Esporte
Purpurina, riso e homenagem ao pai: anã halterofilista leva 1º ouro do Brasil
Maria Rizonaide ergue 73kg e inaugura o quadro de medalhas do país em Toronto
Por Helena Rebello
Direto de Toronto, Canadá
A primeira vitória do Brasil em Toronto foi tão brilhante quanto possível. Com maquiagem purpurinada, os olhos cheios d’água e um ouro no peito, Maria Rizonaide inaugurou a contagem de medalhas do país nos Jogos Parapan-Americanos. Neste sábado, na categoria até 50kg do levantamento de peso, a brasileira de 1,29m de altura ergueu 73kg e cumpriu uma promessa feita ao pai, falecido há 20 dias, ao subir no lugar mais alto do pódio. A colombiana Nohemi Carabali (67kg) e a mexicana Padill Rodriguez (65kg) ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente.
Rizonaide, que pelos amigos também é chamada de Tainá, encarou dias de muita ansiedade até a competição. Seu pai, João Baptista, enfrentava um câncer de próstata e estava muito debilitado.
Apesar da vontade de estrear em um Parapan e da perspectiva de brigar por medalhas, a atleta chegou a cogitar abandonar temporariamente o esporte para acompanha-lo no hospital. Ele a fez mudar de ideia.
Maria Rizonaide posa com sua medalha no
Parapan de Toronto (Foto: Daniel Zappe
/CPB/MPIX)
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- Há 20 dias perdi meu querido pai, então essa medalha é em homenagem a ele. Ele me apoiava muito, me acompanhava... Eu pensei em desistir do esporte para cuidar dele, e ele falou para eu não fazer isso. Falou para eu vencer, que quando eu voltasse ele estaria ali. Fui para a semana de treinamento, quando voltei, ele já estava muito debilitado, falava pouco, mas dizia para eu seguir minha carreira, que eu conseguiria. Eu falei que ia fazer isso por ele. Dia 22 ele faleceu. Foi muito difícil para mim estar aqui – disse, emocionada. Rizonaide ganhou o primeiro ouro do
Brasil (Foto: Daniel Zappe/CPB/MPIX)
Maria começou com o peso de partida mais alto entre as seis concorrentes em sua categoria. Na primeira tentativa, teve sucesso e aprovação das três árbitras ao erguer 71kg. Na segunda rodada, aumentou o peso em dois quilos, mas a marca não foi validada por duas árbitras. Mesmo assim, a potiguar manteve a liderança. Ela repetiu a tentativa em 73kg e, desta vez, teve sucesso.
Levantou comemorando, socando o ar, dividida entre o sorriso largo e as lágrimas. Abraçou a comissão técnica brasileira e bradou sua vitória. Estava tão animada ao dar entrevista, falando alto, que a organização do evento pediu que ela se contivesse pois atletas de outra categoria ainda estava competindo e precisavam de silêncio. Mesmo em voz baixa, a alegria em suas palavras era contagiante.
- Estou muito feliz por estar representando o Brasil. Eu estava muito nervosa, mas dei o sangue, dei minha vida pelo Brasil, que merece isso. Só tenho que agradecer por todas as oportunidades que eu tive até esse meu primeiro Parapan. Se Deus quiser vai ter mais.
Ainda neste sábado, outros dois atletas competiram pelo Brasil no levantamento de peso. Na mescla das categorias até 49kg e até 54kg, Luciano Bezerra Dantas, mais conhecido como Montanha, faturou a medalha de bronze ao erguer 138kg (índice de 154.60, em conta feita para compensar a unificação de categorias). Ele teve a melhor marca da primeira rodada, mas falhou nas duas tentativas seguintes e terminou na terceira colocação. O ouro ficou com o chileno Jorge Cardenas, com índice 166.40, e a prata com o cubano Cesar Rubio Guerra, com índice 157.55. Gustavo Tavares não conseguiu levar os 120 kg propostos nas três tentativas.
- Não fui a Guadalajara, então treinei dobrado para poder vir agora. É uma honra muito grande, um orgulho. Tem que fazer bonito pela nossa nação para não levar puxão de orelha quando chegar no Brasil.O orgulho de Luciano Dantas, o Montanha,
pelo bronze em Toronto (Foto: Daniel
Zappe/mpix/cpb)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/parapan/noticia/2015
/08/purpurina-riso-e-homenagem-ao-pai-ana-
halterofilista-leva-1-ouro-do-brasil.html
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