- Mesmo nos jogos que ele não é relacionado, o Gabriel vai à Vila rezar com o pessoal. A gente até achou estranho, porque ele tinha treinado de manhã e no começo da tarde, tomou banho e ficou jogando no videogame. Eu nem imaginava que ele fosse entrar no jogo. Mas, como o Claudinei (Oliveira, técnico) disse, foi uma coisa de Deus. Quando tem de acontecer, acontece. De repente, entrou lá e fez o gol. Quando chegamos em casa, eu disse a ele que aquilo era fruto do trabalho. Ele é muito guerreiro, trabalhador, empenhado – declara o pai, emocionado, ao GLOBOESPORTE.COM.
No momento do gol, marcado aos 36 minutos da etapa final, após jogada de Montillo, um filme passou na cabeça de Valdemir e da família de Gabriel, com cenas do tempo que o garoto, ainda na base do São Paulo, no início dos anos 2000, dependia de três conduções para deixar São Bernardo do Campo, no ABC, e treinar no Tricolor. Imagens, também, de quando o atacante desceu a serra e veio morar em Santos para atuar no clube do coração, em 2004, depois de brilhar em um jogo de futsal contra o próprio Peixe.
- A família é toda santista, então é uma emoção que não tem preço. Na época do São Paulo, minha esposa é que levava o Gabriel aos treinos, porque eu estava trabalhando. Às vezes, não dava para pagar a condução, então a gente tinha de pegar emprestado com amigos. Aqui em Santos, era tudo mais perto. A Vila é próxima, o CT é próximo - recorda.
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O detalhe é que Gabriel, dono de uma multa rescisória de € 50 milhões (R$ 160 milhões), pouco vinha sendo relacionado no Santos. A última vez tinha sido no fatídico 8 a 0 sofrido para o Barcelona, há quase três semanas. Mesmo contra Corinthians e Vasco, partidas disputadas na Vila e para as quais o Peixe vinha levando um número maior de opções no banco, ele sequer ficou na reserva. O garoto, admite Valdemir, já estava até ficando triste...- Chamado às pressas, Gabigol dá vitória ao Santos contra o Grêmio
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- Em casa, nós conversamos, dizemos para ele trabalhar bastante, porque é pelos treinos que o Claudinei vai analisar se ele poderá jogar. É também a hora de respeitar o momento dos outros meninos, como Neilton, Giva e o Leandrinho. Claro que ele (Gabriel) tem vontade de jogar, mas sem abaixar a cabeça. Até porque, nas vezes que ele tinha entrado em campo, foi bem. O Gabriel soube levar. Trabalhou e mostrou serviço - conta.
O curioso é que apesar do feito de Gabriel, a comemoração pós-primeiro gol foi tímida: uma pizza, em casa, com a família – sem esquecer, claro, de agradecer aos telefonemas de amigos e parentes parabenizando-o pelo gol. Mas a justificativa pela festa ser pequena é plausível: nesta quinta-feira, o atacante já retoma os treinos, visando ao jogo deste sábado, às 18h30m (de Brasília), contra o Vitória, na Vila Belmiro, pela 16ª rodada do Brasileirão.
O momento, como um todo, é mágico na vida de Gabriel – que, aliás, comemora 17 anos no próximo dia 30. Um dia antes de ir às redes diante do Grêmio, o santista foi convocado, pelo técnico Alexandre Gallo, para uma série de atividades com a seleção brasileira sub-17, de olho no Mundial da categoria. A hora, no entanto, também é de foco.
- Eu sempre digo para o Gabriel que o futebol é feito de gols, e isso a gente sabe que é o que ele mais gosta de fazer. Foi só o primeiro (gol). É momento de continuar trabalhando – conclui Valdemir.
Gabriel vibra com primeiro gol vestindo a camisa do Santos (Foto: Ivan Storti / Divulgação Santos FC)