Os cabelos continuam cacheados e relativamente curtos. O fôlego, construído à base de muito treino físico e bons hábitos, também lembra o do início da carreira. Apenas duas marquinhas em torno dos olhos, quando sorri, e os discursos cada vez mais articulados entregam que a maturidade de Emanuel atingiu uma nova fase. Nesta segunda-feira, o decacampeão do Circuito Mundial comemora 40 anos de uma vida repleta de conquistas. E, com ânimo de novato, o paranaense espera seguir por mais tempo em alto nível para ajudar o vôlei de praia a crescer ainda mais mundialmente.
Emanuel começou no esporte em Curitiba como jogador de quadra. Os pais queriam que ele gastasse a energia que tinha de sobra, e a estatura, hoje de 1,90m, apontava o caminho das quadras. Mas foi nas areias que o rapaz franzino ganhou corpo e tornou-se um dos ícones da modalidade. Ao lado de Zé Marco, conquistou projeção nacional e foi às Olimpíadas pela primeira vez. Com Loiola, quatro anos depois, viveu a experiência de ser favorito e voltar para casa mais cedo nos Jogos de Sydney. Na breve parceria com Tande, também colheu bons frutos.
Para mim não mudou nada. Estou muito mais motivado do que antes"
Emanuel, campeão olímpico e quarentão
Sem sentir o peso da idade de forma negativa, o atleta vê sua evolução em diversos aspectos ao longo dos anos. Acredita que, o que ganhou com a experiência, compensou por muito o que perdeu em vigor físico. E pulsa vibrante da mesma forma, ou até mais, do que tantos outros colegas de profissão em início de carreira.
- Estou muito bem resolvido porque estou chegando aos 40 em uma situação muito parecida como foi a minha vida toda. Estou muito tranquilo, trabalhando bem, e meu corpo está respondendo do jeito que eu preciso. Estou muito feliz, e minha família está me apoiando até hoje. Depois de 20 anos de vôlei eles continuando me ajudando. São essas pequenas coisas que me fazem sentir tão feliz aos 40. Para mim não mudou nada. Estou muito mais motivado do que antes.
Emanuel com a esposa Leila após a conquista da prata em Londres (Foto: Bianca Rothier / TV Globo)
- A primeira das lições para se manter em alto nível é entender seu próprio corpo. Cada um tem seu estilo de jogar, de correr, de dormir e brincar. Tem que entender o que pode fazer para ter mais tranquilidade para jogar. Eu sempre escolhi o caminho da boa alimentação, do descanso, por que eu sabia que eu não era um talento puro, que eu tinha que trabalhar muito. Tudo o que eu fiz foi trabalhado. Eu sabia que tinha que treinar mais que os outros.
Emanuel em cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico,
no Rio (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
no Rio (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
No Brasil, o paranaense ocupa a presidência da comissão de atletas do COB, formada por 14 nomes de 12 diferentes modalidades. Ciente de seu papel como líder, Emanuel quer que suas ações nos bastidores deixem um legado para as futuras gerações, tornando o esporte mais organizado.
- Esse é o caminho natural das minhas próprias escolhas. Eu escolhi sempre fazer o melhor pelo meu esporte, ser sempre um exemplo dentro da quadra. E agora, nessa fase mais madura da minha carreira, eu sinto que tenho que passar isso para fora. Essa minha preocupação de participar de comissões e reunir ideias é, para quando eu parar de jogar, eu conseguir melhorar a vida dos atletas, de dirigentes e patrocinadores.
Lesão de Alison ‘reduz voltagem’
A uma semana da última temporada do Circuito Brasileiro 2012/2013 e a menos de um mês da estreia no Circuito Mundial, Emanuel teve que lidar com a notícia da lesão de seu parceiro. Durante um treino de bloqueios no Centro de Desenvolvimento do vôlei, em Saquarema, Alison sofreu uma luxação no dedo mínimo da mão direita. O Mamute será avaliado pelos médicos ainda esta semana, mas não tem previsão de retorno às quadras.
- Deu uma esfriada na nossa motivação, porque estávamos treinando já há três meses focados no início do Circuito Mundial, em pegar ritmo para defender em julho o título mundial na Polônia. Acho que diminui um pouquinho a voltagem, mas fica ainda aquele negócio de termos tempo para correr atrás. Acredito que, com toda a força que ele (Alison) tem, assim que estiver pronto para jogar, acho que vamos conseguir decolar – disse o jogador, que ainda não sabe ao lado de quem jogará o Open de Brasília, neste fim de semana.
Alison faz treinamento de musculação com a mão imobilizada (Foto: Reprodução/Twitter)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/04/motivado-e-com-novo-foco-emanuel-chega-bem-resolvido-casa-dos-40.html