No Centenário lotado, 60 mil vozes e milhares de bexigas amarelas e pretas regiam a festa. Por mais que os jogadores do Santos tentassem se concentrar, não havia como não olhar e se impressionar com a alegria dos anfitriões. Rafael observou, Elano também, e Neymar recebeu uma vaia enorme quando começou a se aquecer. Os funcionários do Peixe, à beira do gramado, tiraram centenas de fotos como registro do espetáculo. O Globoesporte.com acompanhou de dentro do campo, em Montevidéu, capital do Uruguai, a primeira batalha da final da Libertadores 2011 e relata, de um ângulo especial, a emoção sentida por quem estava envolvido no jogo mais importante do ano para os dois times.
Neymar aqueceu ao lado de Elano, parceiro inseparável nos treinos, e conversou bastante com Zé Love, companheiro de ataque. O camisa 11 do Peixe, pelo menos no pré-jogo, usou um terço, que deixou no vestiário quando entrou em campo para o início da partida. Ele sabia que todos os olhares estariam voltados para seu desempenho. Inclusive os de Muricy Ramalho.
Naquele momento, o Centenário tinha três cores: amarelo, preto e branco, que desenhavam o céu com a fumaça de milhares de fogos e sinalizadores usados pelos "hinchas". E as músicas só tinham um tema: a obsessão pela Taça Libertadores!
No banco de reservas, Muricy Ramalho ficou boa parte do primeiro tempo recolhido, mas apreensivo. Porém, não foi com a atuação do time uruguaio, mas sim com Neymar. Com poucos minutos de jogo, o atacante recebeu cartão amarelo do paraguaio Carlos Amarilla, que alegou simulação de uma falta. Neste momento, o treinador levantou do banco e pediu atenção para o craque santista.
O comandante ficou pouco de pé nos primeiros 45 minutos. Conversou muito com Tata, auxiliar e parceiro desde a época em que era pouco badalado no Brasil, quando dirigia a Portuguesa santista. Mas, aos 30 minutos, ele arregalou os olhos quando Neymar tentou colocar a bola entre as pernas do experiente Dario Rodríguez, foi atropelado pelo defensor e, caído no chão, foi erguido pelo rival pelos braços, em tom de provocação. As atenções estavam realmente voltadas para o astro santista, mas não da forma que Muricy desejava.
- Os árbitros precisam entender que o Neymar é um jogador leve mesmo. Pelo jeito de jogar, indo pra cima dos adversários, é claro que vão derrubá-lo e ele vai cair. Pode, às vezes, não ser falta, mas o árbitro não precisa dar o cartão amarelo - cobrou o comandante, que foi para o intervalo convicto de que teria de tirar seu melhor jogador em poucos minutos.
Ele chutou certinho..."
Muricy
(sobre Zé Love)
(sobre Zé Love)
Mesmo com esta "boa notícia", o segundo tempo foi de muito sofrimento para Muricy, agora por causa do seu time e da pressão do rival. O técnico lamentou a chance perdida por Zé Eduardo, no começo do segundo tempo, em um dos raros momentos de silêncio no Centenário.
- Ele chutou certinho... - desabafou, olhando para seus auxiliares.
Mas Sosa espalmou para escanteio, evitando o primeiro gol do jogo. Na outra oportunidade, quando o goleiro só olhou, a bola foi para fora em cabeçada do mesmo Zé Eduardo, após cruzamento do lado esquerdo de Alex Sandro. Todo o banco de reservas do Peixe se levantou, achando que esta entraria. Mais frustração...
Muricy colocou os reservas no aquecimento aos 15 minutos do segundo tempo. O único atleta que permaneceu no banco foi Charles, cortado da relação na concentração. Edu Dracena, suspenso, acompanhou tudo de perto, mas depois disso teve de assistir ao jogo nas cadeiras reservadas para os convidados da diretoria.
Toda a energia que o comandante poupou na primeira etapa, ao ficar quietinho no banco, gastou no segundo tempo. Muricy não parou: ora levantou para orientar Adriano na marcação de Martinuccio, ora acompanhou a partida na beira do gramado, fazendo seu tradicional gesto de abrir os braços e questionar seus jogadores por algum erro de passe ou de posicionamento.
Muricy não conseguiu ficar sentado no segundo
tempo. Que sofrimento! (Foto: Reuters)
tempo. Que sofrimento! (Foto: Reuters)
A torcida do Peñarol, inflamada, pediu raça nos minutos finais de jogo. Rafael já havia feito uma grande defesa, e Martinuccio atrapalhou minutos antes a conclusão de Oliveira, que escorregou.
Nem mesmo a troca de bombas dos santistas com os torcedores do Peñarol tirou a atenção de Muricy. Quando Carlos Amarilla apitou o fim do primeiro encontro, timidamente o treinador comemorou, e a multidão adversária aplaudiu o seu time. O duelo segue empatado, mas agora, quando o técnico brasileiro pisar no gramado outra vez, o cenário em sua volta vai ser bem diferente.
O encontro está marcado: quarta-feira, no Pacaembu, às 21h50m. Prepare os nervos!
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/santos/noticia/2011/06/na-beira-do-campo-centenario-abriga-batalha-das-sensacoes.html