Há vida sem Neymar. E agora fora da Vila Belmiro. Nesta quarta-feira, o Santos teve de jogar novamente sem o seu craque, convocado para defender a seleção brasileira em amistosos, e conquistou algo inédito em sua campanha nesta edição do Campeonato Brasileiro. Contra o Botafogo, no Engenhão, em jogo da 29ª rodada, o Peixe conseguiu a primeira vitória fora de casa sem o camisa 11. O triunfo por 2 a 0, gols de André e Miralles, foi o quarto da equipe de Muricy Ramalho como visitante. Antes, havia derrotado Palmeiras, Coritiba e Figueirense, mas sempre com seu principal jogador em campo. Agora, a equipe está em décimo na tabela, com 38 pontos, mais distante da zona de rebaixamento. O Santos encerra uma série de três partidas sem vencer.
- Estou feliz pelo gol e pela vitória do grupo. O Muricy falou que seria importante ganhar sem o Neymar. Está aí para quem falava que a gente não ganhava sem ele. Esta é a resposta - disse André, atacante do Santos, em entrevista ao "PFC". saiba mais - Confira a classificação do Brasileirão
- Confira como foi o Tempo Real do jogo
O Botafogo, por sua vez, vê sua série negativa aumentar. São seis partidas sem uma vitória sequer. Depois de um primeiro tempo em que foi muito superior e acertou duas bolas na trave com Elkeson, o time de Oswaldo de Oliveira sucumbiu. Apático e com criatividade em nível zero no segundo tempo, o Alvinegro não esboçou reação depois de sofrer os gols e ouviu uma torcida revoltada reclamar nas arquibancadas. Substituto do goleiro Jefferson, também convocado por Mano Menezes, Renan perdeu pela primeira vez depois de 23 partidas (dez vitórias e 13 empates). Desde 2009 o reserva não deixava o campo derrotado. Em oitavo, com 40 pontos, o Glorioso continua a dez do Vasco, quarto colocado, que perdeu por 2 a 0 para o São Paulo, em casa, nesta rodada.
- Fizemos um belo primeiro tempo, mas o segundo foi para esquecer. Criamos várias chances, mas não matamos. Fomos penalizados no segundo tempo porque não fizemos os gols - analisou o meia alvinegro Andrezinho, em entrevista ao "PFC". No próximo domingo, o Botafogo visita o Grêmio, no Olímpico, às 18h30m. O Santos recebe o Vasco, na Vila Belmiro, às 16h.
André, autor do primeiro gol santista, é abraçado por Arouca (Foto: Rudy Trindade / Agência Estado)
Goleada de chances perdidas
A escassez de atacantes no Botafogo transformou o meia Elkeson na principal alternativa ofensiva do time na temporada. Em alguns momentos ele resolveu, tanto que é o artilheiro alvinegro no Brasileirão, com oito gols, mesmo número de Andrezinho. O problema é que a bola do camisa 9 parou de entrar. Sem marcar há um mês, Elkeson teve boas chances de encerrar o jejum no primeiro tempo contra o Santos. Não deu. Nos 45 minutos iniciais, ele parou no goleiro Rafael, na trave e no travessão. Foi assim também com Lucas e Seedorf, que desperdiçaram boas chances.
O Santos sem Neymar, que está na seleção brasileira, mostrou novamente que é um time comum, que limitou-se a destruir e apostou nos contra-ataques pouco efetivos com Arouca, Bernardo, Felipe Anderson, Miralles e André. A equipe da Vila Belmiro passava pouco tempo com a bola e não teve recursos para fugir da marcação alvinegra.
O Peixe esperava brechas, e o Botafogo perdia gols. A equipe carioca criou grandes chances, mas não aproveitou. As melhores delas foram com Elkeson. Na primeira, chute rasteiro defendido por Rafael. Depois, cabeçada na trave. Mais tarde, triangulação com Fellype Gabriel e Seedorf e bola no travessão. Andrezinho e os volantes Gabriel e Jadson apareceram bem na entrada da área. Pelas laterais, Márcio Azevedo e Lucas foram boas alternativas. Pela direita, Lucas quase marcou. O cruzamento desviou em Durval e enganou Rafael, que conseguiu voltar e fez belíssima defesa.
A falta de criatividade e vontade de Bernardo irritou Muricy Ramalho. Tanto que o técnico tirou o camisa 7 aos 37 minutos para a entrada de Henrique. A troca do meia pelo volante foi uma tentativa de diminuir os espaços no meio-campo do time santista, que assustou o goleiro Renan duas vezes. O Botafogo ainda chegou com Andrezinho em chute da entrada da área, mas a bola parou na zaga. Foi a 12ª finalização do Bota na primeira etapa, cinco a mais que o Santos. No primeiro tempo, a goleada do quarto melhor ataque do campeonato, com 41 gols, ficou só na estatística.
Peixe vivo Depois de um primeiro tempo muito superior, de grandes chances criadas e perdidas, o Botafogo se viu em apuros logo no início da etapa final. As táticas não mudaram. O Alvinegro tentou ditar o ritmo e comandar as ações, enquanto o Peixe esperava espaços para contra-atacar. Só que o time de Muricy foi cirúrgico em duas chances e fez 2 a 0. Aos oito, André aproveitou um desvio de Éwerton Páscoa em escanteio cobrado na primeira trave e completou na segunda, sem marcação. Quinto gol do camisa 9 sobre o Botafogo, sua maior vítima na carreira. Três minutos depois, Miralles recebeu ótimo passe de Felipe Anderson, invadiu a área e, na saída de Renan, empurrou para as redes.
No gramado do Engenhão, botafoguenses apáticos e desnorteados. Nas arquibancadas, botafoguenses insatisfeitos e indignados. Os jogadores e o técnico Oswaldo de Oliveira passaram a ser hostilizados com gritos de "time sem vergonha", "fora Oswaldo" e "olé" a cada toque dos santistas. Pediram até o atacante Loco Abreu, que está emprestado ao Figueirense e quase não joga na equipe catarinense. Oswaldo mandou a campo Rafael Marques, tirou Elkeson e ouviu gritos de "burro".
Os números que mostraram a superioridade do Botafogo no primeiro tempo deixaram claro que o cenário mudou completamente no segundo. Quando o relógico marcou 25 minutos da etapa final, o número de finalizações do Santos já era maior: 14 a 13.
O Peixe tocou bola e administrou a vantagem. Os cariocas tentaram, mas o time inteiro caiu de produção. Seedorf errou passes como um jogador comum, Fellype Gabriel cansou e foi substituído por Vitor Júnior, e Andrezinho não conseguiu criar boas jogadas. Foi uma equipe sem fôlego, sem inspiração e que caminha para ficar, mais uma vez, sem a Libertadores.
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