O judô dos tempos de criança havia ficado para trás. Aos 17 anos, Thiago Tavares queria os ringues de Vale Tudo. Porém, ainda havia um empecilho: a idade. O catarinense precisava esperar mais um ano para sua primeira luta no MMA. Tempo que foi abreviado por um ‘jeitinho’. Tavares falsificou a carteira de identidade para ter sua primeira luta, em manobra inversa à praticada normalmente pelos aspirantes a jogador de futebol, quando um menino é registrado de novo de forma irregular para ficar mais novo e poder disputar categorias contra adversários teoricamente mais fracos fisicamente, sendo apelidado de "gato".
- Eu comecei no MMA com 17 anos. Na época, fiz um negócio meio irregular. Eu falsifiquei minha identidade para ter 18 anos e poder lutar. Só podia lutar com mais de 18 anos e tive que fazer isso para realizar meu sonho. Na época, quando estreei, ainda era Vale Tudo – relembra.
Tavares conversou com o GLOBOESPORTE.COM em uma academia de Florianópolis, onde treina na companhia da ‘família’ do tatame. Além do início da carreira, fez um balanço do ano que passou e o que espera de 2013. Confira:
Em 2012 você só conseguiu subir no octógono uma vez. Depois teve algumas lutas canceladas. Como faz para manter a motivação e não desanimar com os treinos pesados sem poder ir para o combate?
Minha motivação é ser campeão. Eu não preciso de nenhuma outra motivação, como um adversário fazendo pressão, por exemplo, ou falando besteira. Eu não preciso disso. Para mim, isso é indiferente.
O que espera para que o ano novo seja melhor?
Sabe que eu gosto de resolver meus problemas, né? Eu tenho quatro derrotas na minha carreira e 21 vitórias. Dos que me venceram, três já até saíram do UFC. O único lutador que me venceu, que está até bem no ranking, se chama Matt Wiman. Ele venceu agora o Paul Sass, que estava invicto, e eu tenho um negócio com ele. Eu estava batendo nele, não tinha levado um soco e o menosprezei. Ao invés de me concentrar na luta, estava pensando em como iria finalizar. Eu pensei até no que eu faria com o bônus em dinheiro. Foi o maior pecado da minha carreira. Eu nunca lutei por dinheiro, já lutei até de graça. Ele me acertou um soco e eu caí nocauteado. O ano de 2013 seria bom se, depois que eu vencer o Nurmagomedov, eu conseguisse resolver essa história com o Matt Wiman. Aí minha alma vai estar lavada. É a ‘rematch’, a revanche.
No dia 19 de janeiro você tem uma luta marcada em São Paulo. Competir no Brasil é uma vantagem?
Óbvio que é melhor lutar com a torcida. Ver a multidão cantando a sua música, tentando te tocar enquanto você caminha. Isso é muito bom. Durante a luta, as pessoas cantando ‘eu sou brasileiro com muito orgulho’ é demais, de arrepiar. Um coro de mais de um minuto das pessoas cantando ‘Thiago, Thiago’ e eu lutando com o adversário é demais. Para a próxima luta estou guardando uma surpresinha: vou entrar com uma música do Dazaranha (banda de Florianópolis conhecida na região).
Como é para você ter sempre que perder peso antes das lutas para bater o peso da categoria? Como você lida com a desidratação?
Eu tenho que perder 11 quilos até a próxima luta. Todo profissional faz isso. O médico estuda para operar, o advogado lê detalhadamente as leis e um lutador tem que treinar e diminuir o peso para ele conseguir lutar. Se ele não fizer isso, não é profissional, vide o que aconteceu com o Dennis Hallman. O Dana White demitiu ele do UFC. (A luta de Thiago contra Hallman foi cancelada porque o adversário ficou quatro quilos acima do peso limite da categoria).
Como você começou nas artes marciais?
Eu comecei no judô aos cinco anos. Com nove, entrei no jiu-jítsu e, aos 14, comecei no boxe, já pensando no MMA. Na época que comecei no MMA ainda não tinha ninguém de Santa Catarina lutando. Fui o primeiro. Não tinha ninguém daqui que eu pudesse tentar seguir os passos.
Você nunca teve problemas por ter alterado idade para lutar?
Até hoje não. Mas foi só naquela vez.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/sc/noticia/2013/01/thiago-tavares-revela-falsificacao-de-documento-para-poder-lutar.html
- Eu comecei no MMA com 17 anos. Na época, fiz um negócio meio irregular. Eu falsifiquei minha identidade para ter 18 anos e poder lutar. Só podia lutar com mais de 18 anos e tive que fazer isso para realizar meu sonho. Na época, quando estreei, ainda era Vale Tudo – relembra.
Thiago Tavares treina duro para enfrentar russo no dia 19 (Foto: Savio Hermano / globoesporte.com)
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Hoje com 28 anos, o atleta apresentou o documento falso em apenas um evento. O desejo de moleque virou profissão. Hoje, o lutador catarinense acumula 12 lutas como peso-leve do UFC (venceu 7, empatou uma e perdeu quatro). A 13ª tem data marcada. No dia 19, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, ele enfrenta o russo Khabib Nurmagomedov. Até a véspera do evento, o lutador precisa perder 11 kgs para a pesagem da categoria, que permite um máximo de 70,3kgs.- Thiago Tavares reúne amigos do MMA para a ceia em Florianópolis
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Tavares conversou com o GLOBOESPORTE.COM em uma academia de Florianópolis, onde treina na companhia da ‘família’ do tatame. Além do início da carreira, fez um balanço do ano que passou e o que espera de 2013. Confira:
Em 2012 você só conseguiu subir no octógono uma vez. Depois teve algumas lutas canceladas. Como faz para manter a motivação e não desanimar com os treinos pesados sem poder ir para o combate?
Minha motivação é ser campeão. Eu não preciso de nenhuma outra motivação, como um adversário fazendo pressão, por exemplo, ou falando besteira. Eu não preciso disso. Para mim, isso é indiferente.
Pensei até no que faria com o bônus em dinheiro. Foi o maior pecado da minha carreira. Nunca lutei por dinheiro, já lutei até de graça"
Sobre a derrota para Matt Wiman, em 2008
Sabe que eu gosto de resolver meus problemas, né? Eu tenho quatro derrotas na minha carreira e 21 vitórias. Dos que me venceram, três já até saíram do UFC. O único lutador que me venceu, que está até bem no ranking, se chama Matt Wiman. Ele venceu agora o Paul Sass, que estava invicto, e eu tenho um negócio com ele. Eu estava batendo nele, não tinha levado um soco e o menosprezei. Ao invés de me concentrar na luta, estava pensando em como iria finalizar. Eu pensei até no que eu faria com o bônus em dinheiro. Foi o maior pecado da minha carreira. Eu nunca lutei por dinheiro, já lutei até de graça. Ele me acertou um soco e eu caí nocauteado. O ano de 2013 seria bom se, depois que eu vencer o Nurmagomedov, eu conseguisse resolver essa história com o Matt Wiman. Aí minha alma vai estar lavada. É a ‘rematch’, a revanche.
No dia 19 de janeiro você tem uma luta marcada em São Paulo. Competir no Brasil é uma vantagem?
Óbvio que é melhor lutar com a torcida. Ver a multidão cantando a sua música, tentando te tocar enquanto você caminha. Isso é muito bom. Durante a luta, as pessoas cantando ‘eu sou brasileiro com muito orgulho’ é demais, de arrepiar. Um coro de mais de um minuto das pessoas cantando ‘Thiago, Thiago’ e eu lutando com o adversário é demais. Para a próxima luta estou guardando uma surpresinha: vou entrar com uma música do Dazaranha (banda de Florianópolis conhecida na região).
Como é para você ter sempre que perder peso antes das lutas para bater o peso da categoria? Como você lida com a desidratação?
Eu tenho que perder 11 quilos até a próxima luta. Todo profissional faz isso. O médico estuda para operar, o advogado lê detalhadamente as leis e um lutador tem que treinar e diminuir o peso para ele conseguir lutar. Se ele não fizer isso, não é profissional, vide o que aconteceu com o Dennis Hallman. O Dana White demitiu ele do UFC. (A luta de Thiago contra Hallman foi cancelada porque o adversário ficou quatro quilos acima do peso limite da categoria).
Thiago Tavares saiu do judô para o jiu-jítsu e acabou no boxe (Foto: Savio Hermano / globoesporte.com)
Como você começou nas artes marciais?
Eu comecei no judô aos cinco anos. Com nove, entrei no jiu-jítsu e, aos 14, comecei no boxe, já pensando no MMA. Na época que comecei no MMA ainda não tinha ninguém de Santa Catarina lutando. Fui o primeiro. Não tinha ninguém daqui que eu pudesse tentar seguir os passos.
Você nunca teve problemas por ter alterado idade para lutar?
Até hoje não. Mas foi só naquela vez.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/sc/noticia/2013/01/thiago-tavares-revela-falsificacao-de-documento-para-poder-lutar.html