico e Sport estarem no top 5 do ranking de ocupação de estádio, com 60% e 55%, respectivamente. O programa de incentivos fiscais compra oito mil ingressos por jogo do Timbu e do Leão na Série A, vendidos a R$ 14 cada para o estado (o Santa Cruz também faz parte do projeto na Série C). O esquema é simples e já faz sucesso há mais de uma década: o torcedor junta R$ 100 em notas fiscais e troca por um ingresso, com o cartão do "Todos com a nota".

Especialista vê evolução com novos estádios

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  • Veja o panorama das obras nos estádios
Atualmente, 12 estádios brasileiros estão em obras para atender às exigências da CBF e da Fifa para sediar a Copa do Mundo de 2014. Além destes, no momento, há a construção da Arena do Grêmio e da Nova Arena do Palmeiras, que não participarão do evento
.
O movimento no setor anima o especialista em gestão e presidente da Associação Brasileira de Operadores e Fornecedores de Arenas Multiuso (Abrarenas), João Gilberto Vaz. O dirigente tem críticas à administração atual dos estádios no país, mas visualiza melhoras com a conclusão de empreendimentos mais modernos.

- Não há um ambiente familiar e tecnologia. É difícil o acesso, tem banheiro sujo. É complicado. Uma queda constante de público é normal, o ambiente não é propício para ter um aumento. Hoje não podemos chamar de arena, é apenas um estádio de futebol. Estamos pensando em camarotes, conexão para internet e até um guia para educar os usuários das novas arenas, que será disponibilizado na internet em breve. As coisas vão mudar - concluiu Vaz.

OBS: O ranking do GLOBOESPORTE.COM foi feito com base no público pagante. Por isso, exclui as gratuidades que constam nos borderôs dos jogos realizados no Rio de Janeiro, disponibilizados no site oficial da CBF. Os torcedores que participam do programa "Todos com a Nota", em Pernambuco, são contabilizados, já que o governo do estado paga a quantia de R$ 14 por ingresso, ficando estabelecida assim a relação de venda.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2012/08/timao-e-galo-lideram-rankings-em-turno-com-queda-de-publico.html



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