Quando o carro sai da estrada, ele sai capotando morro abaixo e quando se choca com uma reentrância do morro, bate, sobe e adquire mais velocidade.
No próximo choque com a encosta, o choque é mais violento e a velocidade se acelera ainda mais.
Até se esborrachar lá embaixo.
Foi o que aconteceu com as instituições.
O que provocou a capotagem foi retirar o pilar que sustenta o carro da Democracia.
É o respeito à soberania popular, o que, no presidencialismo, significa respeitar o mandato do Presidente da República eleito pelo povo em voto livre e secreto.
Não se trata de preservar o mandato de “a” ou “b”, mas o princípio central que organiza as instituições do país.
Se alguém trinca o sistema na sua base, se este princípio é violado, o todo se parte – e se esborracha lá embaixo, em destroços que não se recompõem mais.
As instituições públicas se desgovernaram porque o carro principal capotou e com ele capotaram todos: Justiça, Ministério Público, Executivo, Legislativo.
Estão em pedaços.
O Presidente do Senado desqualifica uma decisão do Presidente da Câmara com o argumento de que foi “uma brincadeira”.
Um ministro do Supremo diz que a decisão do Presidente de uma casa do Legislativo não passa de “uma operação Tabajara”!
(O Presidente da Câmara não é o energúmeno que o PiG descreveu. Waldir Maranhão foi Reitor da Universidade Estadual do Maranhão. Se fosse mais branco e tivesse um sobrenome ítalo/paulista, ou um germânico/gaúcho não teria sido vítima de discriminação, como foi!)
E tudo agora se faz sem a mínima formalidade, um mínimo de decoro que não arranhasse pelo menos o verniz.
Não há perspectiva.
As instituições foram todas desqualificadas na capotagem.
O Brasil está submetido ao alvedrio, à vontade, aos interesses muitas vezes inconfessáveis dos que, momentaneamente, estão à frente das instituições apodrecidas.
Prevalecem o cinismo e a hipocrisia.
O Eduardo Cunha tem o direito de destituir a Presidenta da República, sem crime de responsabilidade.
Mas, o Flávio Dino não pode conversar com o deputado federal de seu Estado, o Maranhão, no exercício da Presidência da Câmara.
Os dois, Dino e Maranhão, por acaso, no exercício de seus mandatos conferidos pelo voto!
Só tem uma saída!
Eleição!
Como fazer a eleição?
Isso é o que menos importa.
Como?
Alguém acha o caminho.
O importante é que a eleição já está nas ruas.
Com plebiscito, sem plebiscito, com PEC, sem PEC.
Com Dilma, sem Dilma.
Vai ter eleição.
O Temer não tem como formar um ministério.
Tem mais gente que recusou ser ministro do que gente que aceitou ser ministro.
Como chegar ao Palácio para despachar com o Presidente e sentar na mesa com os ministros da Casa?
O Jucá, com o Geddel, com o Eliseu Padilha - que o ACM chamou de Eliseu “Quadrilha” e ele jamais processou o ACM - e o
gatinho angorá, que mereceu do FHC, segundo o ACM, uma descrição definitiva: “o Moreira não pode ficar em lugar que tenha cofre”.
E ele jamais processou o FHC – ou o ACM.
E todos esses somados não têm voto de suplente de vereador.
O Temer já demonstrou que não sabe o que faz.
Não tem estatura moral nem política para chefiar a Nação que está destroçada na base da ribanceira.
Temer está mais para Carlos Luz – que foi presidente por três dias – do que para Café Filho, que traiu Vargas e se encontra na lata de lixo da Historia.
A eleição não depende mais de a Dilma assumir a responsabilidade histórica de dar um significado político à derrota, como fez Vargas.
Ela está na chapa do Temer, na verdade.
Dilma também não esteve à altura da crise.
Como diz o Delfim, quando resolveu – sabe-se lá por quê – desapoiá-la: não existe Presidencialismo sem Presidente!
A eleição se fará com ela, sem ela, com PEC, ou com plebiscito.
Não tem alternativa.
A ingovernabilidade é total!
As lideranças políticas sobreviventes – por onde anda o Lula? -, no Congresso, no Supremo encontrarão uma forma.
A forma é o de menos.
A eleição já está nas ruas.
Paulo Henrique Amorim