A imagem aí de cima é a tabulação dos resultados da parte da pesquisa Datafolha que a Folha de S. Paulo escondeu de seus leitores: a pergunta 14, que havia desaparecido dos relatórios.
Mas não desapareceu dos servidores do Datafolha e o Tijolaço a encontrou lá, com todos os resultados, num arquivo que você pode acessar (um PDF) e, se for mudado, tem o conteúdo salvo aqui e em outros computadores.
62% dos entrevistados quer que, no caso de uma renúncia dupla de Dilma e Temer, haja nova eleição presidencial ainda este ano. 30% são contra e os oito por cento restantes não sabem ou são indiferentes. A tabela em formato original e maior está aqui.
E não foi a única pergunta “abduzida” do relatório, de onde também foi tirada a questão sobre a legalidade/ilegalidade da condução do impeachment – que apontou 49% para a primeira opção e 37% para a segunda. Talvez alguém tenha achado “pouco”.
A fraude foi descoberta porque houve uma segunda versão do relatório – veja aqui – na qual a pessoa encarregada de eliminar as “inconveniências” se distraiu e deixou a chamada para “nova eleição” no subtítulo, o que me deu a dica para ir atrás do primeiro arquivo.
Mas foi a única distração. O resto foi escondido de forma deliberada, em verdadeira fraude aos leitores.
Foram suprimidos dois parágrafos inteiros da análise dos resultados que falava nisso, que está no documento e transcrevo a seguir:
O Datafolha também consultou os brasileiros sobre a possibilidade de uma nova eleição presidencial neste ano, caso Dilma e Temer renunciassem a seus cargos, e a maioria (62%) declarou ser a favor de uma nova votação para o cargo de presidente. Uma parcela de 30% é contra a hipótese, e 8% são indiferentes ou não opinaram. A realização de uma nova eleição tem mais apelo entre os jovens de 16 a 24 anos (68% favoráveis) e na faixa de 25 a 34 anos (também 68%). Entre aqueles que consideram o governo Temer ótimo ou bom, 50% são a favor de nova eleição, e 44%, contra.
Questionados se o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff está seguindo a regras democráticas e a Constituição ou está desrespeitando as regras democráticas e a Constituição, 49% disseram acreditar que as regras e a Constituição estão sendo seguidas. Uma parcela de 37% discorda e acredita que estão sendo desrespeitadas, e 14% não opinaram. Na parcela dos mais escolarizados, 58% avaliam que o processo de impeachment da petista segue as regras democráticas e a Constituição, índice que cai para 40% entre os menos escolarizados (neste segmento, 37% aderem à tese contrária e o índice dos sem opinião sobe para 23%).
Esta é a página dos comentários que foi “censurada” no relatório divulgado. A seguir voou colar as imagens das páginas suprimidas, de 56 a 63 e de 80 a 88, que você pode conferir também lá no arquivo original, enquanto não o tirarem do ar.