No 'lado B' do tênis, brasileiros têm rotina com menos dinheiro e regalias
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No 'lado B' do tênis, brasileiros têm rotina com menos dinheiro e regalias


Bruno Soares diz que privilégios para tenistas de simples podem atrapalhar programação de duplas; Marcelo Melo encara diferenças com naturalidade

Por Matheus Tibúrcio Rio de Janeiro

Dois tenistas brasileiros vêm sendo protagonistas nas quadras mundo afora na atual temporada. Separados, os duplistas Bruno Soares e Marcelo Melo foram vice-campeões de dois Grand Slams (US Open e Wimbledon, respectivamente) e conquistaram pela primeira vez um Masters 1.000 (Montreal e Xangai, respectivamente). Enquanto o país tem dois representantes no Top 10 do ranking de duplas da ATP - Soares é 3º e Melo, 8º - não há sequer um no Top 100 de simples. Apesar dos importantes feitos e do reconhecimento dentro do mundo do tênis, o caminho percorrido pelos mineiros envolveu menos retorno financeiro, menos partidas diante do grande público e até menos regalias.

Bruno Soares e Alexander Peya contra irmãos Bryan Masters 1000 de Madri (Foto: EFE) 
Duplistas campeões de Grand Slam chegam a receber 11 vezes menos
que vencedor na simples (Foto: EFE)
 
Primeiro dos dois a chegar a uma decisão de Grand Slam em duplas masculinas, Marcelo Melo jogou apenas uma partida na quadra central do All England Club, em Londres. Foi justamente a decisão contra os gêmeos americanos Bob e Mike Bryan. Nas semifinais, ele e o parceiro Ivan Dodig atuaram no terceiro estádio de maior capacidade do complexo.

Local e horário dos jogos Marcelo Melo em Wimbledon Bruno Soares no US Open
Primeira rodada Quadra 15, 11h30m Quadra 4, 19h00m
Segunda rodada Quadra 5,
2º jogo
Quadra 11, 13h30m
Oitavas Quadra 18, 3º jogo Quadra 11, 11h00m
Quartas Quadra 3,
2º jogo
Quadra 17, 12h00m
Semis Quadra 2,
2º jogo
Louis Armstrong, 2º jogo
Final Quadra central, 2º jogo Arthur Ashe, 12h30m

Com Bruno Soares, aconteceu praticamente o mesmo. A final contra Leander Paes e Radek Stepanek em Nova York foi o único jogo que ele e o companheiro Alexander Peya fizeram no estádio Arthur Ashe, o principal de Flushing Meadows e maior estádio de tênis do mundo, com capacidade para aproximadamente 23,2 mil espectadores. A segunda melhor dupla da temporada disputou as semifinais na quadra Louis Armstrong, a segunda maior do complexo, mas o restante dos compromissos foram todos em locais mais acanhados.

A principal vilã, no ponto de vista dos duplistas, são as emissoras locais de televisão, que buscam audiência em cima das partidas dos grandes tenistas do circuito e por vezes chegam a prejudicar os outros atletas.

- Em Grand Slam é complicado. É difícil colocar todo mundo para jogar na quadra central até a final. Isso eu entendo. Mas há certas horas que as pessoas cometem alguns erros nas programações. Foi o que aconteceu comigo em Roland Garros. Por descuido da organização, acabou embolando. Às vezes, eles precisam ter mais atenção e muitas vezes acho que têm que ser negado alguns pedidos. Um dia, a TV (francesa) fez uma solicitação para que o jogo entre Djokovic e Dimitrov fosse à noite, e eu acabei tendo seis dias de distância entre a primeira e a segunda rodada por causa disso. Um jogo acaba influenciando todo mundo - disse Bruno Soares.

Em torneios de menor nível, a participação em quadra principal é bem mais comum. Na estreia no ATP 250 de Viena, na Áustria, por exemplo, Soares e Peya fecharam a programação do dia justamente na mais importante quadra do complexo.

Privilégios discrepantes, mas respeito igual
Não é só na programação que os duplistas levam a pior. A premiação para os tenistas de simples também é bem superior. O montante arrecadado por um campeão de US Open, por exemplo, é 11 vezes maior que a quantia embolsada pelos campeões nas duplas (se a parceria dividir meio a meio o prêmio pelo título). Em Roland Garros, onde as gratificações são as mais próximas dentre os quatro Grand Slams, essa diferença é de oito vezes.

premiação grand slams tênis 2013 (Foto: ITF)

Nem mesmo os irmãos Bryan, que conquistaram três Grand Slams neste ano (Aberto da Austrália, Roland Garros e Wimbledon), conseguiram encher o bolso tanto quanto os principais tenistas que jogam na simples. Segundo dados da ATP do dia 21 de outubro, cada um dos gêmeos ganhou aproximadamente US$1,4 milhão, muito abaixo dos cerca de US$10,9 milhões faturados por Nadal. Inclusive, este dinheiro embolsado pelo espanhol na temporada é praticamente o mesmo arrecadado em toda a carreira por cada um dos irmãos de 35 anos.

Total de prêmios em jogos de simples Total de prêmios em jogos de duplas
Nadal $10.870.089 $1.395.043 Bob Bryan
Djokovic $8.542.587 $1.395.043 Mike Bryan
Murray $5.366.225 $588,706 Bruno Soares
 - O cenário da dupla é assim há muito tempo. A premiação sempre foi assim. A dupla é uma modalidade diferente da simples. A simples está em outro patamar. A dupla é diferente, que por motivos outros, não tem a mesma valorização e acho que nunca vai ter. No circuito há um respeito, principalmente dos tops e dos caras que jogam também a simples, pela dificuldade de jogar grandes torneios em alto nível nas duplas. E quem é fã de tênis gosta demais das duplas. Nos clubes, no cenário amador, a dupla é jogada em muito mais quantidade que a simples. Mas a nível geral e para os leigos, isso já é bem diferente - avaliou Bruno.

Fora a maior preferência na quadra central e a maior premiação, alguns tenistas de simples ainda recebem mimos nos torneios. Os principais astros - como Novak Djokovic, Roger Federer, Rafael Nadal, Andy Murray - e estrelas - como Serena Williams, Maria Sharapova e Victoria Azarenka - são agraciados com os mais diversos presentes possíveis. Quando jogou o Aberto do Brasil, em fevereiro, Nadal ficou hospedado em uma luxuosa cobertura em São Paulo. Federer ganhou uma vaca de presente dos organizadores do ATP de Gstaad, na Suíça. E Djokovic e outros tops tinham vestiário personalizado no Masters 1.000 de Xangai.

- Todos temos o mesmo tratamento, desde a comida até o hotel. Claro que os tops, como no caso do Federer, devem ficar em quartos maiores, mas isso, no meu ponto de vista, é mais do que normal acontecer - apontou Marcelo Melo.

Mosaico privilégios dos astros do tênis mundial (Foto: Editoria de Arte) 
Vestiário pessoal, presentes e suítes luxuosas: alguns dos
privilégios dos tops (Foto: Editoria de Arte)
 
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/tenis/noticia/2013/10/no-lado-b-do-tenis-brasileiros-tem-rotina-com-menos-dinheiro-e-regalias.html



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