Não teve para ninguém na categoria meio-pesado feminina (78kg) nesta sexta-feira no Mundial de judô da Rússia. Mayra Aguiar passou por todo mundo e conquistou a medalha de ouro depois de bater a francesa Audrey Tcheumeo na decisão. Mas a grande batalha da brasileira foi na semi, diante de sua maior rival, a americana Kayla Harrison. Mayra suou e venceu por wazari em uma luta tensa, com a técnica Rosicléia Campos sendo expulsa.
Com o ouro, a gaúcha de 23 anos se torna a judoca brasileira com o maior número de medalhas em mundiais entre homens e mulheres. No total, são quatro: o ouro deste ano na Rússia, a prata em Tóquio 2010 e os bronzes em Paris 2011 e Rio 2013.
- Foi uma alegria imensa. Não estava acreditando. Em uma conquista assim demora um pouquinho para entender o que aconteceu. Mas a emoção de subir no pódio e escutar o Hino Nacional sempre me emociona. Dessa vez foi realmente difícil segurar o choro porque foi dura a caminhada até chegar aqui. Passei por uma cirurgia no joelho e acreditei realmente que ia ganhar essa medalha. Em nenhum momento achei que não conseguiria. Estava confiante - disse Mayra.
Mayra Aguiar conquista a primeira medalha de ouro do Brasil na Rússia (Foto: Raphael Andriolo)
Esta é a 38ª medalha do Brasil em mundiais. Além de Mayra, fazem parte do seleto grupo de campeões mundiais do país Rafaela Silva (2011), Luciano Corrêa (2007), Tiago Camilo (2007) e João Derly, duas vezes (2005 e 2007), subiram ao degrau mais alto do pódio em competições deste porte.
Após perder a semi para Mayra, Kayla Harrison se recuperou na disputa pelo terceiro lugar e garantiu uma das medalhas de bronze ao derrotar Yahima Ramirez, cubana naturalizada portuguesa. A americana, no entanto, não encarou bem o resultado, chorou depois da luta e fez cara feia no pódio. O outro bronze foi para a eslovena Anamari Velensek, que venceu Kyong Sol, da Coreia do Norte.
Mayra Aguiar comemora após conquistar seu primeiro título mundial de judô em Chelyabinsk (Foto: Raphael Andriolo)
A campanha impecável de Mayra
Em busca da quarta medalha em mundiais, Mayra Aguiar iniciou sua campanha com o pé direito. Contra a italiana Assunta Galeone, um histórico positivo de três vitórias e 100% de aproveitamento. A gaúcha manteve a escrita e venceu mais uma vez. Depois de um wazari, conseguiu um ippon faltando 33 segundos para o fim.
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A luta seguinte foi contra a espanhola Laia Talarn. As duas nunca haviam se enfrentado. Foi um duelo duro. Mais forte, Mayra conseguiu dominar as ações e abriu vantagem com um wazari. Quase no fim, conseguiu outro wazari, mas o juiz voltou atrás e trocou para yuko. Não mudou nada. A gaúcha vencia e avançava às quartas.
Concentrada, Mayra entrou para encarar não só Alena Kachorovskaya como toda a torcida russa na Traktor Arena. Mas a brasileira não se intimidou. Partiu para cima desde o começo e forçou duas punições contra a russa. Em seguida, encaixou um belo kosoto-gari e venceu por ippon, avançando à semifinal.
O duelo contra a arquirrival Kayla Harrison demorou dois anos, mas voltou a acontecer. Desde a semifinal das Olimpíadas de Londres elas não se enfrentavam. E a gaúcha não guardava boas lembranças. Naquela ocasião, perdeu e viu a adversária ser campeã olímpica. Mas na Rússia a história seria diferente. Mayra entrou no tatame com sangue nos olhos e fez, como sempre, um combate duro com Kayla.
Mayra derruba Kayla Harrisonn semifinal do Mundial e se vinga de derrota em Londres 2012 (Foto: Raphael Andriolo)
As duas disputavam a melhor pegada. Quando a brasileira encaixou, conseguiu um yuko e saiu na frente. A americana não parava de oferecer perigo. Foi aí que Mayra se aproveitou de novo e, em contragolpe, ampliou com um wazari. Como sempre nervosa à beira do tatame, a técnica Rosicléia Campos foi expulsa pela juíza da luta. Saiu da área técnica, mas não do espaço da área, onde continuou orientando sua pupila. A arbitragem parou a luta novamente e pediu para Rosi se retirar para o interior do ginásio. Esbravejando muito, ela obedeceu.
Mesmo sem Rosi à vista, Mayra teve paciência para administrar a luta. Recebeu mais uma punição, mas venceu e chegou à final do Mundial. Contra a francesa Tcheumeo, a brasileira manteve a mesma postura agressiva no tatame. Com muita força e habilidade, a gaúcha conseguiu um wazari antes da metade da luta e passou a administrar a vantagem. Mayra ainda levou uma punição antes do fim, mas a essa altura o resultado já estava garantido. O ouro era dela. Aos 23 anos, a gaúcha se tornava a maior medalhista do Brasil na história dos Mundiais.
Brasileira se torna a maior medalhista mundial do judô nacional (Foto: Rafael Burza / CBJ)
Tiago Camilo decepciona, e Bárbara cai para tricampeã mundial
Mais cedo, Tiago Camilo perdeu logo na estreia dos médios (90kg) para o sérvio Dmitri Gerasimenko, 112 do ranking. Fazendo sua estreia em mundiais, Bárbara Timo lutou bem, ganhou a primeira luta, mas perdeu para a colombiana Yuri Alvear, que se tornou na Rússia tricampeã mundial.
Neste sábado, último dia da competição individual, cinco brasileiros estarão em ação. Luciano Corrêa no meio-pesado e David Moura, Rafael Silva, Maria Suelen Altheman e Rochele Nunes no pesado. O SporTV transmite as eliminatórias ao vivo às 2h (de Brasília). As finais são às 8h. O GloboEsporte.com acompanha as finais com brasileiros em Tempo Real.