Enquanto a bola subia e descia milhares de vezes ao longo do ano, a história do vôlei brasileiro em 2012 teve títulos e glórias, ousadias e discussões, polêmicas e despedidas. O ponto alto veio em Londres, onde a seleção feminina emplacou uma reação antológica ao longo das Olimpíadas para arrancar o bicampeonato. Bi para as meninas, tri para José Roberto Guimarães, único brasileiro com três ouros olímpicos no peito - apesar de oficialmente não ganhar as medalhas. Se ficaram rusgas com Mari, cortada antes dos Jogos e insatisfeita com a decisão do técnico, sobrou espaço para o brilho de Sheilla, que comandou a equipe e ainda se lançou como modelo num ensaio sensual. O masculino quase chegou lá, mas o grupo de Bernardinho se despediu com sabor de decepção ao perder para a Rússia numa final que parecia decidida a seu favor.
Na praia, mais um ano repleto de vitórias de Juliana e Larissa, com a diferença de ter sido o último da dupla. A parceria se desfaz para Larissa realizar o sonho de ser mãe, e fica uma lacuna nas areias. Resta esperar a confirmação de novos talentos como Rebecca, apontada como revelação neste ano. Relembre, a seguir, os principais momentos do vôlei em 2012.
Entre todos os brasileiros que já pisaram em solo olímpico, só um pode bater no peito e dizer que é tricampeão. Poder até pode, mas não é muito o estilo dele. José Roberto Guimarães prefere um sorriso discreto, um papo em voz baixa, uma superstição escondida. Ouro em Barcelona 1992 com a seleção masculina e Pequim 2008 com a feminina, o treinador voltou a brilhar em Londres e levou as meninas novamente ao alto do pódio. E desta vez também teve que se desdobrar como psicólogo. A equipe esteve à beira da eliminação na primeira fase dos Jogos, mas encontrou energia para reagir, se classificou na bacia das almas e arrancou para uma conquista heroica. A trajetória inclui uma vitória épica sobre a Rússia nas quartas de final, salvando seis match points. E uma virada de gente grande sobre as americanas na decisão do ouro. Após um atropelamento constrangedor no set inicial, o Brasil renasceu. De novo. E venceu. Dois ouros olímpicos seguidos para as moças, o terceiro de Zé Roberto, o grande personagem do vôlei brasileiro em 2012.
Naquele 9 de dezembro, Juliana nem ligou para as broncas. Levantou uma bola com perfeição para que Larissa fechasse, com um ponto, o jogo de despedida (21/15, 16/21 e 15/12 contra Shaylyn e Karin). O domingo na Praia da Leme, na disputa do terceiro lugar da etapa carioca do Circuito Brasileiro, marcou a separação da dupla mais vitoriosa do vôlei de praia brasileiro (veja os melhores momentos do jogo no vídeo ao lado). Larissa, aos 30 anos, quer realizar o sonho de ser mãe. Juliana passará a jogar com Maria Elisa.
Foram nove anos de parceria. Muitos títulos e broncas em quadra, alguns desgastes fora dela. O "casamento" rendeu sete títulos do Circuito Mundial, quatro medalhas em mundiais (ouro em 2011), o bronze olímpico em Londres 2012, dois ouros em Jogos Pan-Americanos (Rio 2007 e Guadalajara 2011) e cinco troféus no Circuito Brasileiro. Em109 torneios, 1.016 vitórias.
- Missão cumprida. A gente merecia isso, depois de tanta luta, tantos jogos, tantos torneios. Essa vitória tem um gostinho especial, de despedida. Minha família está toda ali. Eu tinha que ser forte. Foi isso que eu escolhi. Agora é hora. Paro feliz, contente - disse Larissa.
Das areias, surgiu um nome forte para o Brasil em 2012: Rebecca. Vice-campeã mundial sub-21 e campeã nacional sub-21, ela é a atual parceira de Lili, com quem fez três pódios em seis etapas no Circuito Brasileiro, incluindo um título. A escolha para atuar ao lado de Lili foi da própria Confederação Brasileira de Vôlei, pensando em uma dupla forte para 2016. Por enquanto, vai dando certo. Eliminadas por Juliana e Larissa nas cinco primeiras etapas do Circuito, elas bateram as campeãs mundiais na sexta, no Rio, e avançaram para o primeiro ouro.
A Rússia estava morta. No terceiro set da final olímpica, o Brasil voava em quadra e, a certa altura, tinha dois match points para pendurar o ouro no pescoço. Mas era cedo demais para festejar. Com a vitória na mão e Dante sofrendo com uma lesão, Bernardinho lançou Giba, que ainda não tinha jogado em Londres. A torcida foi ao delírio, mas o efeito não foi o esperado. Os russos reagiram, respiraram, renasceram. A equipe europeia venceu o terceiro set, e o técnico Vladimir Alenko ainda deu um pulo do gato que ninguém poderia supor: deslocou o gigante Dmitriy Muserskiy, de 2,18, para a posição de oposto. E ele tratou de destruir a seleção verde-amarela. Com uma virada impensável, a Rússia derrubou o Brasil no tie-break e ficou com um ouro que já parecia perdido. E a prata ficou com sabor amargo.
Nas Olimpíadas, Giba só entrou em quadra na final contra Rússia, bem na hora da reação heroica dos rivais. Três meses depois, já aposentado da seleção, o atacante sofreu outra decepção. Em novembro, sua esposa, a romena Cristina Pirv, publicou uma mensagem no Facebook expondo uma crise e anunciando a separação. "A maior decepção da minha vida, meu ex-marido Giba. Hoje meu casamento acabou! Agradeço a Deus por ter me mostrado sempre que eu não quis ver a verdade!", afirmou. O jogador não confirmou a separação oficialmente, mas publicou uma nota em seguida confirmando a crise e disse que não iria mais se pronunciar sobre o assunto.
"Eu acho que é fácil para ele (Zé Roberto) falar certas coisas, que minha energia não era boa, que ele me deu toques. Agora, fica na consciência dele. Passei três ciclos olímpicos para, no último minuto, ser cortada. Ele não se importou com o que acrescentei à seleção. Ele agiu muito mal. O meu corte atrapalhou muito o grupo. Sei disso porque falo com as jogadoras. As meninas se fecharam e se uniram para conseguir o título. A relação entre o Zé Roberto e as atletas estava muito desgastada. Se elas não tivessem parado e conversado para fazer tudo de novo, o ouro não teria acontecido. Elas são realmente as grandes merecedoras da medalha" - Mari, em entrevista à revista "Isto É" sobre seu corte antes das Olimpíadas de Londres, revelando problemas de relacionamento no grupo.
Só deu Sheilla em 2013. Nas Olimpíadas, a atacante foi um dos grandes destaques da campanha dourada do Brasil, o que acabou lhe rendendo, ao fim do ano, o troféu de melhor atleta feminina no Prêmio Brasil Olímpico. Mas foi entre um feito e outro que ela ganhou mais manchetes país afora. A jogadora fez seu primeiro ensaio sensual, para a revista VIP, e usou sua conta no Twitter para divulgar as fotos.
A vitória sobre a Rússia nas quartas de final em Londres fez Zé Roberto explodir de alegria. Quase literalmente. Contido na maioria das vezes, o técnico não segurou a euforia e deu um peixinho na quadra para comemorar a virada antológica da seleção. A imagem rodou o mundo.
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FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2012/12/retrospectiva-2012-volei-consagra-meninas-do-ze-e-separa-ju-e-larissa.html
Festa brasileira em Londres: as meninas são bicampeãs olímpicas (Foto: Agência Reuters)
Zé Roberto, o único tricampeão olímpico brasileiro,
é o personagem do vôlei (Foto: Divulgação / FIVB)
é o personagem do vôlei (Foto: Divulgação / FIVB)
Foram nove anos de parceria. Muitos títulos e broncas em quadra, alguns desgastes fora dela. O "casamento" rendeu sete títulos do Circuito Mundial, quatro medalhas em mundiais (ouro em 2011), o bronze olímpico em Londres 2012, dois ouros em Jogos Pan-Americanos (Rio 2007 e Guadalajara 2011) e cinco troféus no Circuito Brasileiro. Em109 torneios, 1.016 vitórias.
- Missão cumprida. A gente merecia isso, depois de tanta luta, tantos jogos, tantos torneios. Essa vitória tem um gostinho especial, de despedida. Minha família está toda ali. Eu tinha que ser forte. Foi isso que eu escolhi. Agora é hora. Paro feliz, contente - disse Larissa.
Juliana e Larissa no dia da despedida: trajetória vitoriosa na areia (Foto: Mauricio Kaye / CBV)
Rebecca, revelação na praia (Foto: Mauricio Kaye)
O time de Bernardinho ficou com a prata após ter o
jogo na mão contra a Rússia (Foto: Agência EFE)
jogo na mão contra a Rússia (Foto: Agência EFE)
Mari: cortada dos Jogos (Foto: Alexandre Arruda)
5 | 1.016 | 41 |
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São os títulos do Osasco na Superliga. Na edição 2011/12, a equipe paulista bateu o Rio de Janeiro no Maracanãzinho e levantou a taça do pentacampeonato. | E o número de vitórias de Juliana e Larissa em nove anos de parceria. A dupla se separou neste ano, porque Larissa quer ser mãe. | Com essa idade, Fernanda Venturini se despediu das quadras na final da Superliga contra o Osasco. |
A jogadora Sheilla em foto de seu primeiro ensaio sensual, publicado pela revista VIP (Foto: Divulgação)
Zé Roberto não se conteve e partiu para o peixinho na hora da festa (Foto: JONNE RORIZ/AGÊNCIA ESTADO )
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2012/12/retrospectiva-2012-volei-consagra-meninas-do-ze-e-separa-ju-e-larissa.html