Esporte
Sí se puede: Costa Rica vence a Itália e se classifica no Grupo da Morte
Empurrados pela torcida, Ticos fazem grande partida na Arena PE, anulam Pirlo e garantem vaga para as oitavas. Azzurra tenta empate contra Uruguai
CRÔNICA
por Carlos Augusto Ferrari
Os gritos de “Sí se puede” (Sim, podemos) funcionaram como um mantra. Uma espécie de sonho, um desejo enorme de vencer e conquistar algo que, para os outros, soava como impossível. Se o Grupo D é da morte, problema dos campeões mundiais, próximos de um vexame histórico – a Inglaterra está eliminada. A vitória por 1 a 0 sobre ninguém menos que a tetracampeã Itália leva a Costa Rica para as oitavas de final pela segunda vez na história da Copa do Mundo e coloca fogo na última rodada. Teve até “olé”. Sim, eles conseguiram.
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O triunfo sobre o Uruguai na estreia deixou de ser uma surpresa. No embalo de uma torcida que brotou de todos os cantos da Arena Pernambuco, a Costa Rica voltou a jogar bem e foi quase impecável na marcação que anulou Pirlo. Bryan Ruiz marcou de cabeça no fim do primeiro tempo, logo depois de o árbitro ignorar um pênalti claro de Chiellini em Campbell.
Balotelli, que pediu um beijo da Rainha Elizabeth se marcasse e salvasse a Inglaterra da eliminação, pagou com a língua. Sem vencer os dois primeiros jogos de um Mundial desde 1990, a Itália poderia sair de campo praticamente classificada se não fosse o pé torto de seu principal goleador. Foram três chances claras desperdiçadas, todas na etapa inicial. Os europeus também fraquejaram diante dos quase 30 graus. A Fifa ignorou os pedidos e não permitiu a parada técnica.
A terceira rodada será como uma decisão. Itália e Uruguai se enfrentam, terça-feira, às 13h, na Arena das Dunas, em Natal. A Azzurra joga pelo empate por ter zero gol de saldo contra um negativo da Celeste. Quem vencer, avança. A Costa Rica, no mesmo dia e horário, cumpre tabela contra a Inglaterra, no Mineirão.
Jogadores costarriquenhos em êxtase
comemoram o gol de Ruiz (Foto: Aldo
Carneiro / P
ernambuco Press)
Para a Costa Rica, calor só da torcida Esqueça o calor, a umidade e qualquer outro componente que possa atrapalhar o desempenho de um time de futebol. A Costa Rica ignorou a todos. Correu como se espera de um time tecnicamente inferior, mas que vê nos 90 minutos seguintes uma chance, talvez, única de fazer história e se classificar no Grupo da Morte. O desvio de cabeça de Borges, quase marcando no início, inflamou ainda mais a torcida, maioria nas arquibancadas, com os gritos de “Sí se puede” (Sim, podemos). E eles puderam.
Balotelli abusa de perder oportunidades
claras degol (Foto: Aldo Carneiro/
Pernambuco Press)
A Itália sofreu uma barbaridade com a marcação avançada dos rivais. A Costa Rica fez o básico: adiantou seus jogadores para travar a saída de bola de Pirlo e correu por todos os lados, todos os cantos, impedindo a Azzurra de acionar seu craque e chegar ao campo de ataque. De Rossi, Chiellini e Barzagli cansaram de tocar a bola sem saber o que fazer com ela. Campbell estava ali, pronto para assustar de novo.
Manter o ritmo frenético de marcação, porém, seria impossível com os quase 30 graus da Arena Pernambuco. Foi aí que a Itália começou a jogar. Pirlo ganhou espaço e fez a equipe crescer. Só faltou Balotelli jogar. O herói da estreia acumulou gols perdidos, chances claras: de voleio quase na pequena área, de cobertura cara a cara, chutando livre da entrada da área...E os italianos cansaram.
A Costa Rica conseguiu um fôlego extra nos minutos finais. Suficiente para ficar em vantagem no placar. Antes, jogadores e torcedores costarriquenhos foram à loucura. Campbell arrancou e foi derrubado por Chiellini na área. Pênalti claro não marcado pelo árbitro chileno Enrique Osses. Logo depois, aos 44, o gol. Díaz cruzou da esquerda, a defesa italiana parou e Ruiz desviou. A bola ainda bateu no travessão antes de entrar.
Bryan Ruiz só cumprimenta Buffon para fazer o gol
da vitória costarriquenha em Recife (Foto: Reuters)
Segundo tempo é vez de Navas brilhar Cesare Prandelli abandonou o esquema 4-1-4-1 e mandou a campo uma formação mais ofensiva no segundo tempo. O meia-atacante Antonio Cassano ocupou o lugar de Thiago Motta e fez a Azzurra acabar com a morosidade da etapa inicial. Navas, porém, apareceu. Um dos ídolos da Costa Rica, o goleiro salvou em chutes de longe de Darmian e Pirlo.
A empolgação azul acabou gradativamente Os Ticos rapidamente acertaram a marcação sobre Cassano e Balotelli e impediram novas jogadas de perigo. Prandelli mudou de novo para tentar abrir a defesa rival. Colocou o baixinho Insigne para correr pela esquerda. Depois, escalou Cerci pela direita. De nada adiantou.
Nas arquibancadas, os costarriquenhos se dividiam entre os gritos de “olé” e o “Sí se puede”. Era como se uma parte já sentisse a vitória próxima, e a outra não quisesse qualquer sinal de menosprezo diante de um adversário tão tradicional. Jorge Luis Pinto também trocou, colocando Cubero, Ureña e Brenes para reforçar a marcação e encontrar um contra-ataque mortal.
A Itália parecia conformada com o resultado. Não pressionou como se esperava, talvez não tivesse pernas para isso. Insigne ainda apareceu na entrada da área, mas mandou a bola nas nuvens. Brenes, nos descontos, ainda arrancou um "uuuhh" da torcida com um chute colocado, que passou raspando. Era o que faltava para a festa costarriquenha começar em Pernambuco. Estragou o seu bolão? O meu também!
Balotelli decpecionado e festa da Costa Rica,
classificada para as oitavas de final do
Mundial (Foto: AP)
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FONTE:
http://globoesporte.globo.com/jogo/copa-do-mundo-2014/20-06-2014/italia-costa-rica.html
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