Não basta prender e cassar Cunha: é imperioso devolver a Dilma o que lhe foi tirado por uma conspiração de ladrões liderada pelo rei do cangaço da política nacional.
Isso não deve sair das vistas dos brasileiros neste momento em que fica ainda mais aguda a crise política e moral nacional.
O impeachment é Cunha. É tão viciado, tão canalha, tão desonesto, tão mentiroso quanto Cunha.
Suprimir Cunha, mas manter sua obra magna no campo do gangsterismo, o impeachment, é uma insanidade. É fazer uma obra vital apenas pela metade. É promover somente 50% de justiça num caso que clama 100% ou mais.
Cunha é o símbolo supremo de um sistema político putrefato. Foi eleito pelo dinheiro da plutocracia e fez do Congresso um meio de se tornar abjetamente rico.
Importante lembrar: não fossem as autoridades suíças, que deram de bandeja às brasileiras as provas de contas milionárias de Cunha no exterior, ele seguiria impune. A plutocracia protege os seus: Cunha durante trinta anos foi blindado pela mídia.
E Cunha não é só Cunha. Como foi dito numa das conversas gravadas por Machado, “Temer é Cunha”. São almas gêmeas. Várias coisas os unem. Por exemplo, a Libra, empresa de logística que opera no porto de Santos.
A Libra colocou 591 mil reais na conta da senhora Cunha. Foi doadora expressiva de Temer. E aliados de Temer concederam uma mamata inédita para a Libra: renovaram sua concessão no porto de Santos mesmo com as dívidas da empresa com a União.
Cunha é o impeachment e é Temer.
Tudo isso posto, repito: será um serviço incompleto, miseravelmente incompleto, cassar e prender Cunha sem reparar o mal maior que ele produziu: o afastamento de Dilma e a incineração de 54 millhões de votos.