"Tiraram os porcos e nos colocaram para jogar". A frase dita por Marcelo Mattos logo após o apito final resumiu o espírito do Botafogo. O gol marcado por Somoza nos acréscimos foi mais do que uma derrota por 2 a 1 que serviu como literalmente uma ducha de água fria – o que seria comprovado alguns minutos mais tarde. Foi o desfecho de uma noite na qual o Alvinegro passou por muitos apuros dentro e fora do campo do Estádio Romiñauhi. Um campo enlameado que, ao lado da atuação da arbitragem e do descontrole emocional de alguns jogadores foram os elementos que compuseram o ambiente vivido pela delegação alvinegra na cidade de Sangolquí, no Equador.
Logo que o Botafogo chegou ao estádio, os jogadores e a comissão técnica foram fazer o reconhecimento do gramado e tiveram um susto: a quantidade de lama, principalmente nas laterais, impressionava. A situação somente piorou depois que um temporal caiu no final do primeiro tempo, transformando o que era um gramado num verdadeiro pasto. A chuva forte também alagou o corredor de acesso do vestiário alvinegro até o gramado, com uma água que se misturou a fios, criando o risco de um choque.
Laterais do campo estavam enlameadas no
Equador (Foto: Gustavo Rotstein)
Durante a partida, a pressão imposta pelo Independiente del Valle e a atuação confusa do trio de arbitragem peruano criaram um clima de instabilidade emocional nos jogadores do Botafogo. Num lance que começou com Dória alegando ter sofrido uma cotovelada – o zagueiro mostrou o lábio inchado –, o time brasileiro perdeu de uma só vez Bolívar e Edílson. O primeiro por cometer falta que originou o segundo cartão amarelo. O lateral-direito, por mais uma reclamação ostensiva em jogos da Libertadores.
Dória exibe o lábio inchado após o jogo
(Foto: Gustavo Rotstein)
Com poucas possibilidades de tocar a bola, por conta do gramado em péssimas condições, e com dois jogadores a menos, o Botafogo se fechou em seu campo defensivo, esperando o empate que naquelas circunstâncias soaria como uma vitória por goleada. Mas o chute certeiro de fora da área chegou como um duro golpe.
No entanto, nem mesmo depois do fim da partida houve possibilidade de relaxar. Como se não bastassem as luzes do vestiário que piscavam sem parar, jogadores e integrantes da comissão técnica sofreram até para tomar banho em chuveiros que jorravam água sem aquecimento, numa noite de um frio de quase dez graus. - Era água de cachoeira - ironizou um dos integrantes da comissão técnica alvinegra, que assim como outros membros da delegação teve de assistir ao jogo no meio dos torcedores adversários, sem direito a uma área reservada.
Corredor de acesso ao vestiário alagado após
temporal (Foto: Gustavo Rotstein)
Ainda no calor da derrota, a primeira reação nas conversas dos membros da delegação era de indignação com as condições oferecidas no Estádio Romiñauhi e, por isso, a vontade de dar o troco no Rio de Janeiro. Mas por fim, todos chegaram à conclusão de que, na próxima terça-feira, o gosto da vitória será ainda melhor se o Independiente del Valle contar com todas as mordomias e um gramado perfeito do Maracanã.
- Campo muito pesado, nas laterais havia lama, as condições não passam nem perto das que a gente oferece. É uma situação que os organizadores da competição têm que cuidar. Não tem situação de igualdade de vir jogar aqui e receber o adversário no Maracanã - disse o técnico Eduardo Hungaro logo após o jogo.
Entrada principal do estádio: pessoas assistem
ao jogo das escadarias (Foto: Gustavo Rotstein)
FONTE:http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2014/03/lama-sangue-e-descontrole-marcam-derrota-do-botafogo-no-equador.html
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