Delegado Cleber Ferreira apresenta o inquérito à imprensa nesta terça-feira (Foto: Paula Menezes)
Conforme o delegado regional de Porto Alegre, Cleber Ferreira, oito pessoas foram identificadas cometendo supostas injúrias contra o goleiro do Santos, porém, quatro deles foram indiciados. Patrícia Moreira, a jovem que foi flagrada por câmeras de TV gritando a palavra "macaco" está entre os indiciados. Além de Patrícia, Éder Braga, Rodrigo Rychter e Fernando Ascal foram indiciados pela polícia.
O último ainda foi indiciado por furto, por ter levado o boné de um segurança no dia da partida. Os torcedores foram identificados através de imagens das câmeras de segurança do estádio e depoimentos.
- Inicialmente, a equipe da delegacia buscou imagens de vídeo. Localizou as residências. E chamou eles. Só um deles nega que proferiu as palavras - disse o delegado Cleber Ferreira.
Fonoaudiólogas também participam da entrevista coletiva (Foto: Paula Menezes/GloboEsporte.com)
- Vamos seguir nas investigações. Podem ser identificados até mais que outros quatro, cinco ou seis. O número pode aumentar - diz o delegado.
A pena para injúria racial é de um a três anos de reclusão. O delegado afirma, porém, que a Justiça irá decidir quem irá cumprir pena e quais torcedores terão de se apresentar em delegacias em horários de jogos.
Fonoaudiólogas foram acionadas para fazer a leitura labial e corporal dos torcedores identificados nas imagens,
- Além da palavra macaco, um dos torcedores falou a palavra "preto". Outros imitavam um macaco, outros tocavam na pele indicando a cor - afirmou a fonoaudióloga Débora Saltiel.
De acordo com a polícia, foram analisadas mais de três horas de gravação. As autoridades afirmam polícia afirma que as investigações vão continuar para identificar nome e endereço dos outros quatro torcedores flagrados que acabaram não sendo indiciados.
Patrícia Moreira foi flagrada ao gritar 'macaco' para o goleiro Aranha, do Santos (Foto: Reprodução/ESPN)
O incidente ocorreu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O juiz mandou a partida seguir, mesmo sendo alertado por jogadores do Santos dos incidentes que ocorriam fora de campo.
A jovem mostrada pelas imagens do canal ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia no dia seguinte à partida. A torcedora, que deixou a casa onde morava, teve parte da residência incendiada por um jovem que confessou o crime.
O clube recorreu ao pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para tentar reverter a exclusão da Copa do Brasil. No julgamento na sexta-feira, porém, o STJD decidiu manter parcialmente a decisão da 3ª comissão disciplinar que retirou o time da competição. Os auditores votaram contra a exclusão e decidiram punir os gaúchos com a perda de pontos, o que acarretou na eliminação da equipe, já que esta havia perdido a partida de ida para o Santos por 2 a 0, pelas oitavas.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/rs/noticia/2014/09/policia-indicia-patricia-moreira-e-outros-tres-por-injurias-raciais-na-arena.html