Esporte
Obras, atrasos e indefinições: as arenas a 1.000 dias dos Jogos do Rio
Parque Olímpico ganha mirante, Deodoro está atrasado, campo de golfe pode ter obras paralisadas, e preocupação com legado atinge Marina e Estádio de Remo
Por Leonardo FilipoRio de Janeiro
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Do alto de um mirante levantado a partir da estrutura metálica de uma arquibancada do antigo autódromo de Jacarepaguá tem-se a visão do que será o Parque Olímpico do Rio 2016. Por enquanto, a paisagem da área de 1,18 milhão de metros quadrados, tamanho do bairro do Leme, na Zona Sul da cidade, é formada por grandes descampados e montes de terra e de concreto por onde circulam 1.700 operários, caminhões e escavadeiras. Lá começaram a ser levantadas nove instalações que formarão o “coração dos Jogos” ao lado do Parque Aquático Maria Lenk e da Arena Olímpica. As obras do Parque Olímpico tiveram início em julho deste ano e têm previsão de conclusão para o segundo semestre de 2015, exceto o Centro Aquático, previsto para o primeiro trimestre do ano seguinte. Vila Olímpica está 20% pronta, com três dos 31 prédios quase concluídos. Outras instalações olímpicas estão em fase de reforma, início de obra ou à espera de licitações. O complexo esportivo de Deodoro, segunda área mais importante do Rio 2016, terá obras a partir do próximo ano e corre o risco de ficar pronto só dois meses antes dos Jogos. A exatos 1.000 dias para o início das Olimpíadas, o GLOBOESPORTE.COM traça um panorama do andamento das obras das arenas esportivas. Confira.
Obras do Centro Aquático do Parque Olímpico a 1.000
dias dos Jogos 2016 (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Parque OlímpicoDele farão parte, além dos já existentes Parque Aquático Maria Lenk e Arena Olímpica, mais sete estruturas: Centro de Tênis (R$ 164,8 milhões), Velódromo (R$136,9 milhões), Arena de Handebol e Centro Aquático (os dois ainda em licitação e temporários) - todos com investimento do Governo Federal. Completam os três Pavilhões Esportivos mais o Centro Internacional de Transmissão (IBC) e o Centro Principal de Imprensa (MPC), construídos pela Parceria Público Privada. O investimento inclui toda a infraestrutura do Parque e sua manutenção por 15 anos, a infraestrutura da Vila dos Atletas, a construção de um hotel, do IBC e do MPC. O valor total da PPP é de R$1,3 bilhão.
Confira as imagens das obras do Parque Olímpico dos Jogos de 2016
Obras de infraestrutura – redes de drenagem, água, esgoto, incêndio e elétrica – estão dentro do cronograma. A terraplanagem encontra-se em fase final. As primeiras estacas do IBC e do MPC despontam. Em um dos três Pavilhões Esportivos, o solo foi perfurado para que parte das bases de sustentação fossem instaladas. Uma placa azul no meio de um descampado sinaliza o local do Centro de Tênis. Mais ao fundo, à direita, operários instalam as tubulações do Centro Aquático, onde Cesar Cielo tentará subir ao pódio novamente.
As primeiras tacadas no futuro campo de golfe do Rio 2016 (Foto: J. P. Engelbrecht / Site oficial)
Campo de golfe
A área de 58 mil metros quadrados pertence ao empresário Pascole Mauro, um dos maiores proprietários de terrenos da Barra da Tijuca. Parte dela estava degradada pela extração de areia antes de virar uma Área de Proteção Ambiental (APA). Para autorizar a construção do campo de golfe (estimado em R$ 60 milhões, da iniciativa privada), o italiano foi beneficiado com a aprovação de uma lei complementar pela Câmara dos Vereadores no final do ano passado. A construção de hotéis e condomínios foi autorizada, e o gabarito aumentou de seis para 22 andares. Tudo com o aval da Secretaria de Municipal de Meio Ambiente. A ONG ambiental Sociedade do Bem entrou com uma ação cível e outra no Ministério Público Estadual para tentar paralisar as obras até que um estudo de impacto ambiental e um plano de manejo sejam feitos. A organização também pede uma audiência pública sobre a instalação do campo de golfe. Até agora, as tentativas não tiveram resposta.
O projeto da Marina da Glória para 2016: instalações temporárias (Foto: Divulgação)
Marina da Glória (vela)
O imbróglio na concessão do local não vai atrapalhar os planos para as Olimpíadas, segundo a Empresa Olímpica Municipal. Em setembro, a MGX de Eike Batista, que pretendia construir um centro de convenções e ampliar o estacionamento, passou o controle do local para a BR Marinas. O negócio foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, mas pode ser suspenso pela Procuradoria Geral do Município, já que por lei uma concessão não pode ser passada sem uma série de autorizações. A Associação dos Usuários da Marina da Glória teme que o local perca a sua função principal de servir aos donos de embarcações. Como os Jogos poderão ser disputados com instalações temporárias, os velejadores temem a ausência de um legado. Outro temor é com a Baía de Guanabara. Um plano do governo estadual prevê a despoluição de 80% das águas até 2016. Se não for bem-sucedido, a apossibilidade de um barco ser prejudicado pelo lixo durante uma regata olímpica é real. Estádio de Remo: preocupação com o legado (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)
Estádio de Remo da Lagoa
(remo e canoagem de velocidade)O legado dos Jogos também preocupa. Atletas e Confederação Brasileira de Remo (CBR), sediada no local, pedem a ampliação do espaço para depois de 2016. Nas Olimpíadas, terrenos ao redor serão suficientes para abrigar as embarcações, como o heliporto, o Parque dos Patins e o terreno onde funcionava uma academia. Neste último, onde a prefeitura pretende construir uma área para esportes radicais, a CBR pleiteia parte do espaço para construir um alojamento para atletas, uma área de descanso e uma academia mais ampla do que a atual. Um novo partidor será construído para a largada dos barcos. A torre de chegada será destruída e uma nova será levantada em outro lugar para que a área de escape após a chegada seja ampliada.Arquibancadas flutuantes serão instaladas para ampliar o público durante os Jogos. Segunda quadra de aquecimento em estudos no Maracanãzinho (Foto: Alexandre Arruda/CBV )
Maracanãzinho (vôlei) Ainda não se sabe onde será construída a segunda quadra de aquecimento, que seria levantada no lugar da escola municipal Friedenreich. A instituição escapou de ser demolida, na mesma leva de decisões que salvaram o Parque Aquático Júlio De Lamare e o (soterrado) Estádio de Atletismo Célio de Barros. De acordo com o governo do Estado, estão sendo feitos estudos para viabilizar a exigência da Federação Internacional de Vôlei. Maracanã (cerimônias de abertura e encerramento e futebol)Passará por adaptações para as cerimônias por meio de instalações temporárias. A principal e que desperta mais curiosidade: onde será colocada a pira olímpica?
Engenhão em obras: coberturas serão pinçadas do lado de fora (Foto: Thales Soares)
Engenhão (atletismo)Foi interditado em março deste ano por problemas na cobertura. As obras começaram em julho e de acordo com a Prefeitura têm previsão de conclusão para novembro de 2014. A cobertura será pinçada por dois cabos estaiados que serão instalados do lado de fora do estádio e vão distribuir a carga das estruturas comprometidas. O entorno do Engenhão também vai receber obras de R$ 120 milhões. Em 2015, a capacidade será aumentada para 60 mil pessoas para os Jogos Olímpicos através de estruturas provisórias, sem que haja necessidade de novo fechamento, segundo a Prefeitura (saiba mais sobre a atual situação do estádio).
Parque Aquático Júlio de Lamare (polo aquático)Salvo da demolição, foi reaberto esta semana e ainda virou sede das partidas preliminares do polo aquático do Rio 2016. O ginásio para treinamentos dos saltos ornamentais, porém, não escapou e foi derrubado em abril. Será preciso reconstruir um novo em outro espaço, provavelmente quando o parque for fechado outra vez para reformas visando aos Jogos.londres a mil dias das olimpíadas de 2012
Estádio de Londres: metade do Parque Olímpico feito a 1.000 dias (Foto: agência Getty Images)
Uma queima de fogos no centro de Londres marcou a contagem regressiva dos 1.000 dias para as Olimpíadas de 2012, no dia 31 de outubro de 2009. Quando Londres foi escolhida sede olímpica, em 2005, cerca de 60% dos locais de competição já estavam prontos. Faltando 1.000 dias, os obras do Parque Olímpico chegavam a 50%. O telhado em forma de onda do parque aquático seria concluído no final daquele ano. A tempestade econômica mundial não diminuiu o ritmo das obras. Porém, os planos de financiar as construções da Vila Olímpica e do centro de mídia e transmissão através da iniciativa privada foram frustrados pela falta de crédito. O que não está acontecendo no Rio, onde tais instalações estão sendo feitas em parcerias público-privadas (PPP).
Na ocasião dos 1.000 dias para os Jogos de Londres, o presidente do Comitê Organizador, Sebastian Coe, adotava um tom otimista.
- Estamos exatamente onde queríamos estar, se não estivermos um pouco à frente. Temos muito trabalho para fazer, mas estamos animados.
Na costa sul inglesa, a reforma da Academia Nacional de Vela, na baía de Weymouth, estava prestes a ficar pronta. Dois esportes ainda não tinham local definido. Para evitar gastos com uma arena temporária, o Comitê Organizador havia sugerido levar o badminton e a ginástica rítmica para a Wembley Arena, em vez de levantar instalações temporárias. Faltava a aprovação do COI. A conclusão das primeiras obras ficaria para o ano seguinte. Nos transportes, cinco novas estações de trem seriam construídas. Diferentemente do Rio, onde chegou a ter a sua participação esvaziada, a Autoridade Pública Olímpica londrina funcionava a pleno vapor.FONTE:http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2013/11/obras-atrasos-e-indefinicoes-arenas-1000-dias-dos-jogos-do-rio.html
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