Sem concentração tradicional, atletas curtem liberdade, mas sem exageros
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Sem concentração tradicional, atletas curtem liberdade, mas sem exageros



Jogadores da praia defendem autonomia para montar os próprios horários e afirmam que não há algazarra: 'Sabemos limites e não brincamos em serviço'

Por Helena Rebello Rio de Janeiro

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É véspera da estreia na etapa. Depois do treino, os atletas se despedem da comissão técnica e voltam ao hotel. Lá, um encontra a esposa, e o outro, a namorada. Depois do jantar, cada casal vai para um quarto. O que em outros esportes poderia ser caracterizado como indisciplina, no vôlei de praia é tratado com normalidade. Sem confinamento e com horários e limites estabelecidos por cada dupla, a modalidade apresenta uma liberdade a qual nem os atletas da quadra estão acostumados. Mesmo defendendo essa autonomia, os jogadores das areias garantem que não falta responsabilidade e comprometimento com seus deveres profissionais.

O vôlei de praia tem algumas peculiaridades que tornam a concentração tradicional quase inviável. Torneios femininos e masculinos são disputados simultaneamente, nas mesmas datas e nas mesmas cidades. Pelo menos no Open, que reúne a elite, todos os atletas ficam hospedados no mesmo hotel, que não necessariamente é o mesmo de membros da comissão técnica ou dos organizadores. Mesmo quando estão todos instalados no mesmo local, não há vigilância sobre o comportamento deles. E há vários casais no meio: atletas que namoram outros atletas, além de jogadores casados com membros de outras ou até a própria comissão técnica.

Laura Ludwig e Pedro Solberg vôlei de praia (Foto: Helena Rebello / Globoesporte.com)Pedro Solberg teve a companhia da namorada, a alemã Laura Ludwig, em Goiânia (Foto: Helena Rebello)

Alison e Emanuel costumam dividir o mesmo quarto na maior parte da temporada. Mas, para reduzir o desgaste pela convivência intensa, reservam algumas etapas para ficarem separados. Foi o que ocorreu nas etapas de Campinas, quando o capixaba levou a então namorada, e em Curitiba, quando o veterano paranaense teve a companhia dos pais, da mulher Leila e do filho Lukas. Favorável a essa independência, Alison afirma que o comprometimento da dupla com a competição é o mesmo.

Casamento Leila e Emanuel, 2008 (Foto: Globoesporte.com)Emanuel e Leila são casados desde 2008 e tem
um filho: Lukas (Foto: Globoesporte.com)

- As pessoas, principalmente atletas que vem da quadra, acham que é algazarra, que você pode sair porque não tem concentração. Nós também temos horários, mas somos nós que fazemos. Se der errado, a gente arca com as consequências. É muito bom trazer a namorada, a esposa ou amigos, mas é uma faca de dois gumes. Temos que saber lidar. É um equilíbrio difícil. A Letícia (Pessoa, técnica) sempre nos deu muita liberdade porque saber do nosso compromisso. Nosso clube é Alison e Emanuel. Sempre chegamos uma hora antes dos jogos, estudamos os adversários e chegamos muito concentrados. O importante é saber dosar. Sabemos os limites e não brincamos em serviço.

Talita e Maria Elisa, que seguem juntas apenas até o Open do Rio de Janeiro, dividiram o mesmo quarto durante as viagens apenas nos dois primeiros anos da parceria e durante as Olimpíadas de Londres, quando se hospedaram na Vila Olímpica, isoladas do resto do mundo. Com hábitos de sono muito diferentes, optaram por terem aposentos separados. Como Talita é casada com Renato França, técnico de Pedro Solberg e Bruno Schmidt, os dois dormem juntos durante as etapas em que ambas as duplas estão inscritas.

- Sou uma sortuda de ter meu marido na etapa, mas não é aquela coisa de casal como se fosse em casa, porque cada um tem os horários dos seus times. Tem dias em que janto com o Abel (Martins, técnico dela) enquanto ele janta com o Pedro (Solberg), por exemplo. Sei perfeitamente que não posso me comportar como se fosse uma viagem de férias nossa. Eu sei que eu tenho que dormir cedo e que não posso me cansar porque não tenho ninguém para me substituir. No vôlei de praia você faz esforço o tempo inteiro. Se não se cuida, é você quem vai pagar a conta em quadra.

vôlei de praia Talita e Renato (Foto: Helena Rebello/Globoesporte.com)Talita é casada com Renato, técnico de Pedro Solberg (Foto: Helena Rebello/Globoesporte.com)


Técnico de Ju e Larissa vê dois pesos e duas medidas

Técnico de Juliana e Larissa desde a formação da dupla em 2003, Reis Castro acha imprescindível que em esportes cujas equipes são numerosas, como futebol, basquete e mesmo vôlei de quadra, haja a concentração tradicional, com jogadores e comissão técnica reunidos sob o mesmo teto pelo menos às vésperas das partidas. No caso do vôlei de praia, acredita que esse tipo de controle é necessário quando os atletas ainda são jovens, mas abre exceções para atletas já experientes e consagrados.

Juliana, Larissa e Reis Castro técnico vôlei de praia (Foto: CBV)Técnico de Juliana e Larissa, Reis Castro aprova
concentração, mas abre exceção para estrelas

- Acho que em um time s de futebol, como se de trata de vários, o treinador tem que ter um controle, e nada melhor do que tê-los dentro da concentração. (Levar namorado para a etapa) particularmente me incomoda, principalmente quando o atleta é novo e não sabe andar com as próprias pernas. Ele tem que estar focado, muito bem orientado, prestar atenção nos adversários, no que esta acontecendo no campeonato. Quando o atleta já é maduro, já se firmou em relação aos outros jogadores, é diferente. Quando você passa dois meses fora de casa, uma atleta levar o namorado para passar um fim de semana é algo que acho que ajuda. Há troca de sentimentos e fluidos que ajudam bastante.
Há também os atletas que, por conta própria, preferem ficar longe dos amados. Ágatha e Bárbara Seixas dormem no mesmo quarto enquanto Renan, noivo da paranaense e preparador físico da dupla, e Rico de Freitas, marido da carioca e técnico da parceria, dividem outro aposento.

- Nunca houve problemas entre nós duas (Ágatha e Bárbara), então nem passou pela cabeça ficarmos em quartos separados. Quando o ambiente é de competição, prefiro ficar em concentração. Em Curitiba, mesmo com toda minha família no nosso apartamento, preferi ficar no hotel para controlar melhor todos os horários. Tem gente que consegue manter o mesmo foco tendo esse contato todo com família e amigos, mas eu prefiro esse esquema de concentração mesmo. Cada um tem um jeito, uma preferência. É algo bem pessoal - disse Ágatha.


vôlei de praia Barbara Seixas e Agatha com noivo e marido (Foto: Arquivo Pessoal)Técnico Rico de Freitas é casado com Bárbara, enquanto Ágatha é noiva do preparador físico Renan Rippel

FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-brasileiro-de-volei-de-praia/noticia/2012/12/sem-concentracao-tradicional-atletas-curtem-liberdade-mas-sem-exageros.html



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