Mazinho sobre último título do Brasil no Maracanã: 'O povo era mais feliz'
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Mazinho sobre último título do Brasil no Maracanã: 'O povo era mais feliz'


Lateral campeão da Copa América 89 diz que torcida brasileira era muito mais empolgada. Na final contra o Uruguai, 132.743 pagaram ingresso

Por Fred Gomes Rio de Janeiro


Ser campeão pela Seleção no Maracanã realmente deve ser algo indescritível, ainda mais quando o estádio e a euforia com a equipe eram bem maiores. E esse foi o cenário da conquista da Copa América de 1989, a última no antigo Maior do Mundo, segundo a ótica de Mazinho, lateral-direito de um grupo que contava com Romário, Bebeto, Branco e Taffarel, por exemplo. Do pé direito dele saiu a bola que encontrou a cabeça do Baixinho, morreu no fundo do gol e sepultou um jejum de 40 anos na competição sul-americana: 1 a 0 no Uruguai. (Veja imagens do jogo acima)

- Era uma seleção que jogava junto há muito tempo, muito bem entrosada. Iniciamos em Salvador com uma dificuldade muito grande, aquele tumulto com os jogadores. Tinha aquela crítica dos baianos, que queriam jogadores baianos na Seleção. Depois de um início turbulento, pouco a pouco chegamos aos dois jogos importantes no Maracanã, contra a Argentina e a final contra o Uruguai. Lembrar desse lance é uma grande emoção. Quando você participa de um momento histórico na Seleção, você fica feliz da vida. Recebi a bola pela lateral do campo, avancei e cruzei. O Romário se antecipou bem ao zagueiro e fez o gol.


Bebeto, Mazinho e Romário comemoração Copa do Mundo 1994 (Foto: Getty Images)Cinco anos depois, no tetra mundial, Mazinho comemora gol ao lado de Bebeto e Romário, os protagonistas da jogada do gol contra o Uruguai, em 1989 (Foto: Getty Images)
 
É importante destacar os incidentes observados em Salvador, pois, ao ser perguntado sobre o cruzamento, Mazinho, com muito orgulho, fez um resumo da trajetória no torneio, lembrando das dificuldades encontradas logo na estreia contra a Venezuela, na Fonte Nova. Herói do Bahia na conquista do Brasileiro de 1988, o atacante Charles, presente na lista inicial do técnico Sebastião Lazaroni, acabou cortado. Bobô, outro grande destaque do Tricolor na competição, não foi convocado. Resultado: público pequeno (cerca de 13 mil pessoas foram ao jogo) e revolta na arquibancada. Renato Gaúcho, inclusive, foi atingido por um ovo.

Se o primeiro jogo foi conturbado, o último só traz lembranças gostosas. De acordo com o ex-jogador, a atmosfera proporcionada pelos 132.743 pagantes era de arrepiar, fundamental para a vitória. Hoje, inclusive, observa um outro tipo de torcida e afirma que a onda de manifestações pelo país minimiza ainda mais o interesse do povo pelo futebol.

- Era um futebol diferente. Depois que o futebol se tornou empresa, tudo mudou. Era um futebol mais de prazer. As pessoas, com todo o sofrimento que tinham no Brasil, sabiam que o momento ideal para extravasar era no futebol. O pessoal vivia mais o futebol, incentivava mais. O povo era mais feliz, mais alegre, usava mais a camisa. O momento de tumulto e essas passeatas que estão sendo feitas pelas pessoas com todo o direito talvez tenham desmotivado o povo brasileiro com o futebol.

Questionado se torcida e jogadores estavam mais atiçados pelas recorrentes perguntas referentes ao Maracanazzo de 1950, Mazinho garante que isso não mexeu com o grupo. Curiosamente o título da Copa América veio num 16 de julho, mesma data da tragédia ocorrida no Mundial disputado 39 anos antes.

mazinho barcelona (Foto: Thiago Dias / Globoesporte.com) 
 
Lateral consagrado em 89 e volante tetracampeão em 1994, Mazinho hoje é conhecido como o 'pai de Thiago e Rafinha Alcântara' (Foto: Thiago Dias / Globoesporte.com)
 
- Na realidade, da nossa parte a gente não escutava muito dessa situação, não tinham esses comentários. A gente queria era ser campeão. O Uruguai tinha um time excelente, com Ruben Sosa, Ruben Paz, Rodolfo Rodríguez, De Léon (Hugo), Fonseca... Mas nós tínhamos uma seleção fenomenal, que estava num momento muito bom. A gente conseguiu o título através do nosso estádio, da nossa torcida.]

'Espanha é melhor, mas vai dar Brasil'

Na Espanha há muito tempo, onde atuou por sete anos e mora com os filhos Thiago e Rafael Alcântara, ambos jogadores do Barcelona, Mazinho acredita em nova conquista brasileira no Maracanã neste domingo depois de 24 anos. Embora enxergue uma superioridade da Fúria, aposta no histórico de superação do Brasil e destaca o cansaço dos espanhóis provocado pela desgastante semifinal contra a Itália.

- A Espanha atualmente é a melhor seleção do mundo, conquistou isso com o seu conjunto, mas tenho certeza que o Brasil tem tudo para chegar ao seu objetivo. É o Maracanã agora com um novo cenário, um grande jogo. O Brasil sempre inicia mal (as preparações para competições, não a Copa das Confederações, torneio no qual a Seleção tem 100% de aproveitamento) e sempre chega aos seus objetivos. A Espanha vem de uma semifinal muito exigente, com um cansaço tremendo depois de 120 minutos de muita força e desgaste. O Brasil tem que tirar proveito dessa situação.

Naturalizado espanhol, Thiago Alcântara é destaque absoluto da equipe sub-21. Decidiu a final da última Eurocopa da categoria, marcando três gols na vitória por 4 a 2 sobre a Itália. Rafinha, por sua vez, foi convocado recentemente por Gallo para a seleção brasileira sub-20. Ver os filhos em lados opostos seria capaz de dividir o coração de Mazinho? Não.
- Sou brasileiro, vou torcer para o Brasil. Vai dar Brasil! O Brasil está em casa, necessita desse título para melhorar nossa situação e dar alegria a esse povo. É bom para essa Seleção ganhar credibilidade com o povo e começar uma nova era rumo ao Mundial.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/mazinho-sobre-ultimo-titulo-do-brasil-no-maracana-o-povo-era-mais-feliz.html



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