Retrospectiva 2013: Brasil perde Nilton Santos e outros campeões
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Retrospectiva 2013: Brasil perde Nilton Santos e outros campeões


Enciclopédia do Futebol, Gylmar, Djalma Santos e De Sordi deixam país mais triste. Ídolos uruguaios Pedro Rocha e Mazurkiewicz também morrem em 2013

Por Rio de Janeiro

Carrossel_NILTON-SANTOS_Falecimento_27-11 (Foto: arte esporte)O bicampeão mundial Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol (Foto: arte esporte)
Das cinco estrelas bordadas na camisa mais temida do planeta, eles foram responsáveis por duas (exceto De Sordi, detentor do título apenas em 1958). Em 2013, o Brasil perdeu quatro lendas do futebol. Quatro campeões do mundo morreram e deixaram saudade: o goleiro Gylmar e os laterais Djalma Santos, De Sordi e Nilton Santos. O último foi a Enciclopédia. O maior lateral-esquerdo de todos os tempos. O homem que provou ser possível um defensor ir ao ataque e até marcar um gol, como fez na Copa de 1958, na Suécia, em partida contra a Áustria, após tabela com Mazzola. O homem que enganou o juiz e salvou o Brasil no Mundial de 1962, no Chile, ao dar um passo à frente após ter cometido pênalti no ponta Enrique Collar, da Espanha, na vitória por 2 a 1.

Um dos jogadores mais importantes no bicampeonato mundial de 1958 e 1962, Nilton Santos, que ainda disputou as Copas de 1950 e 1954, marcou época no Botafogo. A camisa alvinegra com a estrela solitária foi a única que vestiu. E se  tornou o maior soldado em preto e branco: é o recordista de jogos (718 partidas), ganhou o Rio-São Paulo de 1962 e 1964,o Carioca em 1954, 1957, 1961 e 1962. No bicampeonato estadual, formava o timaço-base da Seleção bicampeã mundial, com Didi, Zagallo, Amarildo... E Mané Garrincha. 


Nilton Santos Botafogo arquivo (Foto: Arquivo)Em clubes, o lateral Nilton Santos só vestiu uma camisa: a do Botafogo (Foto: Arquivo)
Alto, com 1,84m, habilidoso, ambidestro, veloz, clássico, elegante, forte. Nilton já era assim desde os tempos do futebol de praia. Chegou ao Botafogo com 23 anos, após ter se destacado no time do Exército. Mesmo depois que parou, era uma espécie de relações-públicas do clube, tamanha a habilidade para contar os causos. Há anos, travava luta contra o mal de Alzheimer, e, pouco antes de morrer, no dia 27 de novembro, sofria de infecção pulmonar.


Djalma Santos
Se do lado esquerdo Nilton Santos era praticamente uma unanimidade, do lado direito Djalma dos Santos, que morreu no dia 23 de julho, em Uberaba, também fez história. Como jogador, tirou a preposição do nome e virou sinônimo de técnica, ousadia, dedicação, profissionalismo. Habilidoso e dono de muito vigor físico, tornou-se, ao lado de Nilton Santos, um dos professores na arte de saber defender e atacar. Ídolo na Portuguesa de Desportos, onde começou, Palmeiras e Atlético-PR, fez carreira vitoriosa também na Seleção. Das quatro Copas que jogou, ganhou duas - 1958 e 1962.

Para se ter ideia da qualidade de Djalma, na Suécia ele atuou em apenas uma partida. A última. A decisão, contra os donos da casa. E adivinha o que aconteceu? Pelos 90 minutos, foi simplesmente eleito o melhor lateral-direito do Mundial. De Sordi, o titular, sofrera estiramento na coxa direita que o tirou da partida. E a partir dali Djalma não mais deixou a posição, da qual já fora dono na Copa de 1954, na Suíça, competição de más recordações para o Brasil.
Djalma Santos (Foto: Jairo Chagas/Jornal da Manhã)Djalma Santos brilhou na final de 58 e foi eleito melhor lateral da Copa de 1958, atuou (Foto: Jairo Chagas/Jornal da Manhã)
Naquele Mundial, a Seleção, treinada por Zezé Moreira, acabou eliminada ainda na primeira fase. Djalma Santos foi titular em todas as três partidas. Na derrota para a Hungria de Puskas por 4 a 2, ainda marcou um gol de pênalti. E mostrou a personalidade que o acompanharia desde os tempos da Lusa, onde, ao lado de Brandãozinho e Julinho Botelho, conquistou dois Rio-São Paulo, em 1952 e 1955.

No Palmeiras, integrou com Ademir da Guia, Djalma Dias e outros craques a famosa Academia de Futebol campeã paulista em 1959, 1963 e 1966, da Taça Brasil, nos anos de 1960 e 1967, e do Rio-São Paulo, em 1965. Do Palmeiras, Djalma foi para o Atlético-PR, onde encerrou a carreira aos 41 anos. Foi campeão estadual em 1970. No ano seguinte, fez sua despedida dos campos, contra o Grêmio, em um amistoso. 


De Sordi
Titular da lateral direita na Copa de 1958 - sim, ele deixou Djalma Santos no banco até a partida decisiva e só não jogou contra a Suécia por contusão -, Nilton de Sordi, conhecido como De Sordi, morreu no dia 24 de agosto, com 82 anos, por falência múltipla de órgãos. Foi quase um mês depois do falecimento de Djalma Santos. De Sordi, que já sofria do mal de Parkinson, disputou 543 partidas pelo São Paulo e foi campeão paulista em 1953 e 1957.


de sordi ex-jogador são paulo (Foto: Divulgação/Site oficial do São Paulo)De sordi, ex-jogador São Paulo, campeão mundial em 1958 (Foto: Divulgação/Site oficial do São Paulo)
Além de XV de Piracicaba, onde começou a carreira, e São Paulo, De Sordi atuou pelo União Bandeirante, onde encerrou a carreira em 1966 e depois atuou como treinador em duas oportunidades. O ex-lateral morava há dois anos em Bandeirantes, com seus familiares.


Gylmar
No dia seguinte à morte do lateral De Sordi, em 25 de agosto, outro que deixou o Brasil de luto foi Gylmar dos Santos Neves. O goleiro bicampeão mundial pela Seleção em 1958 e 1962 e tantas vezes campeão pelo Santos de Pelé e pelo Corinthians não resistiu a um infarto aos 83 anos. O ex-jogador se recuperava de um AVC sofrido em 2000.

Considerado por muitos o maior goleiro do futebol brasileiro, Gylmar começou no Jabaquara, de Santos. Depois foi para o Corinthians. Entre os anos de 1951 e 1961, conquistou três vezes o Campeonato Paulista e duas vezes o Torneio Rio-São Paulo. Em 1962, trocou o Timão pelo Santos, e lá fez parte da equipe que encantou o planeta.



chamada CARROSSEL Gilmar falecimento (Foto: arte esporte)Gylmar dos Santos Neves, o goleiro mais campeão pela seleção brasileira (Foto: arte esporte)
A lista de títulos pelo Peixe é extensa. foi bicampeão da Libertadores e do Mundial Interclubes, nos anos de 1962 e 1963. Venceu também o Campeonato Paulista (1962, 1964, 1965, 1967 e 1968), o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1968), a Taça Brasil (1961, 1962, 1963, 1964 e 1965), o Torneio Rio-São Paulo (1963, 1964 e 1966) e a Recopa dos Campeões Mundiais (1968). Na seleção brasileira, atuou em 104 jogos, com 73 vitórias, 15 empates, 16 derrotas e 104 gols sofridos. 



Craques uruguaios
Mazurkiewicz  goleiro Uruguai camisa Atlético-MG (Foto: Arquivo / Site Oficial do Atlético-MG)Mazurkiewicz, goleiro da Celeste, jogou no Atlético Mineiro (Foto: Arquivo / Site Oficial do Atlético-MG)
O ano foi também de perdas do futebol uruguaio. A começar por Ladislau Mazurkiewicz, 67 anos, goleiro do Uruguai na Copa de 1970 e do Atlético Mineiro, No dia 2 de janeiro, o ex-jogador morreu vítima de problemas respiratórios e renais. Mazurkiewicz foi um dos destaques no Mundial do México. Ele ficou marcado por lances com Pelé, entre eles o clássico drible de corpo dado pelo Rei, que deixou a bola passar entre as pernas mas depois acabou errando o gol. Além do drible da vaca, Mazurkiewicz protagonizou outro lance com o camisa 10 brasileiro na mesma partida. Após um tiro de meta cobrado errado, o jogador da Seleção pegou de primeira da intermediária e quase marcou o gol da virada canarinho. O arqueiro fez a defesa.

Além de ter atuado pelo Atlético-MG por duas temporadas (1972 a 1974), Mazurkiewicz defendeu o Peñarol-URU, conquistando, em 1966, a Libertadores e a Copa Intercontinental. Também defendeu as cores do Granada-ESP (1974 a 1978), Cobreloa-CHI (1979) e América de Cáli-COL (1980). Em 1981, voltou ao Peñarol para encerrar a carreira. Entre os anos de 1993 e 1997, o arqueiro também trabalhou como preparador de goleiros.


Pedro Rocha
No fim do ano, os uruguaios perderam outro ídolo e velho conhecido do futebol brasileiro. Pedro Virgílio Rocha Franchetti, o Pedro Rocha, meio-campo cerebral, habilidoso, foi o único a disputar quatro Copas do Mundo (1962, 1966, 1970 e 1974) pela Celeste. O camisa 10 está entre os maiores craques do Peñarol. Lá ganhou tudo: sete vezes campeão uruguaio (1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967 e 1968), tricampeão da Libertadores (1960, 1961 e 1966) e bicampeão mundial interclubes (1961 e 1966).



pedro rocha são paulo (Foto: Agência Estado)Craque uruguaio Pedro Rocha marcou época no São Paulo (Foto: Agência Estado)
Pedro Rocha chegou ao São Paulo em 1970 para se tornar um dos maiores ídolos com a camisa 10 tricolor. Sempre com a cabeça erguida, dava passes curtos e longos precisos, e era muito bom no jogo aéreo. Campeão paulista em 1971 e 1975, artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1972 - foi o primeiro estrangeiro a conseguir a proeza. Levou o Tricolor a uma final de Libertadores pela primeira vez em 1974, ficando com o vice-campeonato (o Independiente foi o campeão). Com o uruguaio vestindo a camisa 10, o Tricolor Paulista foi vice-campeão brasileiro em 1971 e 1973.

Em 1978, transferiu-se para o Coritiba. Antes de encerrar a carreira, em 1980, ainda passou por Bangu, Deportivo Neza e Monterrey, do México, e Al-Nassr. No total em sua carreira, entrou em campo 620 vezes e marcou 213 gols. Depois de ter pendurado as chuteiras, abraçou a carreira de treinador, passando por mais de 20 clubes, entre eles Coritiba, Portuguesa e Guarani. Em 2009, sofreu um AVC. Como sequela, sofreu de atrofia do mesencéfalo, mal que afetou os movimentos e a fala, o que o deixou muito deprimido. Morreu em 2 de dezembro de 2013, na cidade de São Paulo, na véspera de completar 72 anos.


Ramallets, Liminha, Jancarlos
Outra morte que deixou muita tristeza no mundo do futebol em 2013 foi do catalão Ramallets, um dos maiores goleiros da história do Barcelona, onde atuou por 14 anos e ganhou seis campeonatos nacionais, e da seleção espanhola. Na meta da Fúria, tornou-se o primeiro goleiro a ser ovacionado no Maracanã.



Jancarlos, lateral-direito do Rio Branco-ES (Foto: Richard Pinheiro)Jancarlos, lateral-direito do Rio Branco-ES (Foto: Richard Pinheiro)
Foi durante a Copa de 1950, quando suas atuações valeram a classificação da Espanha à fase final, principalmente contra Chile e Inglaterra. Com isso, ganhou o apelido de "Gato do Maracanã". Ramallets, que também atuou no Mallorca e no Valladolid e depois virou treinador, morreu aos 89 anos, em 30 de julho.

No dia 1º de novembro, Liminha, ex-volante do Flamengo, conhecido como Carregador de Piano, tamanha era sua dedicação em campo, morreu de infecção generalizada, no Rio de Janeiro. Liminha foi o oitavo jogador que mais vestiu a camisa rubro-negra, com 513 partidas e 23 gols entre os anos de 1968 e 1975. Ganhou o Carioca em 1972 e 1974.

Mas não foram apenas ex-atletas que partiram. O lateral Jancarlos, ex-São Paulo, Fluminense, Atlético-PR, Cruzeiro, Juventude e Rio Branco-ES, entre outros, morreu ainda em atividade. O carro do jogador de 30 anos caiu em uma ribanceira na BR-040, em Itaipava, na pista sentido Rio de Janeiro. O atleta estava em um Hyundai. Foi socorrido, mas não resistiu e morreu a caminho do Hospital Municipal Nelson de Sá Earp, em Petrópolis, no dia 22 de novembro. Jancarlos estava no Vilavelhense-ES.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2013/12/retrospectiva-2013-brasil-perde-nilton-santos-e-outros-campeoes.html



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