Tem paella na terra da tapioca. Recife, a primeira casa dos campeões mundiais na Copa das Confederações, conta com uma colônia espanhola considerável. No domingo, quando enfrentar o Uruguai na Arena Pernambuco, em sua estreia na competição, a Espanha sentirá o apoio de dezenas de torcedores no estádio. E tantos outros deles, sem ingressos, apoiarão a Fúria pela televisão. São espanhóis que, por motivos pessoais ou oportunidades de trabalho, trocaram a Europa pelo nordeste brasileiro.
No caso de Juanpa Ausín, 31 anos, cruzar o oceano foi uma aventura motivada pelo amor. Em 2007, ele conheceu, ao fazer a peregrinação de Santiago de Compostela, a brasileira Naide Nóbrega, 37. Viraram amigos – não mais do que isso. No ano seguinte, se reencontraram em Praga. E aí começou o namoro. O resultado hoje está no colo do casal: a pequena Marina, de um ano e sete meses.
Juanpa largou tudo para morar no Brasil. Ele e a esposa (casaram-se em 2011) são jornalistas. Assistem aos jogos da Espanha juntos, com camisa e tudo. Compartilham uma tatuagem que une as bandeiras de Brasil e Espanha. E neste domingo verão a cidade onde vivem receber a Fúria. Uma enorme coincidência para Juanpa.
- Quando falaram que a Espanha ia jogar aqui, eu disse: “Não... não vai, não. Vai, não”. Eu achava que não vinha – disse o espanhol, nascido na cidade de Palencia e torcedor do La Coruña.
Juanpa é um dos cerca de 105 mil habitantes do Brasil nascidos na Espanha. Uma fatia deles está no Recife. Até dezembro de 2012, 685 espanhóis haviam se registrado no Consulado Honorário da cidade - que conta com pelo menos três restaurantes de culinária típica de lá. Mas o número tende a ser maior, visto que o procedimento não é obrigatório. E vem aumentando, especialmente com a presença de engenheiros.
Na capital pernambucana, eles têm um ponto de convergência. O Instituto Cervantes faz o elo entre a comunidade local e os espanhóis. É uma instituição internacional. O diretor de cada sede é, necessariamente, espanhol. No Recife, o cargo é de Isidoro Castellanos, 57 anos, há oito meses vivendo no Brasil.
Ele nasceu em León, no nordeste da Espanha. Viveu 17 anos em Barcelona e outros 17 em Madri antes de rumar para Sidney, na Austrália, de onde partiu para o Recife. É torcedor do Real Madrid. Tinha lugar garantido na Arena Pernambuco, mas desistiu de ir ao jogo. É que o instituto que ele dirige receberá dezenas de espanhóis que não conseguiram ingressos.
- Foi uma surpresa muito grande quando soubemos que a seleção espanhola viria para cá. Não podíamos esperar essa sorte. Para nós, é um orgulho muito grande. Ao mesmo tempo, é uma grande oportunidade para estreitarmos os laços entre a comunidade espanhola e a população da cidade. Afinal, uma paixão os une: o futebol – disse Isidoro, em um português quase impecável.
Juanpa e Isidoro estavam em seu país apenas em parte da Copa de 2010, conquistada pela Espanha. O jornalista viu a primeira parte do Mundial no Brasil. Nas oitavas de final, contra Portugal, estava no aeroporto, justamente em terras portuguesas, no horário da partida. Estava preocupado que o voo saísse no meio do jogo. Quando percebeu, os pilotos estavam acompanhando o duelo ao lado dele. O avião só partiu depois do apito final – com a Espanha classificada.
Já Isidoro morava em Sidney, mas foi convocado para uma série de cursos na Espanha. Viajou depois da semifinal, contra a Alemanha. Ao entrar no avião, ganhou os parabéns pela classificação e, de quebra, o convite para sentar-se na primeira classe. Já em casa, foi campeão do mundo pela primeira vez.
Por outro lado, ele não morava na Espanha na Copa do Mundo de 1982, sediada no país. Estava na Inglaterra. Ano que vem, em sua nova casa, finalmente receberá uma Copa do Mundo.
- E aqui eu me sinto em casa mesmo. Esta é a minha casa agora.
A Espanha chega na noite desta quarta-feira ao Recife. Será bem recebida. Até uma estação de metrô está enfeitada com as cores do país. No domingo, um grupo de espanhóis assistirá junto ao jogo contra o Uruguai em um telão no Instituto Cervantes. Isidoro, mesmo com ingresso para a partida, estará lá.
- Seria deselegante de minha parte não estar aqui. E posso garantir que a festa vai ser mais animada do que no estádio – assegurou o espanhol.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecoes/espanha/noticia/2013/06/quase-em-casa-furia-tera-carinho-de-comunidade-espanhola-no-recife.html
No caso de Juanpa Ausín, 31 anos, cruzar o oceano foi uma aventura motivada pelo amor. Em 2007, ele conheceu, ao fazer a peregrinação de Santiago de Compostela, a brasileira Naide Nóbrega, 37. Viraram amigos – não mais do que isso. No ano seguinte, se reencontraram em Praga. E aí começou o namoro. O resultado hoje está no colo do casal: a pequena Marina, de um ano e sete meses.
Juanpa com a esposa e a filha. Casal tem tatuagem com bandeira dividida (Foto: Victor Canedo)
- Quando falaram que a Espanha ia jogar aqui, eu disse: “Não... não vai, não. Vai, não”. Eu achava que não vinha – disse o espanhol, nascido na cidade de Palencia e torcedor do La Coruña.
Juanpa é um dos cerca de 105 mil habitantes do Brasil nascidos na Espanha. Uma fatia deles está no Recife. Até dezembro de 2012, 685 espanhóis haviam se registrado no Consulado Honorário da cidade - que conta com pelo menos três restaurantes de culinária típica de lá. Mas o número tende a ser maior, visto que o procedimento não é obrigatório. E vem aumentando, especialmente com a presença de engenheiros.
Isidoro reunirá espanhóis no instituto que dirige
(Foto: Victor Canedo)
(Foto: Victor Canedo)
Ele nasceu em León, no nordeste da Espanha. Viveu 17 anos em Barcelona e outros 17 em Madri antes de rumar para Sidney, na Austrália, de onde partiu para o Recife. É torcedor do Real Madrid. Tinha lugar garantido na Arena Pernambuco, mas desistiu de ir ao jogo. É que o instituto que ele dirige receberá dezenas de espanhóis que não conseguiram ingressos.
- Foi uma surpresa muito grande quando soubemos que a seleção espanhola viria para cá. Não podíamos esperar essa sorte. Para nós, é um orgulho muito grande. Ao mesmo tempo, é uma grande oportunidade para estreitarmos os laços entre a comunidade espanhola e a população da cidade. Afinal, uma paixão os une: o futebol – disse Isidoro, em um português quase impecável.
Juanpa e Isidoro estavam em seu país apenas em parte da Copa de 2010, conquistada pela Espanha. O jornalista viu a primeira parte do Mundial no Brasil. Nas oitavas de final, contra Portugal, estava no aeroporto, justamente em terras portuguesas, no horário da partida. Estava preocupado que o voo saísse no meio do jogo. Quando percebeu, os pilotos estavam acompanhando o duelo ao lado dele. O avião só partiu depois do apito final – com a Espanha classificada.
Já Isidoro morava em Sidney, mas foi convocado para uma série de cursos na Espanha. Viajou depois da semifinal, contra a Alemanha. Ao entrar no avião, ganhou os parabéns pela classificação e, de quebra, o convite para sentar-se na primeira classe. Já em casa, foi campeão do mundo pela primeira vez.
Estação do metrô tem bandeira da Espanha
(Foto: Victor Canedo)
(Foto: Victor Canedo)
- E aqui eu me sinto em casa mesmo. Esta é a minha casa agora.
A Espanha chega na noite desta quarta-feira ao Recife. Será bem recebida. Até uma estação de metrô está enfeitada com as cores do país. No domingo, um grupo de espanhóis assistirá junto ao jogo contra o Uruguai em um telão no Instituto Cervantes. Isidoro, mesmo com ingresso para a partida, estará lá.
- Seria deselegante de minha parte não estar aqui. E posso garantir que a festa vai ser mais animada do que no estádio – assegurou o espanhol.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecoes/espanha/noticia/2013/06/quase-em-casa-furia-tera-carinho-de-comunidade-espanhola-no-recife.html