Neymar gera 'boom' de receitas, mas possível saída causa desconfiança

O Santos surfou a "onda Neymar" desde a estreia do garoto como profissional, em 2009. No período, a marca do clube quase triplicou de valor: saiu de R$ 135,1 milhões para R$ 377,4 milhões, de acordo com estudo da BDO Auditores Independentes. Crescimento também alavancado até 2012 pela evolução nas receitas de TV (219%) e patrocínio (182%), duas das principais fontes de renda do clube (veja na tabela abaixo).

No entanto, esse jogo começa a virar. Com a possível saída do craque já no meio deste ano, o Peixe enfrenta dificuldades para acertar com novas marcas para o seu uniforme.

"Neymar vai ficar?" A pergunta feita nas mesas de negociação por empresas interessadas em patrocinar o Santos é constante há algum tempo. Agora, depois de o clube tomar pela primeira vez uma atitude com relação à venda do camisa 11, com a viagem do vice-presidente Odílio Rodrigues à Espanha, de onde já retornou após ouvir propostas dos times interessados, a questão ganha mais força.

Internamente admite-se que a possibilidade da saída imediata de Neymar atrapalha o clube, sem um patrocinador master desde o fim da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Durante esse tempo, o Peixe preencheu o espaço vago no uniforme com acordos pontuais, como com a Philco, válido até o fim do Paulistão, e divulgando marcas do próprio clube.

Além da possibilidade real de saída de Neymar, eleito pelo segundo ano consecutivo como o atleta com maior valor comercial no mundo, de acordo com um ranking elaborado pela revista "SportsPro", a retração do mercado é outro motivo para a falta de patrocínio. Mas mesmo assim o Santos luta para não diminuir a meta de arrecadar R$ 22 milhões no principal espaço do uniforme. O objetivo é não descrescer dos R$ 20 milhões arrecadados com o BMG. Por isso, o time chega a maio ainda de camisa limpa.

O Peixe esperava ter esta receita neste momento da temporada, e admite que a questão financeira atrasa o planejamento do clube.

- Atrapalha. Nós contávamos com esses patrocínios (master e mangas), é um dinheiro que deixa de entrar todo mês. Tem influência direta no futebol, mas não deixamos de fazer nada por conta disso, nem perdemos oportunidades de negócio. Estamos lutando para não perder. Esperamos que esse patrocínio saia logo para minimizar o impacto disso no futebol e o fluxo voltar ao normal - diz Felipe Faro, superintendente de esportes.

Até o momento, o Peixe recebe cerca de R$ 12 milhões com CSU (números), Seara (omoplata), Corr Plastik (barras da camisa e calções) e Minds Idiomas (próximo ao colarinho, espaço novo). No início do ano, a meta era chegar perto dos R$ 40 milhões na soma dos acordos apenas do futebol profissional (sem incluir outros setores do clube). Se Neymar realmente sair, dificilmente o objetivo será alcançado.

* Fonte:  BDO Auditores Independentes
** Fonte: Santos FC
*** Fonte: Santos FC