O terceiro e último entrevistado da série é Jorge Rodrigues. Aos 59 anos, ele atualmente patrocina o clube através de sua empresa, a Triunfo Logística, que estampa a marca nos uniformes de algumas modalidades, incluindo o futebol - o contrato se encerra no fim do ano, antes de tomar posse no caso de uma eventual vitória. Ele foi o escolhido por Patrícia Amorim para ir à Bolívia em janeiro - onde o Flamengo faria um período de adaptação à altitude para disputa da pré-Libertadores - para tentar amenizar a crise entre Ronaldinho Gaúcho e Vanderlei Luxemburgo, que terminou com a demissão do treinador.
Contudo, apesar do bom relacionamento com a atual administração, Jorge disse ter se sentido traído ao não ver o seu plano de contratar uma empresa para formatar um projeto de gestão profissional para o clube ser levado adiante por Amorim. Resolveu, portanto, se lançar candidato. Durante a corrida por votos, a sua chapa recebeu a adesão de outras duas, lideradas por Maurício Rodrigues e Lysias Itapicurú.
Jorge Rodrigues (Foto: Vicente Seda / Globoesporte.com)
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A ordem de publicação das entrevistas foi decidida por sorteio, e todos os candidatos responderam a dez perguntas iguais elaboradas pela equipe do site, além de questões formuladas pelos seus adversários. As entrevistas foram gravadas, sem edição, entre os dias 19 e 23, de acordo com a disponibilidade dos candidatos. Como a gravação aconteceu antes da oficialização das alianças entre os grupos, cada candidato respondeu a cinco perguntas elaboradas por seus rivais. O GLOBOESPORTE.COM decidiu editar essa parte das entrevistas, eliminando as questões levantadas por candidatos que desistiram de concorrer no dia 3 (Lysias Itapicurú, Maurício Rodrigues e Ronaldo Gomlevsky).- Primeiro entrevistado foi Eduardo Bandeira de Mello. Veja aqui.
Segundo estrevistado foi a atual presidente Patrícia Amorim. Veja aqui.
Cada postulante à presidência teve 15 minutos para responder às perguntas do GLOBOESPORTE.COM e cinco para responder às questões dos seus adversários (um minuto por resposta, considerando que inicialmente eram cinco perguntas neste bloco da gravação). O cronômetro foi parado apenas para que fossem feitas as perguntas, sem atribuição de limite de tempo para cada resposta, deixando o candidato livre para se aprofundar em um tema, ciente de que teria menos tempo para responder aos demais.
AS DEZ PERGUNTAS DA EQUIPE DO GLOBOESPORTE.COM:
O que há de mais urgente para ser resolvido no Flamengo e como resolver?
JORGE RODRIGUES: No Flamengo hoje existe uma palavra que é chave, que é urgência. Nós estamos em uma fase em que é necessário tudo. Temos de programar o nosso futuro, planejar o futebol para 2013, temos de organizar a nossa casa. Tudo é urgente no Flamengo, não existe nada que não seja urgente, que não seja para ontem. Já deveríamos ter começado a planejar o futebol para 2013, estamos atrasados, mas vamos recuperar o tempo perdido com competência e muito trabalho.
Quais são seus projetos para ampliação e valorização do patrimônio do clube? Há um projeto para a construção de um estádio ou a meta é o Maracanã?
Existe projeto para valorização do clube e para que o torcedor chegue mais ao Flamengo. Nós não vamos trabalhar com o torcedor virtual, aquele torcedor que recebe desconto nos ingressos, o torcedor que vê o jogo pela televisão. Estamos com o projeto de levar à sede do Flamengo, abrir sucursais nos estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em todos os lugares onde a massa rubro-negra predomina vamos criar um projeto de sedes iguais à Gávea.e levar essas sedes a esses estados. Vamos fazer com que o Flamengo vá ao torcedor, e não só o torcedor venha ao Flamengo, com isso aumentaremos o número de sócios e a arrecadação do clube.
Como administrar essa dívida do Flamengo de hoje?
Dívida, para quem tem um bilhão valendo a sua marca, para quem tem 40 milhões de sócios, a dívida hoje estimada em R$ 500 milhões não assusta. O que temos de fazer é ter inovações, buscar receitas, novas receitas, não podemos viver apenas da receita da televisão, da bilheteria e de patrocínio. Nós temos de transformar o Flamengo, fazer com que essa máquina de dinheiro, essa máquina de torcedores e o valor dessa marca se transformem em receitas, novas receitas para o clube. A dívida, só deve quem pode pagar, quem tem capacidade de pagar e isso o Flamengo tem muito bem. Dívida não assusta o Flamengo.
Nos dois últimos anos, o Flamengo sofreu com a falta de um patrocinador master. Qual é a sua meta para essa questão, para o marketing do clube e também para aumentar o número de associados?
Bom, primeiro lugar o marketing do Flamengo tem de ser tratado profissionalmente. Dentro não só do clube, mas de empresas ou qualquer instituição, o marketing tem de ter um privilégio. Então nós vamos privilegiar o marketing com uma sede, com um local onde podem trabalhar com liberdade. Vamos tirar o marketing da sede da Gávea e levar para onde era a nossa antiga concentração, ma Rua Jaime Silvado, em São Conrado. E ali nós vamos desenvolver ideias, desenvolver marketing, nós vamos buscar patrocínios, patrocínio master, vamos ter o marketing como nosso grande trunfo para nossa administração. E com isso desenvolver também ideias e divulgação para obter maior quantidade de sócios.
Qual o seu projeto para o futebol do Flamengo, como será a gestão e de que forma você pretende fazer o investimento neste setor?
A gestão do futebol será profissional. Nós vamos contratar um executivo profissional que vai comandar o futebol, desde a base até o profissional. Nesse período agora de adaptação, adaptação não, nesse período de falta de tempo, de espaço, nesses dois meses, três meses, eu vou assumir o futebol, colocar o futebol dentro do trilho, da ordem que ele tem de ter, e depois nós vamos fazer, de acordo com o que está sendo executado, o planejamento para o Campeonato Brasileiro. Queremos começar o Brasileiro com um time forte, um treinador que talvez possa ser até esse, vamos ver, e com um gestor profissional tomando conta do futebol. O futebol é o carro-chefe do Flamengo e a nossa prioridade.
O atacante Adriano deixou o Flamengo recentemente, mas disse que pretende voltar em 2013. Qual a sua avaliação sobre o caso? Se reeleita, pretende abrir as portas do clube para o jogador?
Eu acho que o Adriano é um capítulo à parte, porque o Flamengo tem aquele, não é defeito, aquele carinho pelos seus atletas. O Adriano foi hexacampeão em 2009, foi um dos artistas daquele título, e nós vimos, essa administração viu, que o Adriano poderia dar mais alguma coisa ao Flamengo, que poderíamos recuperar o Adriano. Mas infelizmente não foi possível, o caso do Adriano é um caso médico, um caso clínico, temos de tratar o Adriano como um ser humano que realmente necessita de cuidados médicos. Em 2013, eu acho que fica meio complicado nós contarmos com o Adriano porque não podemos parar para cuidar de atletas. Os atletas que chegarem no Flamengo em 2013 têm de chegar jogando, já com uma forma de disciplina totalmente enquadrada no contrato. Nós já vamos fazer contrato em que o atleta será penalizado por qualquer falta ou indisciplina que cometa. Não vai caber mais na nossa administração atletas problema.
Falando agora sobre a comissão técnica, atualmente comandada pelo Dorival Júnior, que tem contrato até o fim de 2013, e também sobre o atual diretor de futebol, Zinho. Qual o seu plano para esses dois pilares? Permanência, saída? Como você enxerga essa questão?
Quem vai decidir será o futuro gestor, o futuro executivo do futebol. Mas, dentro da minha gestão, não quero deixar de cumprir nenhum contrato. Então se eles têm contrato até o final de 2013, nós temos de conversar, fazer uma avaliação sobre o seu desenvolvimento, sobre a eficácia do seu trabalho. Isso aí dando certo, não tem problema dele continuar. Quanto ao Zinho, é um profissional, vamos conversar, ver o que ele pensa para 2013, o que tem de planejado para 2013, e se estiver de acordo com as nossas ideias, as nossas intenções, ele pode continuar, não vejo problema.
De 2011 para cá, o Flamengo revelou garotos muito promissores. Quais são os seus projetos para as divisões de base do clube?
A divisão de base do Flamengo, ela tem, como em qualquer clube, o objetivo da formação de craque, de atletas. É aonde tudo começa. Temos de ter um centro de treinamento. Eu chamaria de Centro Integrado de Treinamento George Helal. Qual é a nossa ideia, a nossa vontade? Isso será passado para o gestor, o executivo que venha assumir o futebol do Flamengo. A nossa ideia é tranformar aquele centro gestor como um centro integrado de treinamento. O garoto chega lá na parte da manhã na segunda-feira, vai se alimentar, vamos construir uma escola ou fazer parceria com algumas escolas da periferia, integrar esse aluno tanto na parte educacional como na parte do treinamento do futebol. E aqueles que tiverem dificuldade de se locomover para suas residências, ficará lá até sexta-feira, acompanhados por um veículo que será dado por nós, não pegará condução, nada disso. Vamos trazer o menino e levar o menino em casa, e dar a ele toda uma estrutura para que possa desempenhar sua função e ser um futuro craque do Flamengo.
Qual o seu projeto para os demais esportes do clube, os chamados esportes olímpicos? Pretende priorizar algumas modalidades?
O Flamengo nós temos de olhar como um todo, sendo que o futebol é a razão de ser do Flamengo. O Flamengo tem em todos os esportes uma tendência a vitória, a vencer. Queremos que todos os esportes sejam vencedores, mas não podemos deixar que todos os esportes sejam dependentes do futebol. Temos de criar e dar a esses outros esportes uma condição própria de sustentabilidade, dar a eles um patrocínio, fazer com que eles busquem a sua sobrevivência. Então os esportes vão ser prestigiados por nós, mas eles têm de trabalhar para que tenham a sua própria subsistência.
A senhora falou um pouco sobre o formato da gestão que pretende implantar no clube. A última pergunta é se a ideia de transformar o clube em empresa a agrada. Acha benéfico isso?
Transformar o clube em empresa não está no nosso foco, na nossa gestão. Nós temos de fazer com que o clube aja como empresa, pense como empresa. Para isso estamos contratando uma empresa de gestão profissional, que é uma empresa totalmente idônea, famosa mundialmente, que é a Price Waterhouse. Então essa empresa em janeiro vai elaborar um projeto de gestão profissional. Em cinco meses teremos esse projeto pronto. Então nós teremos as vice-presidências, precisamos das vice-presidências, e teremos os executivos em cada setor. O Flamengo será totalmente como se fosse um país, a nossa nação, com vários departamentos, que seriam os estados. Em cada estado desse, teria uma vice-presidêntia, teria o seu executivo, para que nós pudéssemos desenvolver profissionalmente essa nova gestão do Flamengo. O Flamengo precisa e deve entrar na modernidade.
AS PERGUNTAS DOS OUTROS CANDIDATOS:
Patrícia Amorim: Você é a favor que o Flamengo aprove o contrato de patrocínio da Adidas por R$ 38 milhões ao ano, já que o da Olympikus era de R$ 17 milhões?
Bom, pelos valores, aprova-se. Mas pelo tempo de 10 anos, acho um tempo muito grande. Acho que nesse contrato deveria ter uma cláusula de avaliação do contrato com cinco anos. Se tivéssemos uma performance excelente, deveríamos aumentar o valor desse contrato. Se nós tivéssemos uma performance abaixo daquilo que se espera, deveríamos também diminuir o valor do contrato. Tinha de ser para os dois, mas tinha de ter cinco anos de contrato, cinco anos para fazer uma avaliação do contrato.
Eduardo Bandeira de Mello: A Chapa Azul possui um grupo de executivos do mercado junto com seu candidato. Qual é o seu grupo?
Olha, o grupo de executivos da Chapa Azul, ele falou bem, executivos. Eles poderão ser alguns dos executivos do meu mandato, já que eles são executivos. Os meus executivos ainda estou escolhendo, talvez possa escolher alguns deles que tem alguns que são bons, quem sabe?
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2012/11/rodrigues-quer-gestao-profissional-no-fla-temos-de-organizar-casa.html