O churrasco gaúcho faz falta para Karine. A levantadora procura em vão aromas e sabores parecidos com os do Brasil, mas Zurique não é famosa por suas iguarias. Ela também não tem muito tempo para deixar a saudade bater com força. Depois de um ano na Europa, Karine dá um tempero verde-amarelo ao Volero Zurich, um time com jogadoras de várias nacionalidades que a fez crescer no vôlei. Mas a frieza suíça fica de lado, e as lembranças do Brasil falam mais alto. A levantadora chora ao encontrar as ex-companheiras do Osasco. Uma amizade que não entrará em quadra no Mundial de Clubes, que começa nesta quarta-feira. A anfitriã dá as boas-vindas, dicas de lugares turísticos, mas a hospitalidade não entrará em quadra.
A levantadora Karine (2) é a anfitriã
das brasileiras em Zurique (Foto:
Arquivo Pessoal)
Foi como ver minha própria família. Jogar contra equipes como Osasco, Sesi e Dinamo Kazan (da Rússia) não é fácil, mas as pretensões do Volero são chegar à final. Vamos lutar por isso - disse Karine.
Karine está adaptada à Suíça e recebe visita do pai (Foto: Arquivo Pessoal)
- Foi um ano bem diferente. O vôlei europeu é muito diferente do que vivenciei no Brasil. O nível da Liga dos Campeões é muito alto. Temos sempre jogadoras olímpicas em quadra. Estava acostumada a vê-las contra a seleção apenas. Eu pude jogar contra a Gamova, contra a Larson. Foi de extrema importância para mim. Jogar contra um bloqueio altíssimo e bem postado foi o que eu mais ganhei - disse Karine.
A sintonia de Karine com o time é afinada até mesmo fora de quadra. Com tantas diferenças culturais em um mesmo time, as jogadoras adotaram o inglês como língua oficial, apesar de a cidade falar alemão. Os costumes se adaptam, e os laços se fortalecem em almoços, jantares e viagens.
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- A língua oficial do time é o inglês, mas nos comunicamos da forma mais rápida possível. São muitas nacionalidades. Isso foi o mais interessante da temporada. Todo mundo tenta se adaptar. Tive de diminuir a explosão em quadra, porque as pessoas aqui são mais frias. As cubanas são mais parecidas conosco. As meninas do Leste da Europa se esforçam para não deixar as relações tão frias. Foi um ano de busca de equilíbrio em todas. Cada uma tem sua história. Foi legal poder perceber as diferenças. Cada uma tem palavra que fala mais. Procuramos traduções. O interessante é essa troca - disse a levantadora.
Volero Zurich tem muitas nacionalidades, e jogadoras se dão bem (Foto: Arquivo Pessoal)
- Como temos dois times brasileiros, não sei o que meu técnico está pensando. Ele tem me perguntado muito sobre os times. Ele sabe que os dois me conhecem bem. Acho que ele fará um revezamento de levantadoras para esconder o jogo. Joguei com o Osasco e com 80% do time do Sesi. É um time que surpreendeu neste ano. Uma arma fortíssima é Ivna. Pode desequilibrar.
Ela tem uma força muito grande no braço. Sempre que ela faz grande partida, o Sesi tem grandes resultados. Suelle também fez uma grande Superliga. Fabiana e Dani Lins têm entrosamento de muitos anos - disse Karine.
O vínculo da levantadora brasileira com o Volero Zurich se encerra pouco depois do Mundial de Clubes. Ela gosta da pontualidade e do respeito dos suíços no dia a dia, mas estuda propostas para voltar à Superliga. Isso ficará em segundo plano nesta semana. Karine se concentra em fazer o papel de anfitriã, mas só fora de quadra.
Com o marido, Karine curte o mirante
de Zurique (Foto: Arquivo Pessoal)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2014/05/karine-cresce-no-zurich-e-faz-o-papel-de-anfitria-no-mundial-de-clubes.html