Segundo relatório produzido pela Operação Lava Jato, uma empresa de fachada, a JFM Engenharia, recebeu pagamentos de três consórcios com contratos milionários com a CPTM, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. As operações ocorreram entre 2010 e 2013, durante os governos dos tucanos José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin.
A CPTM é uma empresa do governo do estado de São Paulo responsável pelo transporte sobre trilhos na região metropolitana.
De acordo com relatório da Receita Federal, durante esses quatro anos, a JFM recebeu cerca de 7,5 milhões de reais de empresas contratadas pela CPTM - entre elas, a Mendes Júnior, empreiteira investigada na Lava Jato. Segundo o mesmo relatório, a JFM recebeu esses valores "sem ter à sua disposição nenhum funcionário empregado ou mesmo prestadores de serviços".
“Todos estes indícios convergem para a conclusão de esta empresa não ter realizado, efetivamente, qualquer prestação de serviços, sendo mais uma pessoa jurídica de fachada utilizada para o pagamento de vantagens indevidas”, declarou a Receita.
A JFM Engenharia também recebeu cerca de 40 mil reais da Focco Engenharia. Um dos sócios da Focco, João Roberto Zaniboni, foi diretor de operações da CPTM entre 1999 e 2003, durante os governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin (ambos do PSDB). Ele também é investigado por envolvimento em um esquema de fraudes em licitações do Metrô e da CPTM entre 1998 e 2008. Em 2010, a justiça da Suíça descobriu que Zaniboni teria recebido 836 mil dólares da Alstom, uma fabricante francesa de trens e equipamentos ferroviários.
Além da Mendes Júnior, outra empresa envolvida nos repasses à JFM é o Consórcio TS, composto pelas empreiteiras SPE Engenharia e Tejofran. Segundo o relatório da Receita, o consórcio teria pago ao menos 430 mil reais à JFM Engenharia.
A Tejofran é uma das empresas investigadas no escândalo do Trensalão, um esquema de fraudes de quase três bilhões de reais nos contratos da CPTM e do Metrô. Como parte dos consórcios TMT e TMT2000, a Tejofran foi uma das responsáveis pelo contrato de manutenção de 78 trens, totalizando 428 milhões de reais.
Após seu desligamento da CPTM, João Roberto Zaniboni trabalhou na Tejofran entre fevereiro e novembro de 2006.
Segundo documentos obtidos pela Polícia Federal e pelo CADE, o esquema era combinado entre as diversas empresas ao menos desde 2011. Os contratos entre os consórcios e o governo do estado foram assinados ao longo de 2013 - mesmo após as primeiras denúncias de corrupção já terem sido feitas em 2012.